A minha Lista de blogues

sábado, abril 30, 2011

A Grande Vigarice

Os partidos políticos são fundamentais à democracia portuguesa. Sem partidos não há democracia. Ponto final. Mas os partidos que nos governaram nas últimas décadas, PS, PSD e CDS/PP arruinaram completamente o nosso país. Submarinos com corruptores alemães e sem corrompidos portugueses. O ambiente como factor de enriquecimento rápido em fórmulas mágicas de PIN e outras manigâncias. O Estado a tapar buracos de milhares de milhões de euros de uma banca corrupta (exemplo máximo no caso BPN). Parcerias público-privadas com custos socializados e lucros privados de uma consequência ruinosa em grande escala. Empresas municipais que cresceram como cogumelos para arranjar tachos para familiares, amigos e amigos dos amigos do partido (aqui no coração do Algarve é um fartar vilanagem). Obras públicas autárquicas que mais não são que deitar dinheiro à rua (Loulé nos últimos anos dá cartas). "Apoios" a grandes empresas subsidiodependentes em valores astronómicos (os casos de ministros e deputados que saiem da política para as empresas com quem o Estado vai depois fazer "negócios" atingiu limites indecorosos). Terceiras autoestradas para lugar nenhum e TGV's que escondem negociadas secretas que só as entidades divinas poderão um dia desvendar. Financiamentos partidários ocultos sem prestação democrática de contas à maneira da máfia italiana. Corrupção em larga escala no aparelho de Estado sempre sem vontade de ser combatida pelos partidos do arco da governação (porque será?). Governantes incompetentes e deputados inúteis de sentar e levantar após instruções por sms foram a receita para a morte do futuro das futuras gerações. Haverá coragem para construir um movimento social que leve esta gente à prisão?

FMI É Bom, Bancarrota É Óptimo

"Não acho que o FMI seja neoliberal. É uma instituição que tem tido uma evolução, por alguma razão o presidente é um socialista francês. A Comissão Europeia não tem ideologia como tal e o BCE tem uma agenda demasiado monetarista."

Augusto Santos Silva in
http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=481573

E eu, João Martins, aqui do macloulé, sou o avô cantigas. Vou buscar o 1984 do George Orwell ali à prateleira volto já...

Socrates em Tribunal Já!

Totalmente de acordo com Eduardo Catroga. Sócrates deve ser julgado em tribunal. O dolo público foi feito com total conhecimento de causa em nome da mera manutenção no poder e com a consequência da destruição de milhões de vidas. O ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, deve ser chamado como principal testemunha de como um homem louco empurrou o país para o abismo. Foi isso que os Islandeses fizeram. As responsabilidades pela bancarrota não podem ficar impunes.

sexta-feira, abril 29, 2011

Afinal, o PSD Algarve é a favor ou contra a introdução de portagens na Via do Infante?

O PSD do Algarve, que tem estado calado que nem um rato sobre a cobrança de portagens na Via do Infante, vem agora acusar a Comissão de Utentes da Via do Infante (CUVI) de ser responsável moral pelos atentados aos três pórticos de cobrança, ocorridos na madrugada do 25 de Abril. O que os algarvios esperavam, os milhares que têm participado nas várias ações de protesto desenvolvidas e mobilizadas, entre outros movimentos, pela CUVI, era que o PSD esclarecesse claramente qual a sua posição sobre a instalação de pórticos que servem para cobrança de imposto aos algarvios e utentes da Via. Mas sobre isso o PSD nada diz. Claro que nada diz, e esconde-se atrás de uma manobra de diversão, alegando uma reles mentira para esconder que sempre defendeu a imposição de mais roubos ao povo do Algarve, defendendo o argumento reles da universalidade que não toca aos banqueiros que acolhe no seu estado maior. Nada diz sobre a cobrança de portagens, porque se for governo já se sabe que vai impor a cobrança de taxas na Via do Infante, esquecendo o que prometeu aos algarvios, aquando da última campanha eleitoral. A cara sem vergonha do PSD/Algarve vai mais longe quando acusa a CUVI de instrumento político de putativos candidatos à Assembleia da República que defendem atentados à democracia. Mas o que deviam explicar aos algarvios era o desempenho dos seus "democráticos" deputados que votaram a favor das portagens no Algarve, quando a "sua" Assembleia da República discutiu a anulação da resolução governamental que instituiu as portagens na Via do Infante. Por isso, não é a CUVI que tem de se retratar sobre os atos de que não é responsável, mas sim o PSD que traiu os eleitores do Algarve, quando afirma uma coisa e pratica o seu contrário.

Texto de Helder Raimundo, membro da Comissão de Utentes da Via do Infante.

Aqui: http://contrasensus.blogspot.com/2011/04/o-psd-defende-mais-imposto-sobre-o.html

quinta-feira, abril 28, 2011

A Europa como projecto

Extracto de “A Europa como projecto”

“A Europa não é uma construção acabada, e deixou mesmo de ser um projecto. Está a sofrer de uma crise que não consente gizar-lhe os alicerces nem definir-lhe a traça. Perdeu-se a confiança em que resolva os problemas instantes que se nos põem, não se acredita nos dirigentes, falta um ideal e um ideário que impulsionem e orientem a acção; quanto a realizações estamos perante uma manta de retalhos e resignamo-nos a discursos de vã retórica, a iniciativas descosidas, a medidas que só servem os interesses de alguns. Fala-se muito em refundar a Europa, em levá-la a um novo arranque - mas só se propõem estafadas "soluções" que evitam atacar o mal, e teima-se em tratar de tudo em circuito fechado, sem participação dos cidadãos, escamoteando a vontade geral. A Europa no mundo não passa de instrumento do imperialismo norte-americano, a subserviência a essa política catastrófica impede-a de desempenhar o papel que deveria ser o seu e que nenhuma outra potência pode desempenhar.”

“A Europa como projecto”, de Vitorino Magalhães Godinho, Edições Colibri, 2007

Via : http://www.esquerda.net/artigo/faleceu-o-historiador-vitorino-magalh%C3%A3es-godinho

Vitorino Magalhães Godinho (1918-2011)

Vitorino Magalhães Godinho (1918-2011) morreu ao princípio da noite de terça para quarta-feira. Figura ímpar de historiador e de democrata, o seu nome e a sua obra passarão à história e ficarão inscritos no panteão da nossa memória colectiva, numa genealogia onde só cabem, antes dele, Oliveira Martins e Jaime Cortesão. Nasceu em Lisboa, de família republicana, com raízes na região de Ovar.

Nele se manifestaram, desde muito cedo, o interesse pela história e pelas questões de lógica aplicadas às ciências humanas e sociais. Em 1940, licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas, tendo sido nomeado professor extraordinário da Faculdade de Letras de Lisboa (1941-44).

