Loulé - Largo de São Francisco
A Escola Primária da D. Dorila
Aqui neste edificío aprendi a ler, a escrever e a contar. Não havia Magalhães. O quadro era de ardósia, preto. A régua era de madeira e estalava. Os alunos eram um espécie de receptáculos passivos do saber reproduzido pela professora. A resposta às questões por esta colocada, tinham que estar correctas, sob pena de sanção. Os dedos no ar indicavam que só se falava com autorização professoral. Os rios, as montanhas e as passagens de nível de Portugal eram para saber na ponta da língua. A professora mandava, os alunos obedeciam. A autoridade não se discutia. O medo estava omnipresente na sala de aula. A socialização direccionava-se para a ordem, para a obediência e para o não questionamento do que quer que fosse. Qualquer vestígio de uma cultura de participação e de estímulo à criatividade não entrava sequer no espaço do pensável . O regime de Salazar pertectuava-se também através do sistema de ensino. Foi essa herança que aqui fui encontrar. Apesar disto tudo e à luz do contexto da época, considero que a D. Dorila foi uma excelente professora. Era assim a escola "paga" do Largo de São Francisco. Aqui fiz a minha quarta classe. Só depois veio a escola pública. E de São Sebastião "emigrei" para a Campina de Cima. As escolas e a sua localização no espaço urbano davam, nos dias de hoje, pano para mangas, em termos da sua discussão. Mas isso não entra neste post.
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