A minha Lista de blogues

segunda-feira, junho 30, 2008

Psssss! Caladinhos...que o respeitinho é muito bonito...



Google obrigada a impedir acesso ao site que alojava o Póvoa Online.


Pela primeira vez um blogue é suspenso por ordem judicial em Portugal. O tribunal dá razão a autarcas da Póvoa do Varzim num processo por difamação contra desconhecidos que os acusavam de corrupção. Aconteceu na Sexta-Feira e é a primeira vez que um blogue português é suspenso por ordem judicial.

Para António Pedro Ribeiro, colaborador do blogue suspenso, trata-se de uma "atitude prepotente, autoritária e fascizóide" dos autarcas. Circularam pela cidade vários nomes de suspeitos. Mas os autarcas nunca chegaram a descobrir quem se escondia por detrás da autoria de passagens como esta: "Actualmente (a Póvoa do Varzim) apenas oferece lixo, areia da praia contaminada e um mar poluído, tudo supervisionado por autarcas agarrados ao poder e sustentados por uma teia de corrupção que corrói toda a gestão municipal. Vingou a lei do cimento."

No Jornal Público de hoje, 30 de Junho de 2008, pode-se ainda ler que "O tribunal da Póvoa absolveu no dia 25 o líder da bancada do PS na assembleia municipal da prática de crimes de difamação do Presidente da Câmara, Macedo Vieira, e dos vereadores Aires Pereira, Manuel Angélico e Luís Diamantino, todos eleitos pelo PSD. Em julgamento esteve a opinião públicada há dois anos num jornal local, onde Ilídio Pereira fez referência, entre outras coisas, aos "poderes municipais e muito particularmente o do nosso munícipio, (que) se organizam de forma tentacular, criando dependências e cultivando a subserviência."

Recordo ainda que o autor do blogue Do Portugal Profundo já foi processado e também absolvido num caso de tribunal com o Primeiro Ministro José Sócrates, esse paladino da liberdade de expressão. Recentemente, é Paulo Pedroso que move várias "armas de destruição maçica" em forma de testemunhas, num processo contra Balbino Caldeira. E cada vez mais casos vão sendo do conhecimento público em Portugal.

Já aqui o tinha escrito, a cultura democrática em Portugal é tão frágil que os poderes instituídos não estavam preparados para a "explosão da palavra" na blogosfera e para o avanço brutal e repentino do alargar da discussão pública e da democracia sob a forma electrónica.

Não estando habituados à tomada da palavra por parte do "povo", resta a estas boas almas "democráticas", os tribunais, num país em que a justiça não defende os mais fracos e bastantes vezes é utilizada como arma de intimidação por parte dos poderes societais dominantes.

Da parte que me toca, garanto-vos que tenho todo o cuidado do mundo com o que escrevo e que isso se traduz por vezes num exercício penoso de autocensura. Não podendo escrever tudo o que penso, posso no entanto pensar tudo o que escrevo. É triste, mas depois de séculos de obscurantismo e de dezenas de anos a viver em regime ditaturial é compreensivel que a nossa democracia e os líderes que nos governam ainda a experenciem no seu estado prematuro e não a consigam vivenciar de outra forma.

É triste, muito triste, esta necessidade de autocensura como forma de autodefesa. Mas para além de triste...é mais necessária do que nunca...sobretudo na blogoesfera. Tristes Democratas...

Psssss! Caladinhos...

Ps: É mais importante do que nunca em prole da defesa da blogosfera a reflexão sobre a fronteira entre a crítica política e a ofensa privada e pessoal que nada tem que ver com liberdade de expressão. Fronteira muito difícil de traçar e que abre espaço a todas as formas de censura. Precisamente esta semana, Marcelo Rebelo de Sousa, chamou de maior incompetente do mundo a Jaime Silva, Ministro da Agricultura. Crítica política ou ofensa pessoal passível de acção do tribunal?

Para aceder ao relatório que enforma a decisão do tribunal clique em
http://povoaoffline.blogspot.com/2008/06/o-fascismo-continua-o-povoaonline-foi.html

domingo, junho 29, 2008

Ordenamento da Orla Costeira no LC: Dunas que doiram

Dunas Douradas

Loulé, Allgarve, Portugal

Praia das Marias

Nota: Clique em cima da foto para ampliação da imagem.

"(...) E isto é apenas a crista da onda. Os milhares de frequentadores do Algarve, de ano para ano, de década para década, vêm perdendo a paciência com a mentira contínua com que são burlados. Sempre à espera de que se cumpra a promessa de acabar com o caos; e sempre a verificar que ele nunca parou de crescer.
Quem pode, paga o luxo de alguma largueza de espaço num "resort" protegido por vários hectares de "greens". Outros vão recuando cada vez mais para as abas da serra. A extensa massa do turismo nacional, que é hoje quem aguenta o negócio algarvio, essa sujeita-se à permanente hora de ponta do infernal Algarve - seja Armação de Pera, Albufeira, Praia da Rocha ou Quarteira...Fazem bicha de manhã para o pão, para o leite, para o peixe, por entre um caos automobilístico e urbanístico.
No meio disto, uma trupe de estrangeiros recrutada nos preços mais baixos dos saldos turísticos, vai chinelando de peúgas e canecas de cerveja na mão pelos hotéis de luxo.
Anos sucessivos de desordenamento territorial conseguiram já destruir, afectar ou pôr em cheque todos - mas literalmente, todos - os recantos do Algarve litoral. Nada naquela região está a salvo. O que ainda ontem era um lugar lindo, pode ser amanhã um estaleiro de obras, e no dia a seguir uma urbanização medonha; o que ontem era ainda uma magnífica e produtiva extensão agrícola, pode ser amanhã mais um golfe. Até os imponentes cabeços de serra, podem ser amanhã uma lixeira intermunicipal, uma pedreira infernal, uma escombreira chanfrada por uma via rápida ao serviço de todas as pressas. As mais deslumbrantes arribas ocres podem de um dia para o outro aparecer ao mesmo tempo ocupadas por vivendas e piscinas, e esbarroncadas pela ruína que essas próprias construções lhes provocam.
Não há lugar mais eloquente de irracionalidade de ocupação do território do que o litoral algarvio. Pelo menos nisto, o país em peso está de acordo.
E todavia, as obras não param de crescer, e as ocupações não param de galgar tudo. Não há lei, não há Estado, não há senso comum, não há sequer a noção inevitável do colapso que todo este processo acabará por trazer ao próprio negócio que o moveu. Mesmo sabendo que o litoral algarvio está hoje em zona de alto risco de erosão e que as alterações climáticas aí farão sentir os seus efeitos de forma intensa."