Em 1959, enquanto investigador do Centre National de Recherche Scientifique e após longa integração na chamada École Pratique des Hautes Études, associada à célebre revista "Annales", defendeu o seu doutoramento de Estado na Sorbonne. Regressou, então, a Portugal como professor catedrático do Instituto Superior de Estudos Ultramarinos (1960-62). Duas vezes nomeado professor em universidades portuguesas foi, em ambos os casos, demitido por razões políticas. A sua inquebrável defesa dos valores da cidadania democrática e a sua lúcida adesão aos valores republicanos forçaram-no ao exílio. O pior dos quais terá sido o que viveu no desemprego, mas envolvido em intenso trabalho intelectual e editorial, ao longo dos oito anos que se seguiram à greve académica e ao rebentar da Guerra Colonial.

Em 1970 voltou a França para integrar o corpo docente da Universidade de Clermont-Ferrand. Após o 25 de Abril, regressou a Portugal, tendo sido Ministro da Educação e Cultura (1974) e Director da Biblioteca Nacional (1984), cargos dos quais se demitiu por discordâncias políticas que sempre tornou públicas. Foi professor catedrático da Universidade Nova de Lisboa, desde 1975. O seu projecto de criação de uma verdadeira faculdade de ciências sociais e humanas, organizava-se em torno de uma maneira de pensar historicamente, mas foi desvirtuado e infelizmente mal compreendido.

Um modo global e interdisciplinar de pensar historicamente os problemas do presente, como era a sua proposta, foi substituído por uma concepção entrincheirada da história e das ciências sociais. O Prémio Balzan, espécie de Nobel para as Humanidades e Ciências Sociais, que lhe foi conferido em 1991, constituiu o reconhecimento internacional por uma obra e o modo como sempre soube excercer o seu ofício de historiador.

Entre os seus principais livros contam-se: "Razão e História - Introdução a um problema" (1940); "Documentos para a História da Expansão Portuguesa" (1943-1956); "A Expansão Quatrocentista Portuguesa" (1944); "Prix et monnaies au Portugal, 1750-1850" (1955); "A economia dos descobrimentos henriquinos" (1962); "Os Descobrimentos e a Economia Mundial" (1963-1971; edição francesa, 1966; edição revista, 1983-1984); "A Estrutura da Antiga Sociedade Portuguesa" (1971), "Mito e Mercadoria, Utopia e Prática de Navegar, Séculos XIII-XVIII" (1990). A este vasto elenco, acrescentam-se diversos volumes de ensaios, a direcção da enciclopédia Focus e da Revista de história económica e social, pela Sá da Costa; e a direcção de várias colecções na Cosmos.

Por Diogo Ramada Curto aqui: http://aeiou.expresso.pt/vitorino-magalhaes-godinho-um-historiador-internacional=f645573

Nota: Sem o criador não haveria criaturas. Como estudante do Departamento de Sociologia da FCSH da UNL aqui fica a minha homenagem ao professor Vitorino Magalhães Godinho.

quarta-feira, abril 27, 2011

Vândalos

Quais são os vândalos que mais defendem o interesse público da região do Algarve. Os vândalos que destruiram os pórticos na Via do Infante, ou os vândalos que defendem os pórticos na Via do Infante? O PSD pronunciou-se agora sobre a destruição dos pórticos indignado. Pena que nunca tenha assumido uma posição pública com tanta veemência como agora. Dia 28 de Maio vamos todos em massa à maior manifestação de sempre da história do Algarve. A Comissão de Utentes não tem sido instrumentalizada, nem acredito que se deixe instrumentalizar. O que gostávamos todos de saber, os algarvios, é se o PSD é afinal contra ou a favor da introdução de portagens na Via do Infante. E era bom que soubessemos isso antes das eleições. E caro doutor Mendes Bota, não vale dizer uma coisa no Algarve e votar outra na Assembleia da República. Isso é batota.

Ver aqui a indignação de suas senhorias:
http://www.regiao-sul.pt/noticia.php?refnoticia=115441

Sócrates

Sócrates voltou. E voltou com a mesma estratégia de sempre. Apagar a memória. Reescrever a história. Acusar as oposições de negativismo. Cultivar a vitimização (a sua maior especialidade na acção governativa). Construir um mundo radiante e maravilhoso. E fazer como se o PS tivesse começado a governar agora. O mais perigoso governante do país no pós-25 de Abril está de volta. O país está na bancarrota. Vou ali à prateleira buscar o 1984 de George Orwell, volto já.

A propósito de mais um suicídio na France Telecom

Entrevista com Christophe Dejours no Público em Fevereiro de 2010;

O suicídio ligado ao trabalho é um fenómeno novo?

O que é muito novo é a emergência de suicídios e de tentativas de suicídio no próprio local de trabalho. Apareceu em França há apenas 12, 13 anos. E não só em França – as primeiras investigações foram feitas na Bélgica, nas linhas de montagem de automóveis alemães. É um fenómeno que atinge todos os países ocidentais. O facto de as pessoas irem suicidar-se no local de trabalho tem obviamente um significado. É uma mensagem extremamente brutal, a pior do que se possa imaginar – mas não é uma chantagem, porque essas pessoas não ganham nada com o seu suicídio. É dirigida à comunidade de trabalho, aos colegas, ao chefe, aos subalternos, à empresa. Toda a questão reside em descodificar essa mensagem.

Afecta certas categorias de trabalhadores mais do que outras?

Na minha experiência, há suicídios em todas as categorias – nas linhas de montagem, entre os quadros superiores das telecomunicações, entre os bancários, nos trabalhadores dos serviços, nas actividades industriais, na agricultura.

No passado, não havia suicídios ligados ao trabalho na indústria. Eram os agricultores que se suicidavam por causa do trabalho – os assalariados agrícolas e os pequenos proprietários cuja actividade tinha sido destruída pela concorrência das grandes explorações. Ainda há suicídios no mundo agrícola.

O que é que mudou nas empresas?

A organização do trabalho. Para nós, clínicos, o que mudou foram principalmente três coisas: a introdução de novos métodos de avaliação do trabalho, em particular a avaliação individual do desempenho; a introdução de técnicas ligadas à chamada “qualidade total”; e o outsourcing, que tornou o trabalho mais precário.

A avaliação individual é uma técnica extremamente poderosa que modificou totalmente o mundo do trabalho, porque pôs em concorrência os serviços, as empresas, as sucursais – e também os indivíduos. E se estiver associada quer a prémios ou promoções, quer a ameaças em relação à manutenção do emprego, isso gera o medo. E como as pessoas estão agora a competir entre elas, o êxito dos colegas constitui uma ameaça, altera profundamente as relações no trabalho: “O que quero é que os outros não consigam fazer bem o seu trabalho.”

