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sábado, agosto 26, 2006

A culpa é da chuva

Já vamos estando habituados a este tipo de incompetências e irresponsabilidades por parte de alguns dos políticos da nossa praça.

Como já aqui fiz referência a ausência de sensibilidade ambiental da maior parte dos nossos autarcas tem resultado numa catástrofe ambiental para o ordenamento do território na região do Algarve.

Numa época em que siglas como PROTAL,PDM,REN,RAN e outras que tais entraram no vocabulário até do cidadão menos informado, continuamos a recusarmo-nos do ponto de vista político a respeitar as prescrições e as proscrições que tais documentos recomendam e/ou obrigam.

Isso é comprovável pelo continuo abuso de construção em cima das dunas e da água do mar numa boa parte da nossa costa, coisa que me faz uma terrível "confusão" do ponto de vista das decisões e autorizações políticas.

É claro que tal depravação urbana tem que resultar em consequências danosas em termos ambientais.

Desta vez foi em Vale do Lobo. Uma descarga poluente em plena época balnear levou as autoridades ambientais (e muito bem!!!) a retirar a bandeira azul à respectiva praia.

Do lado económico, Van Gelder, o proprietário do empreendimento Vale do Lobo lavou desde logo as suas mãos fazendo como Pôncio Pilatos fez a Jesus Cristo: "Isto é um crime ambiental, temos que apurar responsabilidades e encontrar os responsáveis".

Da autarquia Louletana fez-se como o ministro Sócrates: "A gestão do silêncio é de ouro"..."pelo que nos toca informamos que as ETARS estão a funcionar em pleno".

Os responsáveis pela CCDR ultrapassaram-se a si próprios: "A culpa é da chuva que isto de chover no verão é um ultrage a todos os algarvios".

Para completar o cambalacho, Vale do Lobo, porque acha impensável ficar sem a tão apetitosa bandeira azul encontrou a solução encantatória para o problema: "A malta coloca a bandeira da União Europeia que por acaso também é azul e enganamos os parolos que aqui venham à nossa praia".

Pois é...é o reino da macacada!!!

Mas agora pergunto eu, quem se responsabiliza pelos impactos económicos, ambientais e...de saúde (saúde sim, porque estes não são visíveis nos cálculos económicos e políticos)para as populações que tomam o seu banho em àguas tão agradáveis?

A moda política é passar a mensagem que os defensores do ambiente são os "fundamentalistas" que travam o desenvolvimento económico dito "sustentável" mas parece que os "fundamentalistas" deveriam ser levados em conta em muitas mais situações.

Felizmente os estudos sociológicos indicam que as novas gerações são muito mais inteligentes do ponto de vista ambiental.

Pode ser que por aí o ambiente um dia ganhe o estatuto de cidadania em portugal.

Um abraço ambiental para todos

João Martins

sábado, agosto 12, 2006

A era dos danos "colaterais"

O mundo está mais perigoso do que nunca.

A guerra continua a ser uma instituição social total e com os meios tecnológicos e militares hoje disponíveis a capacidade de destruição em massa e inclusivé o risco de se acabar com a espécie humana é uma probabilidade comtemporânea bem real.

Norbert Elias, sociólogo Alemão, que percorreu em vida quase todo o século XX e assistiu aos horrores da segunda guerra mundial já tinha avisado.

Progredimos espantosamente na capacidade tecnológica e no aparente domínio sobre a natureza não humana, mas pouco evoluimos na capacidade de estabelecermos um entendimento entre os seres humanos.

A capacidade de vivermos harmoniosamente como seres humanos sem fazermos a separação entre um "nós" e os "outros" é infinitamente mais limitada do que a capacidade de destruição nuclear.

O 11 de Setembro de 2001 e as políticas seguidas pela administração Bush de combate ao "terrorismo", atacando estados e nações inteiras, onde se deveria combater apenas os grupos terroristas altamente organizados, veio potencializar o ódio ao "ocidente" e o consequente aumento da capacidade de recrutamento humano dos grupos terroristas espalhados por todo o mundo.

De toda a forma não se percebe muito bem se foram as guerras no Medio Oriente que potencializaram os actos terroristas ou se pelo contrário foi o terrorismo que deu origem à escalada da guerra. Provavelmente a relação é de causalidade circular.