In Luísa Schmidt, País (In) Sustentável. Ambiente e Qualidade de Vida em Portugal, 2007, pp. 171-172, editora Esfera do Caos.

Leitura a não perder.

sábado, junho 28, 2008

Ordenamento da Orla Costeira no Concelho de Loulé

Loulé, AllGarve, Portugal

Praia das Marias


Nota: Clique em cima da foto para ampliação da imagem.

Al(g)arvidades

"Já satura. Há mais de 20 anos que este é um dos maiores consensos nacionais: a abominável degradação a que se deixou chegar a preciosidade ambiental e turistica que era o Algarve! De todos os quadrantes políticos, nalgum momento, ouviram-se as mais explicítas lástimas ao caos a que chegou aquela martirizada região. Citemos apenas duas frases num espectro político insuspeito.
Cavaco Silva: "O Algarve é uma desilusão do ponto de vista do ordenamento do território. Como cidadão, sou obrigado a constatar a confusão, a falta de qualidade, o desordenamento...Mas isso tem muito a ver com certos aspectos negaticos do poder autárquico que, durante muitos anos, os governos da República tiveram pejo de enfrentar (...) incluindo os meus (...) Tenho muitas saudades do velho Algarve" (28/3/95, "Público").
Mário Soares durante a Presidência Aberta sobre o Ambiente: "O caos urbanístico do Algarve resulta de erros acumulados que começaram antes do 25 de Abril. (...) Mas continua a haver projectos que são verdadeiras "enormidades", tanto no barlavento como no sotavento. (...) E até em áreas protegidas há exemplos de turismo selvagem"
(7/04/1994). Mais tarde chegaria a utilizar a expressão "Reboleira" para se referir à desordem algarvia."

In Luísa Schmidt, País (In) Sustentável. Ambiente e Qualidade de Vida em Portugal, 2007, pag. 171, Editora Esfera do Caos

Leitura a não perder.

Ps: A exposição deste texto continua num próximo post.

sexta-feira, junho 27, 2008

Memórias do abate de árvores na cidade

Loulé, ano de 2008

Avenida José da Costa Mealha



Árvore, cujo pomo, belo e brando

Árvore, cujo pomo, belo e brando,
natureza de leite e sangue pinta,
onde a pureza, de vergonha tinta,
está virgíneas faces imitando;

nunca da ira e do vento, que arrancando
os troncos vão, o teu injúria sinta;
nem por malícia de ar te seja extinta
a cor, que está teu fruito debuxando.

Que pois me emprestas doce e idóneo abrigo
a meu contentamento, e favoreces
com teu suave cheiro minha glória,

se não te celebrar como mereces,
cantando-te, sequer farei contigo
doce, nos casos tristes, a memória.

Luís Vaz de Camões

quarta-feira, junho 25, 2008

Do retrocesso social na União Europeia

65 horas de trabalho - Nova Directiva Europeia

Tempos Modernos



A Europa regride socialmente a passos largos após as duras conquistas sociais do pós Segunda Guerra Mundial.

À directiva de "retorno", essa magnífica invenção de desrespeito total pelos direitos humanos mais elementares, junta-se a directiva das 65 horas de trabalho.

As mentes doentes que governam os Europeus são perversas o suficiente para propor 65 horas de trabalho semanais.

Marx deve ter dado milhares de voltas no caixão, espantado com o sonho concretizado do grande capital.

Sessenta e cinco a dividir por cinco, ajudem-me lá por favor, que não sei se estou a fazer bem as contas, dá 13 horas por dia. Restarão oito para dormir e ainda teremos três horas para comer e defecar. Claro que isto garante o fim de semana livre, pois se trabalharmos Sábado e Domingo sem parar, sempre sobra um tempinho durante a semana para repousar.

O capitalismo selvagem, neoliberal, aquele que enforma as grandes decisões estruturantes da União Europeia, em nome da "competitividade", está a contribuir para nos aproximarmos dos padrões de civilização da China e da India.

O direito ao descanso, a um trabalho condigno, à multidimensionalidade da vida social, que não se reduz concerteza ao trabalho; a possibilidade de conciliar a vida conjugal e familiar com o mundo da produção são nesta directiva completamente ignorados e desprezados em nome das mais valias inerentes ao mercado capitalista e da mais completa mercadorização dos seres que ainda se designam de humanos.

Em vez da UE se manifestar vivamente contra o trabalho escravo na China e na Indía e contra o claro atentado aos direitos humanos que significa trabalhar horas e horas sem fim nas mais miseráveis condições de trabalho e por um salário que não assegura o minimo de subsistência, os líderes da UE preferem aproximar-se dos padrões de escravidão desses países, em nome do lucro, da exploração e da "globalização" da economia.

Quem consegue ser produtivo a trabalhar 65 horas semanais? Será o objectivo a "produtividade" ou o regresso à pauperização dos tempos iniciais da sociedade da fábrica não terá como objectivo principal o controlo social total do massivo exército de reserva indústrial do sistema capitalista?

Já sei...já sei...é a "inevitabilidade" da globalização, essa entidade abstracta que a todos nos governa...

terça-feira, junho 24, 2008

Retratos da História Ambiental de Loulé: No lugar da árvore...descubra as diferenças...