Ver aqui:
http://www.publico.pt/Sociedade/um-suicidio-no-trabalho-e-uma-mensagem-brutal_1420732

terça-feira, abril 26, 2011

Nas Mãos Dos Verdadeiros Finlandeses a 16 de Maio

"Em entrevista à televisão estatal finlandesa YLE, citada pela Bloomberg, Olli Rehn realçou que a aprovação do fundo de resgate europeu a Portugal requer unanimidade dos países membros.

“Se queremos evitar a falência de Portugal, precisamos de uma decisão unânime que garante que o fundo de resgate europeu pode ser utilizado para salvar Portugal. E unanimidade significa a participação da Finlândia”, disse."

http://economia.publico.pt/Noticia/nao-ha-alternativa-se-a-finlandia-rejeitar-pacote-de-socorro-a-portugal-avisa-olli-rehn_1491423

FMI É Bom, Bancarrota É Óptimo

Os Amigos de Passos Coelho

O movimento "Mais Sociedade" enganou-se no nome. Dever-se-ia chamar "Menos Sociedade". O PSD é ainda pior, muito pior, do que o PS. Se alguém quiser um camarada para fazer a revolução está aqui um. Estou disposto a lutar por todos os meios pela defesa da democracia. É isso que hoje está em causa. Contem comigo.

Violação da Privacidade

Discordo em absoluto das portagens na Via da Infante. O ex-governo e o PSD querem portagens para fazer regredir económica e socialmente o Algarve. Discordo em absoluto das câmaras de vigilância (para onde vais ó democracia). O governo e o PSD adoram vigiar os cidadãos e vão vigiar os cidadãos na Via do Infante. Recuso (aqui não é só discordar) em absoluto os chips. O governo e a oposição PSD querem violentar brutalmente o meu direito à privacidade chipando o meu automóvel. Se decidir não pagar, para não ser violado, vigiado e chipado e estou a ponderar fazer isso, levem-me preso. Façam de mim aquilo que quiserem. Já nada resta de dignidade.

segunda-feira, abril 25, 2011

Sujeitos ou Objectos?

"Hoje, dia 25 de abril de 2011, alguém decide incendiar três estações de pórticos de cobrança de portagens na Via do Infante. A data simbólica da revolução, dita dos cravos, proporcionou a explosão popular de conquista de direitos, quebrada com a "normalização" da democracia parlamentar burguesa e o voto do povo. Alguém percebeu que, para além das formas de luta aceites na dita democracia, cabem as formas mais radicais da contestação popular contras as injustiças que nos condenam a ser passivos, depois escravos e finalmente nulos."

Herder Raimundo via blogue Contrasensos:

Maio Já Começou em Abril


"Os pórticos de Olhão, Loulé e Boliqueime tinham as centrais ainda desativadas e estas foram incendiadas esta manhã, presumivelmente entre as seis e as sete horas, em simultâneo."

Ver aqui:
http://www.observatoriodoalgarve.com/cna/noticias_ver.asp?noticia=44524

Três notas:


1. A acção é claramente política. Se a judiciária fizer bem o seu trabalho teremos talvez os primeiros prisioneiros políticos do Algarve no pós 25 de Abril de 1974.

2. A introdução de portagens nas ex-scut tinha que fazer parte das contas do orçamento de Estado e não fez. Ninguém investiga isso?


3. Quando o sistema político defrauda totalmente as expectativas dos seus cidadãos acontece isto. Ainda a procissão vai no adro. Os falsos apelos há unidade do sistema político instalado não percebem nada do que já se está a passar. Depois do Governo do FMI nada vai ficar como dantes.

Celebrar Abril



Canta Camarada

Canta camarada canta
canta que ninguém te afronta
que esta minha espada corta
dos copos até à ponta

Eu hei-de morrer de um tiro
Ou duma faca de ponta
Se hei-de morrer amanhã
morra hoje tanto conta

Tenho sina de morrer
na ponta de uma navalha
Toda a vida hei-de dizer
Morra o homem na batalha

Viva a malta e trema a terra
Aqui ninguém arredou
nem há-de tremer na Guerra
Sendo um homem como eu sou

Zeca Afonso

domingo, abril 24, 2011

Se Nos Roubarem Abril Dar-Vos-Emos Maio


É altura de celebrar e refundar o 25 de Abril de 1974. O inevitável é inviável. O primeiro passo é correr com o governo de Sócrates. É urgente respirar de novo. Depois a luta continua.

A Suspensão da Democracia


1. Nas vésperas do 25 de Abril de 2011 o regime democrático está em risco. Meia dezena de banqueiros transformaram a democracia, para usar a feliz expressão do historiador e deputado europeu Rui Tavares, numa bancocracia. José Sócrates que sempre seguiu quer a nível interno quer a nível europeu as grandes orientações do grande capital pôs mais uma vez o rabo entre as pernas quando os banqueiros portugueses se intrometeram na sua estratégia de sobrevivência eleitoral. Os banqueiros chamaram o FMI e Sócrates fez o que tinha a fazer. Peço desculpa a todos os democratas deste país, mas uma bancocracia não é uma democracia.

2. Chegou a Portugal uma Troika (FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu) cujo "jornalismo macio", para usar uma versão cavaquista via Wikileaks, insiste em bombardear a população portuguesa com a expressão "negociação". No limite o que a troika está a fazer não passa de uma auscultação. A expressão mais adequada será legitimação, pois é de legitimação do austeristarismo recessivo e do sofrimento quase colectivo aquilo de que se trata. Quase colectivo porque os responsáveis pela situação em que nos encontramos, a grande burguesia nacional e internacional encara Portugal como um mero ponto fixo na exploração global do planeta terra. E se, portanto, não há "negociação" e apenas há auscultação então chegámos à morte da democracia. No limite do absurdo há um partido da miséria partidária nacional que diz que o seu programa de governo é o programa do FMI. Para onde te deslocaste cara democracia?

3. Mas se a bancocracia e a Troika dos PEC's são os sinais mais evidentes que o que está em causa é a democracia, a erosão desta última não é uma questão conjuntural. A globalização económica e financeira, suportada pela economia de casino, pelas agências de rating, pelo capital financeiro e pelas práticas espoliadoras dos investidores e da banca internacional converteram os políticos em agentes de administração do capital da nação. Como as grandes decisões que afectam a nossa vida de todos os dias vêm cada vez mais emanadas de organismos internacionais em grande parte não sujeitos ao sufrágio universal, porque carga de água continuamos nós a chamar a isto democracia? Há por aí algum português que tenha votado no FMI?