Uma coisa é certa, o mundo mudou. Os actuais acontecimentos, entre os quais o mais recente no aeroporto de Heathrow, vão legitimar políticas de privação das liberdades individuais.

Bilhetes de identidade genéticos. Câmaras de video-vigilância nas casas de banho públicas, centros comerciais, auto-estradas, jogos de futebol, teatros, na ópera e outros que tais. Redes de satélite vigilantes dos mais pequenos movimentos individuais.
Sistemas de vigilância que visualizam seres humanos como vieram ao mundo.

Aviões carregados de civis abatidos em pleno ar pelas autoridades oficiais sempre que houver movimentos suspeitos e violação de espaço aéreo provocando danos "colaterais" (o que só legitima mais a causa dos terroristas que podem sempre dizer que foram "eles" que destruiram os aviões com civis voltando as populações contra os Estados)....o caminho está a ser traçado.


Existe uma visão política mais conservadora que só precisa do pretexto que agora está a ser dado. O Estado Totalitário severamente critícado por George Orwell em 1984 na sua visão do Big Bhother veio para ficar.

Ia para Londres esta semana em férias. Felizmente a agência de viagem conseguiu a alteração de destino a meu pedido.

O paradoxo acentuou-se na minha memória.

Segurança pessoal e colectiva ou liberdades individuais inalienáveis?

Não sei, tenho muitas dúvidas. Raramente tenho certezas e engano-me muitas vezes. Mas estarei disposto a abdicar das minhas liberdades tão duramente conquistadas ao longo da história da humanidade? Não valerá a pena sofrer a infima e dramática probabilidade de um dia, algures no globo terrestre sofrer um atentado?

E o terror será melhor combatido com o terrorismo de Estado?

A assunto está na ordem do dia e esta é uma discussão política em que os cidadãos têm que participar.

Bom fim de semana a todos os cibernautas.

João Martins

terça-feira, agosto 01, 2006

Sinais preocupantes da democracia portuguesa

Os regimes democráticos não sendo isentos de imperfeições caracterizam-se por um tipo de dominação racional-legal como nos ensinou o grande sociólogo Max Weber.

Quer isto dizer que o que legitima a dominação dos dominantes sobre os dominados é a crença na legalidade e nos regulamentos instítuidos pela lei do Estado de Direito.

A separação do cargo do homem que o ocupa é assim uma das traves mestras da legitimidade dos regimes democráticos.

Infelizmente assim não o entendem alguns dos nossos mais conceituados autarcas que têm vindo a público recentemente com afirmações discursivas e práticas sociais muito preocupantes do ponto de vista da vida democrática, demonstrando alguns comportamentos mais conformes com as práticas políticas dos regimes autoritários.

Senão vejamos, Rui Rio "proíbe" a crítica social e política às entidades que sejam apoiadas financeiramente pela autarquia do Porto. Promove desta forma um rebanho de cordeirinhos obedientes pois se dizem o que pensam o "subsídio" da autarquia com toda a certeza que será retirado.

Alberto João Jardim quer um jardim exclusivamente para heterossexuais. Para este "dinossauro" da política portuguesa Sócrates anda a enganar os portugueses pois faz de conta que quer resolver os problemas económico-financeiros do país, mas o que ele quer mesmo fazer, qual visão conspirativa, é legalizar o casamento dos homossexuais sem que os portugueses se apercebam, quase como o fez com a substituição do Ministro dos Negócios Estrangeiros, contribuindo assim segundo o omnipotente Jardim para a "degradação moral da vida portuguesa".

Fernando Ruas quer "expulsar os fiscais do ambiente à paulada" "valorizando" desta forma as preocupações ambientais dos portugueses e aderindo ainda ao "apanhem-no vivo ou morto" tão do agrado de George W. Bush.

Pois é, é a democracia que vamos tendo. Se isto continua assim começa a ser preocupante e de certa forma um retrocesso em relação às conquistas de Abril de que tanto estes senhores acima referidos apregoam ter contribuido.

Boa semana e lembrem-se que a democracia não é um estado adquirido de uma vez por todas mas sim um processo em constante transformação.

João Martins