Avenida José da Costa Mealha

Ano 2008


Era das Trevas


Avenida José da Costa Mealha

Ano 2008

Era Moderna



Cada árvore é um ser para ser em nós

Cada árvore é um ser para ser em nós
Para ver uma árvore não basta vê-la
a árvore é uma lenta reverência
uma presença reminiscente
uma habitação perdida
e encontrada
À sombra de uma árvore
o tempo já não é o tempo
mas a magia de um instante que começa sem fim
a árvore apazigua-nos com a sua atmosfera de folhas
e de sombras interiores
nós habitamos a árvore com a nossa respiração
com a da árvore
com a árvore nós partilhamos o mundo com os deuses

António Ramos Rosa

segunda-feira, junho 23, 2008

Da não notícia da tragédia da Birmânia

Maio de 2008

Mais de 100 mil mortos provocou o ciclone de Myanmar

E a ajuda da comunidade internacional em que ponto está?



Atenção: Imagens que podem ferir a susceptibilidade dos visitantes

Deixo-vos com um texto de Vitor Malheiros do jornal Público de 17 de Junho de 2008 intitulado:

Hoje não há nenhuma notícia na Birmânia

"Quase sem darmos por isso, a Birmânia desapareceu das primeiras páginas dos jornais e da homepage dos sites. Às vezes, nas páginas interiores, aparece discreta uma notícia, um membro de uma organização humanitária denúncia o abandono das populações, um repórter mostra as filas de gente que esperam ajuda. Mas a Birmânia saiu da ribalta. Para mais, houve o tremor de terra na China. É difícil os media falarem de dois desastres do mesmo tipo ao mesmo tempo. Confunde os leitores.
E a recusa da junta birmanesa em deixar entrar os elementos das associações humanitárias não é notícia? Não. Não é notícia porque já foi. Já se disse e os jornais não podem repetir as mesmas notícias todos os dias. É a lógica perversa da notícia. O que há para dizer hoje sobre a Birmânia que seja diferente do que se disse há três semanas? Do que também não se disse mas se poderia ter dito ontem e anteontem? Nada. Hoje não há nenhuma notícia da Birmânia.
Os militares continuam a expulsar os refugiados dos campos onde estes esperaram, em vão, ajuda alimentar durante as últimas semanas. Dizem-lhes que regressem às suas terras e que refaçam a sua vida. De mãos vazias, de estômago vazio e de coração vazio também. Os birmaneses perderam a esperança, a energia e o interesse na vida, diz um voluntário. Acontece quando toda a nossa família desaparece numa noite. A junta prefere que morram pelos campos, que se afoguem discretamente nas aldeias quando começarem as monções, que deslizem de inacção para o fundo do lodo, que se desfaçam em disenteria. Mortos aos milhares nos campos de refugiados, dariam demasiado nas vistas. Dispersos, passarão mais despercebidos. Mesmo que os números atinjam os 1,5 a 2,4 milhões que estão agora sem abrigo, sem meios de subsistência, sem arroz, sem água potável, sem ajuda médica. Mesmo que essa ajuda se acumule nas fronteiras, nos barcos estrangeiros ao largo.
Os militares continuam a dispersar à coronhada as filas de gente faminta e desesperada que se acumula à beira das estradas. E continuam a prender os populares que, com os seus parcos meios, distribuem alimentos nas zonas atingidas. E a prender quem distribui DVD com imagens da catástrofe. Imagens "trucadas", dizem, para deixar mal o país. A palavra de ordem oficial é que a situação de emergência acabou - por isso não precisam de "chocolates" da comunidade internacional. Agora a hora é de reconstrução - por isso precisam de dinheiro. Onze mil milhões de dólares. Que irão cair nas contas secretas dos militares, enquanto uma parte dos 1,5 a 2,4 milhões sofrerão a sorte dos 134000 que já morreram até agora.
Hoje não há nenhuma notícia da Birmânia. Aung San Suu Kyi continua em prisão domiciliária. Os soldados ameaçam quem se esconda nos mosteiros e os monges que os acolham. As ONG continuam sem poder trabalhar. A ajuda pode entrar, mas tem que ser entregue aos soldados. Já era assim há dias. Nenhuma notícia. É como no Darfur. Também não há notícias do Darfur.
A comunidade internacional tem boas intenções mas não sabe o que fazer na Birmânia. A ONU tem as mãos atadas pelo respeito que a China tem pela soberania nacional de todos os países e principalmente dos que lhe são próximos. Os EUA têm as mãos atadas. A UE também tem as mãos atadas. Se se tratasse de lançar umas bombas, arrasar uma aldeias, matar uns milhares de pessoas, mutilar crianças, seria fácil, porque se percebe a necessidade. Mas lançar ajuda alimentar implica uma grande responsabilidade, não se pode fazer de ânimo leve. A Birmânia ia ficar irritada, a China podia ficar irritada e (neste caso) há o direito internacional a considerar. Nenhuma notícia."

In jornal Público, de 17 de Junho de 2008

Isto é jornalismo de qualidade...pena que o artigo esteja nas tais páginas escondidas do jornal.

domingo, junho 22, 2008

Da Pobreza em Portugal: São as políticas económicas estúpido!

Da distância...entre ricos e pobres...


O Económico é intrinsecamente social. Não é preciso ter lido Marx para perceber que associado a um determinado modo de produção existe sempre um determinado conjunto de relações sociais que em última instância podem condicionar a forma como se reparte o rendimento pela população. Desta forma, intervir nas políticas sociais como se estas fossem independentes das políticas económicas e vice-versa é como pôr um automóvel todas as semanas na lavagem automática e levar anos sem mudar o óleo do motor. A intervenção revelar-se-á sempre desastrosa.

Só uma intervenção nas políticas económicas em direcção a uma maior igualização dos salários e rendimentos pode ajudar a diminuir as assimetrias de rendimento e riqueza dos indivíduos e suas famílias.