4. As soluções complexas para os problemas monstruosos com que hoje nos deparamos não se conseguem sem o máximo exercício de cidadania. É preciso refundar a democracia e penso que o movimento "geração há rasca" traz consigo uma parte da solução. Fazer de cada cidadão um político e iria eu mais longe, fazer de cada político um cidadão. As escolhas que fizermos no futuro próximo condicionarão decisivamente o nosso futuro. A entrega dos nossos destinos nas mãos dos outros (coisas do género "eles" é que sabem) através do conformismo e da resignação levar-nos-á a menos democracia, mais desigualdades, mais pobreza, mais desemprego e menos desenvolvimento económico e social. A recusa das "inevitabilidades", das "naturalidades", dos consensualismos retrógados e das soluções únicas é aquilo que nos pode permitir construir um mundo melhor. A escolha está nas mãos de cada um de nós. Abril e Maio são meses óptimos para fazer escolhas.

sábado, abril 23, 2011

E se o FMI acabasse com o Governo Civil de Faro?

O Partido que se diz socialista já não surpreende ninguém. E já não surpreende ninguém porque age à margem disso que podiamos chamar "sociedade" na mais completa imoralidade e indecência. Parece que a senhora governadora em véspera de eleições se cansa sempre do Governo Civil de Faro e parece que em véspera de eleições a senhora governadora sonha sempre em ser deputada da Nação. Acontece que a última vez que os desejos da senhora governadora mandaram às urtigas o respeito pelo cargo que representa, em nome da sua eleição de deputada da Nação, ela acabou por mandar às urtigas o respeito pelo que significa ser deputada da Nação.

O PS utiliza e instrumentaliza os cargos públicos como se vivesse numa sociedade da corte. Não vive, porque apesar da democracia na era da Troika estar a deixar de o ser, a democracia ainda é o reino em que impera o cidadão. Da primeira vez o substituto fez o frete até que a senhora governadora servisse as vontades do partido socialista. Agora vamos esperar o resultado das eleições para ver o que faz o substituto e a senhora a quem foi temporariamente (?) substituir.

Entretanto, estas manobras eleitorais com que o PS Algarve nos vai prendando vão corroendo a credibilidade dos mais altos cargos da nação. Desrespeita-se o cargo de Governador Civil (de resto uma inutilidade pública) e de uma assentada o cargo de deputado da nação. O PS, esse, também já não tem credibilidade alguma. Não há por aí alguém que proponha a essa Troika que nos passou a governar a extinção do cargo de Governador Civil? Talvez se fizessem umas boas poupanças e o Estado assim já podia deixar de impedir que as instituições de solidariedade social dessem mais uma sopinha aos pobres. Ganhávamos todos em dignidade e dentro da desgraça que o FMI nos vai trazer alguma coisa de útil deixava por cá.

quinta-feira, abril 21, 2011

A "Requalificação" do Parque Municipal de Loulé


Pelo segundo ano consecutivo não tenho um parque em Loulé onde levar a passear os meus filhos, fazer os footings essenciais à minha qualidade de vida e à manutenção da saúde física (certamente mais importante do que ter um médico Presidente da Câmara) ou simplesmente respirar ar puro debaixo da sombra das árvores do parque (das que ainda vão restando).

O doutor Emídio é um dos experts nacionais em obras públicas sem sentido, dizimadoras das contas do erário público. Depois de ter gasto rios de dinheiro no abate de árvores e na "requalificação" da Avenida José da Costa Mealha, depois de ter mandado abater as Tílias da Praça de República e mandar fazer a "requalificação" da dita cuja (a que preço senhor presidente?), depois de ter dado ordens para "requalificar" o Largo de São Francisco (em época de bancarrota), o doutor Emídio parece não querer ou não poder acabar em tempo satisfatório a "requalificação" do Parque Municipal de Loulé.

Passei há dias no Parque e o cenário é verdadeiramente aterrador. Vivendas que já estão dentro do parque (sagrada especulação imobiliária), mais árvores cortadas e deitadas abaixo (uma especialidade do doutor Emídio), muros a cercar o parque e como se tudo isto não bastasse, a obra parece que em tempos próximos não tem fim à vista. Entretanto quem quiser disfrutar de um espaço público verde minimamente qualificado tem um bom remédio, pode sempre deslocar-se até ao elefante branco em que se tornou o estádio do Algarve.

Perante estes factos que revelam um atroz desperdício dos recursos públicos locais tendo em conta os milhões de euros aqui "investidos" o que faz a oposição? Não faz nada. E não faz nada porque não há oposição em Loulé. O Partido Socialista local não existe (ou se existe deve andar preocupado em colar propaganda para a reeleição do querido líder). O PCP e o CDS são assim um pouco menos activos que o blogue macloulé. Resta um deputado do Bloco de Esquerda que como já aqui disse é muito pouco. Muito pouco mesmo para um dos concelhos mais ricos do país.

Nota: A fotografia em cima é do ano 2010.

Sondar o Povo

Se os resultados das sondagens de hoje tiverem qualquer ligação verosímil com a realidade futura de 5 de Junho de 2011 então não é só a maior parte da população portuguesa que tem os políticos que merece. Os políticos portugueses também têm a população que desejam. Depois não se queixem...

Ver por exemplo aqui:
http://calcadaodequarteira.blogspot.com/2011/04/sondagens-sao-sondagens-faltam-45-dias.html

quarta-feira, abril 20, 2011

Da mentira como forma de governação



Quando se opta pela mentira como estratégia de governação e de manipulação das massas acaba-se assim. Sem crédito. Vendido em leilões de dívida na internet. Rejeitado massivamente pelo povo. Com o país em desgraça. Que sirva de lição. A sondagem desta semana é elucidativa. Sessenta e cinco por cento dos portugueses culpa Sócrates como principal responsável pela actual crise. Que sirva de lição. Pois é de lição em lição que a pouco e pouco aprendemos o que a muitos outros daremos, o que a muitos outros darão.

Assalto aos Contribuintes e Salvação da Banca: Esse é o Negócio

Ora leiam lá com muita atenção;

Socióloga especializada em globalização, Saskia Sassen avisa que os países ricos, como os EUA e a Alemanha, estão a empobrecer rapidamente. Critica o facto de os resgates de Portugal, Grécia e Irlanda não passarem de uma forma de assegurar a situação da banca, já que a maior parte do dinheiro dos bailouts não vai para os países, mas "directamente para os bancos a quem esses países devem dinheiro". E defende que não podem haver instituições "demasiado grandes para cair".

Chega a Portugal em plena crise financeira e no centro do drama da entrada do FMI. Que pensa da intervenção desta organização, ou das organizações transnacionais que se propõem ajudar?