Deixo-vos com quem sabe disto. A opinião avalizada do professor Alfredo Bruto da Costa em entrevista recente à revista Visão:

"Nos últimos anos, cerca de metade das famílias portuguesas passou por situações de carência acentuada. É esta a conclusão mais arrepiante de Um olhar sobre a Pobreza, estudo coordenado pelo ex-ministro e actual presidente do Conselho Económico e Social, Alfredo Bruto da Costa, através do qual se fica a saber, ainda, que muitos dos pobres têm empregos seguros. Pelo que o problema diz o autor, se situa ao nível dos salários e podendo ainda haver "um empurrão para baixo" de muitas franjas da classe média.

Ficou surpreendido com algumas das conclusões do estudo? Fiquei: Não fazia ideia de que, no período de seis anos analisado (1995 a 2000), 46% das famílias tivessem passado pela pobreza, em pelo menos, um ano. Isto mostra que não é possível ter uma noção do problema, em Portugal, olhando só para os dados anuais que colocam a pobreza numa taxa de 20 por cento. Outra novidade foi constactar que uma grande parte destas pessoas estão empregadas: 45% dos agregados pobres são compostos por pessoas activas. E entre os que trabalham por conta de outrém, mais de 70% têm um contrato permanente de trabalho.

O que ajuda a desmistificar a ideia de que a pobreza está inevitavelmente associada ao desemprego...Exactamente, bem como até a própria precariedade. O problema põe-se, isso sim, no nível dos salários, que são baixos para se sustentar uma família. Ou seja, não se trata só de melhorar uma política redistributiva, mas também de repartição primária do rendimento. O aumento dos salários é uma das condições fundamentais para combater a pobreza."

In revista Visão de 12 de Juho de 2008, pp. 54-55.

Porque prega Sto. António aos peixes e ninguém lhe liga patavina?

Ridículas...

Abater árvores e colocar flores em postes de luz...

...faz com que as flores pareçam naturalmente
ridículas...



Poema de Fernando Pessoa

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

Álvaro de Campos

sábado, junho 21, 2008

Das luzes, do progresso e da ineficiência energética

Loulé, 20 de Junho de 2008

Avenida José da Costa Mealha - 8h00m da manhã

No lugar da árvore...fez-se luz...



...e no céu e na terra...as almas rejubilam com o progresso da humanidade...


Somos dos países da europa mais ineficientes energeticamente...o que significa que somos dos que menos produzimos para maior gasto de energia...

...fez-se luz?

Bom fim de semana.

quinta-feira, junho 19, 2008

Ainda o abate de árvores na cidade de Loulé: Descubra as diferenças

Avenida José da Costa Mealha

Abril de 2008 - Era das Trevas


Maio de 2008 - Era das Luzes



Pode consultar a notícia no blogue Sombra Verde in http://sombra-verde.blogspot.com/

Qualquer semelhança entre as consequências do abate de árvores nos EUA e em Loulé, no Algarve, num país chamado Portugal, é pura coincidência.

quarta-feira, junho 18, 2008

Os democratas que nos governam e a União Europeia que não quero

E você... tem imigrantes na sua família?



O Parlamento Europeu aprovou hoje a lei para explusão de emigrantes ilegais. A "Directiva de Retorno" passa a criminalizar os imigrantes ilegais e estes, as suas famílias e até menores sozinhos, poderão ser detidos até 18 meses sem direito a julgamento.

Os mesmos líderes europeus que recusam o voto democrático do povo que querem governar, são aqueles que recusam o mais elementar bom senso no cumprimento dos direitos humanos em prole da defesa dos mais pobres e excluídos de um mundo tremendamente assimétrico e injusto.

O mundo global em que vivemos permite a livre circulação do capital económico e financeiro ao toque de um clique de um rato, mas impede a livre circulação de pessoas, sobretudo, dos mais indigentes que habitam o mundo social.

A imigração tem contribuido para o crescimento da riqueza dos países europeus e vai continuar a ser fundamental para o desenvolvimento deste continente, cada vez mais envelhecido e onde os indígenas locais recusam os trabalhos considerados de menor importância social.

Os imigrantes são essenciais ao desenvolvimento económico e social da Europa e porque nos esquecemos muito disto, é preciso recordá-lo, é preciso dizer em voz alta que são pessoas como "nós".

Não raras vezes estas tristes decisões fundamentam-se em correlações ilusórias e míticas entre imigração e criminalidade e servem para agir os fantasmas do racismo e da xenofobia em épocas eleitoralistas.

É com muita tristeza que vejo tratar os imigrantes como mero exército de reserva do mercado capitalista global e a rejeição total pelos líderes europeus da dimensão humana das pessoas que moram nos imigrantes.

Em Itália, já está em prática a política de criminalização dos emigrantes. Em Espanha, eles começam a ser aconselhados ao "retorno" e em Portugal com o seguidismo acrítico do actual governo arriscamo-nos a ir pelo mesmo caminho. Aliás, com a aprovação da directiva já estamos nesta "democrática" direcção.

Aproximamo-nos perigosamente de algumas das "boas" práticas dos Estados Totalitários e nem estamos a dar por isso...

Mais do que nunca...referendos...precisam-se...a Directiva de Retorno acabou portanto, hoje de ser aprovada...e os fantasmas das melhores práticas fascistas agitam de novo a Europa...

E você, está preocupado com isso?

Para saber mais sobre este assunto consulte o blogue de Miguel Portas Sem Muros
in
http://www.miguelportas.net/blog/

terça-feira, junho 17, 2008

Dia Mundial de Luta contra a Desertificação e a Seca

Loulé, ano de 2008

Avenida José da Costa Mealha

Trabalhos de "requalificação"


Desertificação ameaça Algarve

"O Algarve é uma das regiões europeias que apresenta um risco elevado de desertificação a nível do solo, floresta, água e clima, associado aos incêndios, seca, alterações climáticas e gestão de água (...).