Em princípio, as instituições que funcionam como intermediárias e as instituições globais podem ajudar. Os Médicos sem Fronteiras também são uma instituição global e ajudam, de facto, as pessoas. E há uma longa lista de organizações semelhantes, como a Amnistia Internacional ou a Oxfam...Temos um conjunto particular de instituições financeiras que vêm ajudar os países em caso de crises financeiras que não são instituições sem obrigações, ou contrapartidas. A obrigação do FMI é garantir um sistema financeiro estável e para isso é necessária uma economia nacional estável. Se a estabilidade fosse definida através de indicadores como o de as pessoas terem um razoável modo de vida, ou um emprego digno, estaríamos bem, mas esta definição vem com um formato particular que é o das grandes instituições financeiras. Isto surge em função de uma evolução dos últimos 20 anos, em que estas instituições financeiras, muito poderosas, se tornaram maiores, grandes de mais para falhar. Isto é realmente problemático. Quer dizer que podem fazer exigências, porque não se podem dar ao luxo de falhar - se falham, toda a economia se desmorona. Isso é, em parte, verdade. Estamos perante a análise de uma paisagem muito problemática a partir da qual abordamos a crise grega e portuguesa. A outra questão traduz-se no facto de Angela Merkel chamar todos os países--membros a contribuir com o dinheiro dos seus contribuintes para um fundo de 700 mil milhões de euros - o que ela está a fazer é assegurar dinheiro para pagar a dívida aos bancos. Se Portugal falhar, falha o pagamento da dívida que contraiu junto do sistema bancário.

O que aumenta a dívida...

Aumenta a dívida e o que acontece com o plano de resgate de Angela Merkel, assim como com o bailout nos Estados Unidos, é que vamos utilizar o dinheiro dos contribuintes europeus para o caso de Portugal ou a Grécia não conseguirem cumprir. E este dinheiro vai para os bancos. Não vai para os contribuintes sofredores de Portugal ou da Grécia, mas para o sistema bancário. Podíamos dizer que estávamos a reunir dinheiro dos países europeus que estão bem para ajudar o povo em Portugal, mas não é isso. Grande parte do dinheiro que devia ter sido entregue à Grécia nunca foi para a Grécia mas directamente para os bancos a quem a Grécia devia dinheiro. Essa é que é a parte mais importante da questão. Tudo isto não passa de uma forma de assegurar a situação dos bancos. Há a noção de que existe uma razão objectiva para isto e que os bancos não podem falhar. Eu não já subscrevo essa teoria. Acho que há bancos que têm mesmo de falhar.

Para ler o resto clique aqui: http://www.ionline.pt/conteudo/118366-saskia-sassen-o-fmi-e-agora-uma-instituicao-melhor-

As Novas Tribos Urbanas Da Bola

Destacam-se desde logo por serem masculinos. Depois por um forte grau de integração tribal. Aos cantigos de ódio ao adversário junta-se um certo culto da violência. A polícia confessa a sua impotência para controlar o fenómeno e fala em sentimento de impunidade. Os altos responsáveis da nação vão timidamente a espaços fazendo uma declaração ou outra. Os presidentes dos grandes clubes aceitam tacitamente e até de forma talvez conivente e interessada a coisa. Mas vale a pena perguntar. Não poderia o futebol viver sem este tipo de claques? Hoje eles saiem à rua. Proteja-se.

terça-feira, abril 19, 2011

Tudo Pela Nação Nada Contra a Nação



1. Há coisas que me espantam quando o desespero se apodera da troika nacional. Tudo se passa como se as elites dominantes vissem as suas posições de poder ameaçadas e tocassem num rebate de última hora ao apelo da unidade nacional.

2. O que é difícil de entender é como é que depois de anos a fio de compromissos nacionais em torno do "bloco central de interesses" sem quaisquer rupturas de caracter ideológico significativas que se visse, as elites do regime ligadas ao PSD e ao PS venham agora apelar à necessidade urgente de um "compromisso nacional". Então mais do mesmo com os mesmos intervenientes de sempre é aquilo de que Portugal precisa para sair do marasmo? Não será isso apenas e só a tentativa de salvar a distribuição de posições e de lugares resultantes dos compromissos do costume? Não teremos nós necessidade urgente de rupturas?

3. Estes apelos aos compromissos nacionais fazem-me sempre lembrar os célebres discursos de Salazar nos seus apelos à unidade nacional. Não sei porquê. Ligue o vídeo aí em cima e descubra por si mesmo as diferenças.

FMI É Bom, Bancarrota É Óptimo



1. Dom José Policarpo diz que "o sofrimento tem um sentido positivo, como Cristo mostrou". Muito perto dos "pobres mas honrados" do Portugal de Salazar. FMI é bom, bancarrota é óptimo.

2. Patrões do comércio pedem ao FMI que não se suba o salário mínimo para os 500 euros. Os patrões do comércio não pedem mais qualificação e formação para os trabalhadores do comércio e para eles próprios (são menos qualificados os patrões do que os seus trabalhadores em Portugal). Os patrões do comércio não pedem regras mais justas para competir face às multinacionais que dizimaram de alto a baixo o pequeno comércio. Os patrões do comércio não pedem menor carga fiscal e menos derramas, taxas, taxinhas e taxões que desde as Câmaras Municipais à Administração Central sufocam a capacidade de competir do pequeno comércio. Não, os patrões do comércio, acham que não são competitivos por causa do salário mínimo de 500 euros. Agem como se o comércio existisse sem consumo e sem consumidores. Os patrões do comércio vêem como grande inimigo do comércio os seus trabalhadores. FMI é bom, bancarrota é óptimo.

Resistir é Preciso

FMI É Bom, Bancarrota É Óptimo

FMI quer que o governo reduza ou elimine totalmente os subsídios de férias e de Natal dos reformados. E outras coisas assim. FMI é bom. Bancarrota é óptimo. Dominique Strauss-kuhn até é socialista. Ver aqui: http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/exclusivo-cm/fmi-vai-mexer-nas-reformas--223543103

segunda-feira, abril 18, 2011

Transfugas I



Da extrema esquerda ao partido do "mercado".

A Esquerda e Os Comentadores do Costume

Os comentadores do costume nas televisões do costume já começaram a discursar a partir da sua concepção de democracia de prótese. Se o PCP e o Bloco não participam das negociações com a troika que vai afundar ainda mais a economia portuguesa para que servem? Só para agitar massas? Só para agitar bandeirinhas? Perguntam indignados. Os comentadores do costume, aliados aos media do costume e os partidos do costume são mestres na arte alquímica da transformação das vitímas em culpados e dos culpados em vitímas. O Bloco, o PCP e os Verdes teriam agora que ir, segundo os comentadores do costume, fazer as coisas do costume, que nos levaram à bancarrota. A hora é de resistência. Um dia talvez se mudem os comentadores do costume. E aí talvez se inclua toda a gente nisso que ainda chamamos de democracia. A partir da diversidade e da pluralidade e não dos falsos unanimismos saudosistas que por agora aí pululam.