Estas são algumas das conclusões reveladas num seminário internacional no âmbito do projecto SIDS Algarve (Sistema de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável), integrado no programa da presidência portuguesa da União Europeia.

A zona que apresenta mais problemas evidentes de desertificação é a Serra do Baixo Guadiana, na zona Nordeste do Algarve, delimitada a Norte pela Ribeira do Vascão e a nascente pelo Guadiana, e inclui todas as freguesias do concelho de Alcoutim e as freguesias de Odeleite e Azinhal, do concelho de Castro Marim.

Os principais sinais de desertificação são a erosão, empobrecimento do solo, perda de biodiversidade, desagregação da estrutura familiar, desertificação humana, envelhecimento da população, diminuição da precipitação, escassez de água no solo e abandono das terras e da agricultura tradicional.

Para solucionar a desertificação nesta área do Algarve, o estudo indica algumas pistas, nomeadamente a introdução de rotações com pousios, a redução da aplicação de químicos, a recuperação da flora local em viveiros e arborização dos terrenos com espécies adaptadas à região.

O estudo acrescenta ainda que para combater a desertificação e erosão dos terrenos se deve aumentar a capacidade de infiltração de água no solo, utilizar sebes vivas, fazendo uma correcta gestão e aproveitamento dos matos e adequar as culturas e a sua rotatividade ao tipo de solo."

Nota: Estes resultados, divulgados em seminário, no âmbito do projecto SIDS, foram divulgados em Outubro de 2007. Há menos de um ano atrás, portanto.

E nós por cá? Poderíamos começar por não abater as poucas árvores que temos e dar o exemplo aos cidadãos do concelho.

Ou será que poderemos implementar este tipo de políticas sem conquistar os cidadãos para práticas ambientalmente sustentáveis?

Fonte: http://www.observatoriodoalgarve.com/cna/noticias_ver.asp?noticia=17282
Ps: Os destaques a bold são de nossa autoria .

segunda-feira, junho 16, 2008

Rola a bola entre dois países

Força Portugal



Austria e Suiça, porque não são países ricos como Portugal, juntaram os trapinhos e dividiram os estádios da bola a meias. Custos e benefícios são divididos por dois que isto de avançar sem parcerias só é coisa mesmo ao alcance dos portugueses.

Até agora, estou a gostar dos jogos que vi. Com muita pena minha não vi quase todos. Do que vi, gostei da Holanda, que junta a eficácia ao futebol bonito, rápido e de qualidade, como só a laranja mecânica nos habituou. A Holanda promete e há que contar com ela para a final. Depois gostei da Espanha, joga tão bem como nós e é mais eficaz nos últimos trinta metros. Com Fernando Torres e David Villa na frente de ataque, "nós", portugueses, no Europeu, até eramos campeões do mundo.

Depois há aqueles que jogam feio, na retranca, vão três a quatro vezes à área adversária e deixam-nos a todos com um sentimento de enorme frustração. Itália, a Grécia (que já foi há vida) são especialistas nesta coisa de conciliar eficiência com eficácia.

Os Alemães e os Croatas, temos sempre que contar com eles. E os Turcos, correm mais que todas as outras equipas juntas e podem nesta fase do mata-mata, provocar diarreias nacionalistas no outro lado do Ocidente.

De Portugal tenho gostado. Jogou muito bem nos dois primeiros jogos e fez muito bem em descansar no terceiro. Contra os Suiços, os não titulares, não ganhando o jogo, foram claramente prejudicados pelo árbitro, com dois penaltis por marcar e um golo legal por validar. Era a feijões, que sirva para ficarmos de sobreaviso.

A partir de agora tudo é possível e podemos ir logo para casa como podemos trazer o caneco. Eu desta vez aposto na selecção de Nuestros Hermanos. Jogam bonito, são eficazes, têm garra e têm tão bons jogadores como nós.

E você, em quem aposta para levar o caneco para casa?

PS: Um post sobre bola para empurrar para zonas do recalcado o abate de árvores da cidade ajuda sempre a manter a sanidade mental...por momentos não nos sentimos impotentes face ao arbitrário decisional dos pequenos poderes...não concordam?

domingo, junho 15, 2008

Continua o abate de árvores na cidade de Loulé

Alertados pelo blogue Ssebastião assistimos incrédulos àquilo que já pode ser considerado uma autêntica devastação do património vegetal do concelho de Loulé.

Inacreditável...

Loulé, 15 de Junho de 2008


Tenho vergonha daquilo que estão a fazer às árvores da cidade onde nasci...e sinto-me impotente face a tamanha enormidade...

Da Democracia na União Europeia: Tristes Democratas...

Para mais tarde recordar...

Dezembro de 2007

Fogo de artifício de comemoração do Tratado de Lisboa



Domingo, 15 de Junho de 2008

1ª página do Jornal Público

Europa tenta isolar a Irlanda se o referendo não for repetido

Opção de sair da UE está implícita nas declarações dos líderes Europeus


"A Irlanda vai ter que decidir rapidamente se quer sair da União Europeia (UE) depois de ter recusado o Tratado de Lisboa, ou se prefere voltar a submeter o texto aos eleitores mediante certos ajustamentos. Esta é a opção posta implicitamente na mesa por vários líderes europeus, que, embora tenham afirmado respeitar o veredicto negativo do referendo da passada quinta-feira, recusam que menos de um milhão de irlandeses travem a vontade de governos representativos de 490 milhões (...)"

Qualquer semelhança entre "isto" e um Estado Totalitário é pura coincidência...

Tristes Democratas...

sábado, junho 14, 2008

Da recusa da democracia na UE: E agora José?

Porreiro pá...



Antes de mais é sempre bom esclarecer que sou um Europeísta convicto. A tecnocracia reinante é fértil nos raciocínios maniqueístas, do género, quem não está connosco está contra nós.

A actual União Europeia mais não é do que um veículo instrumental ao serviço das políticas neoliberais e portanto de uma Europa ao serviço dos grandes negócios do capital.

Essa é a Europa que não quero, pois é injusta socialmente e não tem resolvido nenhum dos grandes problemas da vida das pessoas, contribui para a manutenção de elevados níveis de desemprego, o agravamento das desigualdades sociais, para uma concepção caritativa do social reinante em praticamente todos os países europeus, funcionando apenas de "remendo" aos estragos do capitalismo selvagem global.

Uma Europa que cola o "social" ao seu discurso apenas e só como forma de legitimar a dominação dos interesses do capital à escala global, uma Europa cujos tecnocratas insistem em não pôr à discussão com os seus povos quais os caminhos em aberto, uma Europa com um défice brutal de democracia. Esta Europa, que me desculpem os tecnocratas, não quero.

O "povo", essa entidade mística, mítica e abstracta, pronunciou-se e bem, sobre o Tratado de Lisboa. E votou democraticamente pelo não. A Irlanda, começou desde logo nos discursos da tecnocracia reinante à escala Europeia a ser diabolizada. Que "ingratos" os Irlandeses, até foram dos que mais beneficiaram dos apoios Europeus e agora pagam-nos desta forma.

Esquecem-se essas boas almas "democráticas" que a Irlanda, ao contrário de Portugal, foi dos países que melhor aproveitou os fundos comunitários e que estes foram essenciais aquela que é hoje das nações mais desenvolvidas da Europa. E não foi pelas autoestradas e pelos eventos megalómanos, não senhor, que os irlandeses foram lá.

Os vinte seis estão dispostos a tudo para a fuga em frente, ignorando a legitimidade do voto popular e da vontade dos seus cidadãos e o mais provável é alterarem as regras do jogo para seguirem em frente em nome dos "interesses gerais" da União Europeia.

Dupond e Dupont, desculpem, José e José, duas das principais marionetas ao serviço do grande capital, ficaram desiludidos e desapontados com o povo que verdadeiramente não os compreende.

A Europa construída à margem dos povos e em prole do capital, dos tecnocratas europeus e dos cargos que aos mesmos põe à disposição é uma entidade virtual que mais tarde ou mais cedo vai perder toda a sua legitimidade porque assenta em coisa nenhuma.

E você, já leu o Tratado de Lisboa? Siga o meu conselho...nem tente...

quinta-feira, junho 12, 2008

Do abate de árvores na cidade: Em busca da sombra perdida...

Desapropriado da sombra...


Alguém consegue descobrir quais as árvores que ali estavam? Façam lá esse esforço...

Bom final de semana

quarta-feira, junho 11, 2008

Momentos marcantes da época em que vivi: Bloqueio da Ponte 25 de Abril

O fim do Cavaquistão...



24 de Junho de 1994. O bloqueio da Ponte 25 de Abril anunciava o fim do governo de Cavaco e Silva. As televisões privadas tinham emergido há bem pouco tempo na sociedade portuguesa. Não era mais possível controlar politicamente na totalidade a informação televisiva. A visibilidade social e mediatica da intervenção do corpo policial ajudou e de que maneira ao fim de uma época política.

O homem que hoje faz renascer o dia da "raça" e que tanto se indignou com a "ignorância" dos jovens sobre a política está novamente no topo do poder das instituições políticas.

Qualquer semelhança entre o fim do Cavaquistão e o fim do Governo de Sócrates é pura coincidência...

terça-feira, junho 10, 2008

Criar uma cultura de participação...para quando no Concelho de Loulé?


"Na cidade de Seattle, nos Estados Unidos, o espaço ocupado por um conjunto de velhos armazéns desactivados ficou devoluto. De imediato surguram inúmeros projectos: projectos de vivendas com jardins, projectos de torres para escritórios, projectos para áreas comerciais, projectos para complexos polidesportivos.

A autarquia, contudo, decidiu chamar os municípes a participar no processo de tomada de decisão para aquele espaço. Começou por apresentar publicamente as várias hipóteses, e pediu mesmo aos habitantes que fizessem propostas para outros eventuais usos do espaço dos velhos armazéns. Para isto montou uma vasta campanha de divulgação - nos media, nos locais públicos, pelo correio - explicando claramente o que estava em causa e fazendo apelo às pessoas para participarem. Uma campanha daquelas que só acontecem em Portugal quando se trata de cobrar impostos...

Simultaneamente, pôs-se em campo uma equipa para inquirir os municípes, bairro a bairro sobre aquilo que mais gostariam de ter naquele espaço devoluto. E aproveitou-se para auscultar as opiniões sobre vários outros lugares do município. Os resultados deste inquérito, além dos habituais relatórios, incluiram um mapa onde se desenhavam corações que alargavam ou encolhiam conforme os lugares que as pessoas consideravam mais ou menos amados na cidade. Entretanto, um grupo de municípes avançou com uma proposta própria: Fazer ali um parque público.
A autarquia reuniu então com promotores e cidadãos para equacionar todas as propostas sob todos os pontos de vista, incluindo as vantagens económicas e a sua viabilidade. Fizeram-se sessões públicas com a população para debater os prós e os contras das diversas soluções possíveis. Todos tiveram a ocasião de vir defender as suas ideias. Por fim, a equipa de inquérito voltou ao terreno para apurar os desejos finais dos municipes ao cabo de todo este processo.
Os resultados foram claros: quase por consenso, as pessoas escolheram um parque público para aquele espaço.
Este processo que foi montado em 12 passos diferentes - e ficou conhecido pelo nome de "12 steps to community planning" - conseguiu, num curto espaço de tempo, informar as pessoas e pô-las a participar numa decisão com a certeza de ir melhorar a vida pública local.
Não foi difícil, não foi complicado, não saiu caro. A solução escolhida não terá sido a mais lucrativa, mas foi a que melhor satisfez as reais expectativas dos cidadãos. Além disso, gerou um processo de aprendizagem para todos e constituiu um magnifico exercício de cidadania."