Da Ordem dos Médicos à Desordem do SNS

1. Demasiado mau para ser verdade. A mesma ordem que faz um vendaval de cada vez que se aumentam as vagas para os cursos de medicina, vem agora posicionar-se negativamente face à contratação por parte do Estado Português de quarenta e nove médicos colombianos. A medicina tem sido dos poucos campos profissionais a resistir à democratização da sua profissionalização. Não deixa de ser lamentável que isso se faça à custa dos utentes do Serviço Nacional de Saúde. São perto de quinhentos mil aqueles que não têm médico de família em Portugal. Perto de cem mil só na região do Algarve. 2. Na maternidade Alfredo da Costa pedem-se donativos, fraldas e lençóis aos utentes. A gente sabe que o FMI já algum tempo que anda por cá, mas notícias destas só podem significar que o Sistema Nacional de Saúde começa a andar de marcha a ré.

O que é meu é meu e o que é teu é meu



Para uma teoria explicativa do falhanço do comunismo...

domingo, abril 17, 2011

Da Competência

De regresso a casa. Já sem vesícula e com duas "pedras" de recordação do tamanho daqueles berlindes bem gordos com que brincava em criança. Dizia o médico que se fossem diamantes tinha vida boa o resto da vida. Três a quatro dezenas de anos investidos em políticas públicas de saúde e de educação foram a condição necessária para que profissionais de saúde de uma qualidade extraordinária me permitissem a possibilidade de vir a viver, espero eu, mais um bons anos com um mínimo de qualidade de vida. Lá onde menos se repara estão os frutos de anos de investimento em políticas públicas. Mesmo quando a intervenção cirurgica é feita em sítio privado. O meu querido avô que já cá não está, foi aberto com um enorme corte, já lá vão umas boas dezenas de anos, para o mesmo problema. Hoje com a evolução científica e tecnológica bastam três ou quatro buraquinhos de meio centímetro. E já estou em casa a blogar. A miséria política que por aí anda não pode ofuscar a excelência profissional de quem trabalha dignamente todos os dias. Porque a realidade social portuguesa também é feita todos os dias do que acabo aqui de descrever.

sexta-feira, abril 15, 2011

Viver Mais Com Menos


Essa máxima absurda que os neoliberais sempre mobilizam quando se trata de reduzir direitos sociais, não é inválida em todas as situações. É sempre bom não cairmos em generalizações abusivas. Por exemplo, o Braga está a fazer mais com menos. O problema é que só faz isto uma vez na vida. O Barcelona faz mais com mais e está lá na maioria das vezes. Vou ali cortar, retirar, extirpar a vesícula, volto já. Fazer um downsizing. Resgatar o organismo vivo. Volto a tempo de refutar o Fukuyama.

Bom fim de semana!

quinta-feira, abril 14, 2011

Resistir é Preciso


1. Assinar o abaixo assinado que procura accionar judicialmente os abutres das agências de rating. A democracia não pode ser ratingficada. 2. Recusar por todos os meios a injecção de dinheiro do Estado na banca. Que entrem em falência os bancos que vivem acima das suas possibilidades. 3. Correr com a máfia instalada no aparelho de Estado. 4. Forçar a renegociação da dívida. 5. Zelar pelo funcionamento das instituições estruturantes do bom funcionamento da democracia. Trata-se de aumentar os níveis de vigilância e transparência democrática. É urgente exercer e fazer exercer a cidadania activa. 6. Sei que dói a muito boa gente, mas é urgente correr com Sócrates. É não só urgente, como é mesmo imprescindível. 7. Construir uma frente de esquerda, com o PCP, o Bloco de Esquerda, os restos de esquerda que existem no PS e os novos movimentos sociais no sentido da transformação de uma verdadeira alternativa ao neoliberalismo selvagem e que restaure os valores da justiça social e o respeito pelos valores democráticos. 8. Sair para a rua sempre que o sistema instalado não permita que a mudança se efectue de outra maneira. Só a rua permite hoje esperança de transformação de um mundo melhor. É triste estar a dizer isto, mas é a dura realidade.

Reforma ou Revolução?



É preciso resistir. É urgente resistir. O que se joga hoje é a defesa dos valores de Abril. É isso o que está em jogo. A democracia.

Grandola Vila Morena

quarta-feira, abril 13, 2011

E Depois do Adeus

Olha, alguém que conseguiu ver para além das sombras da caverna de Platão



Uma luz de esperança ao fundo do túnel...

terça-feira, abril 12, 2011

Coisas da Vida

18h 50mn - Ao pé de casa. Vou comprar pão para o jantar. A porta da padaria está semi-aberta. Cumprimento a empregada. A cara é nova. A cara habitual não está. A senhora olha-me nos olhos e pressinto que estou a atrapalhar. Pergunto se está a fechar. A senhora diz que sim. Digo boa tarde e volto para casa. Saí da padaria, a senhora vem atrás de mim e fecha a porta. Nem tudo é política na bancarrota.

19h - Abro uma carta do Município de Loulé com as contas da água. Cá em casa somos quatro. Dois adultos, um bébé e uma criança. Quarenta e quatro euros e setenta e três centimos. A factura só é compreensível a matemáticos. Quatro consumos assinalados, uma taxa fixa de disponibilidade, quatro pagamentos de saneamento e um de resíduos sólidos fixos. Se a falta de vergonha pagasse imposto, talvez não tivessemos entrado em bancarrota.

segunda-feira, abril 11, 2011

FMI É Bom, Bancarrota É Óptimo


1. O FMI já aterrou em Portugal. Quer dizer, ele já cá estava, ou não fossem os PEC I, II, III e IV as receitas tradicionais do FMI. Agora que os tipos já nao se limitam a enviar as receitas por msn, pelo skype, ou pelo facebook (tão caro ao Presidente Silva) e que os técnicos estão cá para nos dizer como nos vão governar de cara a cara, o filme vai ser arrasador. Desemprego nunca visto. Pobreza a disparar em massa. Abaixamento do nível de vida. Aumento de impostos directos e indirectos. Precarização oficial da precaridade. Retirada de direitos sociais em massa. Retirada de indeminizações face à condição de despedido. Privatização dos recursos públicos mais apetecíveis. Suspensão da democracia por mais de seis meses. A crise foi aproveitada pelo capital para conseguir implementar o que sempre sonhou implementar e que até aqui nunca encontrou coragem e condições para o fazer. Os ricos continuarão mais ricos. Os pobres afundar-se-ão em mais pobreza. Chama-se FMI. Quer dizer, Fundo Monetário Internacional.

2. Este fim de semana realizou-se o congresso dos fiéis. Se na estrita lógica da manutenção do poder o partido socialista poderia ter boas razões para aclamar incondicionalmente o líder que nos levou à bancarrota, do ponto de vista da democracia portuguesa e dos problemas gigantescos que o país enfrenta aquilo que aconteceu no congresso do PS foi uma enorme falta de respeito pelos cidadãos do nosso (?) país. Para perceber os seis anos e meio de governação socrática é preciso ler a obra 1984 de George Orwell. Sem se ter lido 1984 não é possível perceber o que foi a governação socialista. A novilíngua, o branqueamento da memória, a propaganda a níveis nunca vistos, a mentira como estratégica de manipulação das massas, o completo desrespeito pelos valores da democracia, a corrupção e a colonização do Estado a coberto das leis da república. A simbólica da governação socialista está espelhada no acto do deputado mãos de tesoura, que zela no partido socialista pelas questões da justiça portuguesa, quando este não teve o pudor público de roubar os gravadores aos jornalistas que lhe faziam perguntas incómodas, na casa da democracia. Dito isto, a vitímização vai ser a única coisa que resta ao governo neoliberal que se auto-convenceu ser socialista. Talvez já só falte a Sócrates introduzir a bancarrota na novilíngua socialista. Nesse dia vamos ouvir encantados: - Bancarrota é bom, pior é viver sem uma perna. Bancarrota é bom, pior foi o holocausto Nazi. Só com a leitura de 1984 é possível compreender a governação socialista de Sócrates 2005-2011. Sem essas centenas de páginas ficamos sem elementos de reinterpretação da história que Sócrates nos conta embevecido.

sábado, abril 09, 2011

Portugueses e Espanhóis Juntos Contra as Portagens na Via do Infante


Ponte do Guadiana. João Martins a circular em direcção ao Algarve tira uma foto a António Almeida da Comissão de Utentes da Via do Infante que circula em direcção a Espanha. A bandeira da cidade de Loulé esteve bem representada.


Fila de automobilistas portugueses e espanhóis em protesto.



Carro de João Martins, onde se pode ler "Em cada eleitor um cidadão! Com requalificação ou sem requalificação o Algarve diz não!"



Espanhóis e Portugueses juntam-se à entrada da Ponte do Guadiana para lutarem por interesses comuns.

Nuestros Hermanos Hablam

"Representantes dos partidos políticos espanhóis Izquierda Unida (IU) e Partido Popular de Ayamonte criticaram hoje a decisão do Governo português de portajar a Via Infante, no Algarve, por recearem graves prejuízos económicos para a província de Huelva. Numa conferência de imprensa conjunta realizada em Ayamonte com elementos da Comissão de Utentes da Via Infante (A22), António Miravent Martín (IU) e José Maria Mayo (PP) consideraram necessário alertar a população espanhola para a necessidade de combater a introdução de portagens na Via Infante, frisando que os efeitos negativos da medida vão sentir-se dos dois lados da fronteira. “Esta é uma ideia sem sentido e que vai ser prejudicial para os interesses económicos tanto do Algarve como de Huelva”, afirmou Miravent Martín, sublinhando o impacto negativo que a medida terá tanto nas trocas comerciais entre os dois lados da fronteira como na circulação de pessoas. Por seu turno, José Maria Mayo considerou “inadmissível que, com o que se avançou na Europa em termos de mobilidade das pessoas e de mercadorias, se assista agora com esta introdução de portagens a um retrocesso de 20 anos”. “Esta é uma via estratégica para o progresso económico e cultural e a decisão limita o futuro”, afirmou o responsável do PP de Ayamonte, frisando que para o comércio de localidade fronteiriça “é vital o intercâmbio com os portugueses e não se pode colocar barreiras” e que este assunto “ultrapassa as questões partidárias locais”. Mais aqui: http://www.regiao-sul.pt/noticia.php?refnoticia=114880

sexta-feira, abril 08, 2011

A Grande Verdade De Sócrates


Sócrates afirmou que não estaria disponível para governar com o FMI. Ele nem sonha ainda como essa é talvez a sua grande verdade. Surrealista o Congresso do Partido Que se Diz Socialista. Como alguém hoje perguntava num artigo do Correio da Manhã comentando os resultados das últimas sondagens. Como é possível que existam 33% de malucos a seguir um homem assim?

Ver aqui: http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/opiniao/joao-miguel-tavares/havera-mesmo-33-de-malucos-em-portugal

quinta-feira, abril 07, 2011

Passeio Em Espanha Sábado

Em Defesa da Democracia

"É hoje consensual que o capitalismo necessita de adversários credíveis que actuem como correctivos da sua tendência para a irracionalidade e para a auto-destruição, a qual lhe advém da pulsão para funcionalizar ou destruir tudo o que pode interpor-se no seu inexorável caminho para a acumulação infinita de riqueza, por mais anti-sociais e injustas que sejam as consequências.

(…) É possível imaginar duas vias por onde pode surgir um tal adversário. A primeira é a via institucional: líderes democraticamente eleitos reúnem o consenso das classes populares (contra os media conservadores e os economistas encartados) para praticar um acto de desobediência civil contra os credores e o FMI, aguentam a turbulência criada e relançam a economia do país com maior inclusão social. Foi isto que fez Nestor Kirchner, Presidente da Argentina, em 2003.

(…) A segunda via é extra-institucional e consiste na rebelião dos cidadãos inconformados com o sequestro da democracia por parte dos mercados financeiros e com a queda na miséria de quem já é pobre e na pobreza de quem era remediado. A rebelião ocorre na rua mas visa pressionar as instituições a devolver a democracia aos cidadãos. É isto que está a ocorrer na Islândia".

Boaventura de Sousa Santos via http://arrastao.org/2225634.html

E cá por Loulé está na hora de criar um movimento social em defesa da democracia?

quarta-feira, abril 06, 2011

O Povo Unido Jamais Será Vencido


Anulada a decisão da introdução das Portagens na Via do Infante e outras, resta sair em massa à rua no próximo Sábado para festejar esta vitória provisória e para dizer bem alto que os algarvios estarão bem atentos a desvarios futuros dos políticos. É na acção colectiva de rua que hoje se joga a mudança social. Que se destruam os pórticos, desde já.

Devaneios e Sadomasoquismo

1. As agências de rating são organismos eleitos democraticamente pelo povo?

2. Sócrates não fez sempre tudo o que os banqueiros queriam que ele fizesse?

3. A "ajuda" do FMI/FEEF não é antes um empréstimo com condições draconianas que levam a mais recessão e que verdadeiramente ajudam a banca e desvastam por dezenas de anos o nível de vida de grande parte da população portuguesa?