Luisa Schmidt, Cidadania ambiental, passar do "governanço" à governança.
In Monde Diplomatique, Junho 2008, pág 3. Versão Portuguesa.

E nós por cá? Já sei, já sei, é muito complicado, as populações não estão preparadas para isso...e "isso" até pode preverter a democracia representativa.

Foi você que pediu campos de mini-golfe no Parque Municipal de Loulé? Eu não fui...

Bom resto de semana

segunda-feira, junho 09, 2008

Memórias da História Ambiental da Cidade: Era uma vez uma árvore

Loulé, Abril de 2008

Avenida José da Costa Mealha



Na Idade das Trevas...antes de sermos desenvolvidos...e estarmos orgulhosos do nosso movimento de... modernização...

Deixo-vos com o magnífico poema...

As Árvores Cortadas

Deceparam as árvores da rua!
Sem troncos hirtos na calcada fria,
a rua fica inexpressiva e nua;
fica uma rua sem fisionomia.

0 sol, com sua rústica bondade,
aquece até ferir, até matar.
E a rua, a rir sem personalidade,
não dá mais sombras aos que não tem lar.

As árvores, ao vento desgrenhadas,
não lastimam a peia das raízes:
Olvidam sua, dores, concentradas
no sofrimento de outros infelizes.

Eu penso, quando à frente dos casais
vem sentar-se um mendigo meio-morto,
que uma fronde se inclina um pouco mais,
para lhe dar mais sombra e mais conforto.

Sem elas, fica a triste perspectiva
de uns muros esfolados, muito antigos,
que se unem na distância inexpressiva
como se unem dois trôpegos mendigos.

Quando vier com o seu farnel de lona,
arrimar-se à sua árvore querida,
o ceguinho de gaita e de sanfona
será capaz de maldizer a vida.

E aquela magra e tremula viuva
que anda a esmolar com filhos seminus,
quando o tempo mudar, chegando a chuva,
dirá que dela se esqueceu Jesus!...

Meu Deus, seja qual for o meu destino,
mesmo que a dor meu coração destrua,
não me faças traidor, nem assassino,
nem cortador de árvores da rua!

Poesia de Guiuseppe Artidoro Ghiaroni

(Antologia da Nova Poesia Brasileira - J.G . de Araujo Jorge - 1a ed. 1948)

http://www.jgaraujo.com.br/antologia/giu_as_arvores_cortadas.htm

domingo, junho 08, 2008

Do Portugal Profundo e da Democracia Portuguesa

Triste Democracia...



O luto e a vitória

"Apesar do sistema político, Portugal vence e vencerá. Amanhã, 9 de Junho de 2008, segunda-feira, pelas 9:30h, terá início no Tribunal da Boa Hora, 3.ª Vara Criminal, em Lisboa, o meu julgamento, por um colectivo de juízes, no qual responderei por 49 crimes de difamação por queixa intentada por Paulo José Fernandes Pedroso relativamente a posts que escrevi, de 2003 a 2005, neste blogue Do Portugal Profundo sobre o caso Casa Pia de abuso sexual de crianças.

Paulo Pedroso indicou como suas testemunhas:

- o primeiro-ministro José Sócrates
- o presidente da Assembleia da República Jaime Gama
- ministro José António Vieira da Silva
- o presidente da Câmara Municipal de Lisboa e ex-ministro António Costa
- o ex-presidente da República Mário Soares
- o ex-presidente da República Jorge Sampaio
- o candidato a Presidente da República Manuel Alegre
- o ex-primeiro-ministro António Guterres (Alto Comissário do UNHCR)
- o ex-presidente da Assembleia da República António de Almeida Santos
- o deputado e ex-ministro José Vera Jardim
- o ex-ministro e ex-secretário-geral do PS Eduardo Ferro Rodrigues
- o ex-secretário de Estado José Manuel Simões de Almeida
- o ex-bastonário da Ordem dos Advogados José Miguel Júdice

Além destas personalidades, Paulo Pedroso indicou ainda como suas testemunhas: o jornalista Carlos Tomás do 24 Horas (ex-JN) e a jornalista Tânia Laranjo do Correio da Manhã (ex-JN). É meu advogado neste processo o meu Amigo dr. José Maria Martins."

Último post do blogue Portugal Profundo de António Balbino Caldeira

Memórias da cidade: Uma espanhola que gosta de árvores


Fazer orelhas moucas nunca fez bem à saúde de ninguém. Mesmo aqueles que como eu têm a mania de que não fazem orelhas moucas, têm muitas vezes os tímpanos entupidos.

Diz o ditado popular que água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Foi com muita satisfação que vi este Sábado o mercardinho passar para um mini-mercado. Se juntarmos todos os intervenientes dos mercadinhos, a coisa começa a dar um ar da sua graça e as pessoas ainda que poucas, até começam a sair à rua no Sábado à tarde, pois de manhã, a enchente é já garantida.

Como não há bela sem senão, o mercadinho, já maiorzinho, às três da tarde na Avenida José da Costa Mealha, torrava num calor insustentável. Faltavam as árvores, pois claro, e de sombra nem vê-la, a não ser debaixo dos "sombreros" dos expositores.

Qual o meu espanto quando após um ligeiro desabafo do género "não se aguenta este calor", mesmo com muita vontade de ver algumas das interessantes exposições de artesanato local, oiço um linguajar da pátria de Nuestros Hermanos que dizia o seguinte:
- Não se aguenta este calor, cortaram as árvores, acabaram com as sombras e fizeram a mesma coisa no Largo de São Francisco, esta Câmara não sabe o que anda a fazer.

Parei estupefacto... a olhar para a senhora de olhos castanhos e cabelo loiro, e pensei, espantado, com os meus botões... isto das loiras é mesmo estereotipo.