4. A banca não andou a ser "resgatada" pelos Estados com o dinheiro dos contribuintes?

5. Nós não somos dos países da UE com maiores níveis de desigualdade social na distribuição dos rendimentos?

6. Nós não temos um salário mínimo e salários médios que nos envergonham há escala europeia?

7. Aos perto de 20% de pobres em Portugal não se vai juntar o geral empobrecimento da população?

8. Perante isto porque diz o Presidente da República que é preciso que os "principais partidos" se ponham de acordo sobre um pacto de regime excluíndo deste jogo BE e PCP?

9. Expliquem-me lá como se eu fosse muito burro porque é que perante os factos que acima enunciei os "radicais" são o Bloco de Esquerda e o PCP e a maior parte da população portuguesa vai voltar a votar (acreditar?) no PS e no PSD?

Elevar o Gosto



Vou ali beber um café a Lisboa, volto já. Até logo!

Sócrates

O que impressiona em José Sócrates é a sua capacidade de corroer todas as instituições públicas essenciais à vida democrática portuguesa. Já não bastava aquilo que temos vindo a assistir no topo do poder da justiça, agora chegou a bagunça ao Conselho de Estado. Os conselheiros de Estado acusam-se uns aos outros de mentirosos e outras coisas assim. O homem que mais contribuiu para o descrédito das principais instituições do Estado ao longo da democracia portuguesa, da justiça à educação, passando pelos parceiros sociais até à Presidência da República, continua com um acervo massivo de seguidores dentro do partido que lidera. Não deixa de ser um case studie. E não, um homem só não teria tido a capacidade de fazer estragos desta dimensão. Os apoios, as conivências e as não interferências foram essenciais para chegarmos aqui.

terça-feira, abril 05, 2011

São as Lógicas do Capital Estúpido!

segunda-feira, abril 04, 2011

Primeiro Estranha-se e Depois Entranha-se

O que eu temo é que a dona austeridade entre nas mentes e nos corpos como uma espécie de "segunda natureza". Assim do género, não havia nada a fazer, não é. E aí ninguém se vai lembrar do inicío da história. É o problema da amnésia da génese. Para uns poucos trata-se de uma comédia, para a grande maioria já está a ser uma tragédia. Tremo só de pensar no que por aí vai vir nos próximos tempos. E os responsáveis pela crise já "naturalizaram" a crise. Não é nada a ver com eles. Vejam as entrevistas que as televisões estão a fazer aos banqueiros e perceberão isso. O rating da República prejudica o rating da banca. Inacreditável.

domingo, abril 03, 2011

Não às Portagens na Via do Infante: Uma Janela de Oportunidade?


A queda do governo de Sócrates veio abrir uma janela de oportunidade política para os algarvios não serem cruxificados com a taxação das portagens da Via do Infante com todos os custos que isso acarreta para o agravamento da economia regional, a diminuição da mobilidade dos cidadãos e de mercadorias, a probabilidade de aumento da sinistralidade rodoviária na rua nacional 125 e a afronta governamental e partidária à dignidade dos cidadãos residentes no algarve, pela forma, como mais uma vez, o processo foi arrogantemente conduzido.

O governo de gestão em vigor, esse mesmo que ainda não se apercebeu que já não tem legitimidade popular que lhe outorgue direitos de governação, entregou para apreciação jurídica a legitimidade da decisão sobre a entrada em vigor das portagens nas ex-scut. Esta pode ser a janela de oportunidade que os algarvios não podem desperdiçar. É claro que ao fazer isto, o governo de Sócrates apenas procura adiar uma decisão que já percebeu vai ter danos irreversíveis sobre os resultados eleitorais. É hora da Comissão de Utentes e dos movimentos cívicos colocarem os destinos dos algarvios nas suas mãos. O maior perigo advém da cooptação destes dois interessantes movimentos pelos interesses partidários. Talvez isso possa neste momento ser o maior entrave à livre circulação não paga (directamente, é óbvio) de pessoas e bens de todos os tipos.

Macário Correia é nesta história a dupla face de Janus. Por um lado quer estar do lado dos cidadãos (dos eleitores é a designação mais correcta) pois não estar tem evidentes custos eleitorais. Mas ao mesmo tempo nunca mostrou grandes convições na defesa incondicional da não tributação das portagens. Vale a pena não esquecer que só depois de pressionado pela Comissão de Utentes da Via do Infante passou a aderir à causa e que a sua adesão teve sempre como pressuposto que se houver "requalificação" da EN 125 então já poderá haver portagens. Macário joga claramente em dois tabuleiros pois sabe que daqui a meia dúzia de dias está a protestar contra si próprio. Ora é preciso que se diga com franqueza que a 125 não é "requalificável" e muito menos será uma verdadeira alternativa. Nós sabemos que os autarcas têm uma verdadeira paixão pelas rotundas, mas fazer dezenas de rotundas numa estrada que mais se parece com uma rua (ou será uma rua que mais se parece com uma estrada?) não faz uma "requalificação".

A bola está pois nas mãos da população algarvia. A manifestação expressiva de descontentamento na Via do Infante durante um dos Sábados do mês que passou foi uma enorme expressão de cidadania alertando para o facto que os cidadãos são pessoas de corpo inteiro e não são simples marionetas ao serviço das coutadas em que se tornaram os partidos políticos algarvios. Dia 9 de Abril é novamente altura de dar largas à imaginação. Eu pelo meu lado já decidi há muito tempo. Nem PS, nem PSD, contarão com o meu voto.

Tudo o que tem um princípio tem um fim?

sexta-feira, abril 01, 2011

Retalhos de Vida


O S.C. Farense fez hoje, 1 de Abril, 101 anos de vida. Na segunda metade da década de 80 do século passado a minha história de vida cruzava-se com este magnífico clube. Uma passagem sempre inesquecível. A foto em cima retrata a equipa que nesse ano disputou a 1ª divisão nacional na categoria de juniores. Já lá vão 24 anos. A equipa sénior dessa altura dava cartas no campeonato nacional. E o Estádio de São Luís enchia de gente. Boas memórias.

Hoje Há Conquilhas e Amêijoas Também

A partidarite como parte do problema.

Macário Correia, presidente da Câmara de Faro, é um dos rostos da luta contra o pagamento de portagens nas scuts, nomeadamente A22. Ontem, o governo pediu um parecer jurídico para saber se um Governo de gestão tem competências para aplicar a cobrança de portagens nas auto-estradas SCUT que ainda não são pagas, onde se inclui a A22. Como reagiu Macário Correia? Acusando o governo de «calculismo e eleitoralismo». Pela reacção se percebe que o autarca algarvio apenas usa as portagens como arma de arremesso político-partidário e ficou preocupado com esta suspensão de pagamento. Porquê? Não lhe interessa encabeçar a luta contra as portagens no caso de ser um governo do seu partido a tomar a medida. A «partidarite» no desempenho dos cargos públicos é uma parte do problema que nos fez aqui chegar.