Não deixei a senhora acabar o que dizia, tal era o meu estado de felicidade e precipitei-me a dar-lhe os parabéns. - Felicito-a minha senhora, pois é um prazer ouvi-la falar dessa maneira. Saiba que é a primeira pessoa nesta Avenida que não me diz que as árvores são velhas, que sujam os carros, que deitam resina, e que a vegetação verde, que foi selvaticamente destruída, não faz falta nenhuma a este mundo nem àquele que há-de vir.

A senhora dos seus quarenta e poucos anos, quase cinquenta, bem informada e bem formada, já agora, olhou para mim, espantada e continuou o seu caminho.

Dois extraterrestres encontraram-se na Avenida José da Costa Mealha.

Ao menos não estou louco sózinho...e não sou o único idiota de orelhas moucas que gosta da sombra das árvores...O calor, esse, fazia quase 40º à sombra, como nas belas planícies Alentejanas, debaixo dos chaparros...

Só temos o que merecemos. Ou não será assim?

Bom Domingo!

sábado, junho 07, 2008

Loulé no século XXI: Mudar de vida é preciso

Loulé, ano de 2008

Entre a tradição e a modernidade avançada



Regresso ao futuro...

sexta-feira, junho 06, 2008

O Fim de uma Era: E quando em breve o petróleo acabar?

A Longa Emergência



" O Mundo industrializado assenta na energia barata. Agora, porém, o festim dos combustíveis fósseis está a chegar ao fim, as alterações climáticas revelam-se iminentes e existe a possibilidade de os nossos modelos de indústria, comércio, produção alimentar e transportes, a nível global, não sobreviverem.

A civilização indústrial está em grandes apuros e caminhamos, como sonâmbulos, rumo a um futuro de provações e turbulência. James Howard Kunstler relata-nos o que nos espera depois de ultrapassarmos o pico global da produção petrolifera e iniciarmos, mais cedo do que pensamos, a longa trajectória de depleção - mudanças económicas, políticas e sociais a uma escala épica - A Longa Emergência.

Entraremos num território inexplorado da História. Na Longa Emergência não haverá uma esperada economia do hidrogénio. Teremos que reduzir todas as actividades da vida quotidiana - a agricultura, o ensino, o comércio retalhista. Teremos que dizer adeus à condução automóvel fácil e à aviação comercial. Na Longa Emergência, desencadeada pelo fim do petróleo, viver será permanecermos no mesmo lugar.

À escassez associar-se-ão epidemias e uma agricultura tibuteante, criando sinergias que abalarão as nações e as levarão a procurar agressivamente os meios de sobrevivência."

Pessimismo ou realismo? Fica a questão no ar...

Um livro a não perder:

James Howard Kunstler, O Fim do Petróleo. O Grande Desafio do Século XXI, 2006: Bizâncio.

Bom fim de semana!

quinta-feira, junho 05, 2008

Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho: Homenagem a Haeni Ficht

Recebi esta mensagem de Porto Alegre por e-mail e aqui presto a minha homenagem.

Um exemplo de vida e de cidadania




No dia 5 de Junho, comemora-se o Dia Mundial do Meio Ambiente.
Foi num dia 5 de Junho, em 2006, que foi assinado o decreto municipal que declarava a Rua Gonçalo de Carvalho como Património Cultural, Histórico, Ambiental e Ecológico de Porto Alegre.
Em 9 de janeiro de 2006 morria Haeni Ficht, o líder do Movimento Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho e também fundador e presidente da AMABI - Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Independência.

Haeni morreu sem ver a vitória do movimento iniciado por ele. Mas a semente que plantou desenvolveu-se e deu bons frutos. Cabe a nós que ainda estamos aqui, continuarmos a acreditar que temos o Direito e a Obrigação de defendermos o nosso meio ambiente e resistir a todos que insistem em negar a oportunidade do cidadão comum ser ouvido quando se manifesta em defesa de nosso ambiente e de melhor qualidade de vida para todos.

Neste dia 5 de junho amigos do Haeni e de sua luta em defesa das árvores da Gonçalo, mesmo os que nunca o conheceram, irão prestar uma homenagem muito merecida.
Será celebrada uma cerimónia religiosa na Igreja Nossa Senhora da Pompéia (rua Barros Cassal, 220) às 18h 30min.

Visite a Rua Gonçalo de Carvalho e delicie-se
http://goncalodecarvalho.blogspot.com/

quarta-feira, junho 04, 2008

Dia 05 de Junho: Dia do Ambiente



A nossa escolha é não ter escolha

"As alterações climáticas estão a mudar o nosso mundo para sempre e para pior – muito pior. Isto sabemos nós. O que devemos agora aprender é como podemos lidar com este clima em mudança e como podemos mesmo (e como devemos) evitar a catástrofe através da redução das nossas emissões. O facto é que mesmo com a alteração na temperatura global até ao momento – cerca de 0,7C desde meados de 1800 até agora – começamos agora a assistir à devastação à nossa volta. Sabemos que estamos a testemunhar um aumento de fenómenos climáticos extremos. Sabemos que as inundações devastaram milhões na Ásia; que ciclones e tufões destruíram povoações inteiras em zonas costeiras; que ondas de calor mataram pessoas mesmo nos países ricos e a lista continua. Mas o que devemos recordar é que estes danos são limitados e que vivemos num tempo emprestado. Se este é o nível de devastação causado por aquele, aparentemente, pequeno aumento de temperatura, então pensemos no que poderá acontecer quando o mundo aquecer mais 0,7ºC, o que parece ser inevitável, de acordo com os cientistas – é o resultado das emissões que já lançamos na atmosfera. Pensemos, também, no que poderá acontecer se formos ainda mais irresponsáveis, no que se refere ao clima, e a temperatura subir 5ºC, como previsto em todos os modelos das directrizes actuais. Imaginem: esta é a diferença de temperatura entre a última idade do gelo e o mundo que agora conhecemos. Pensemos e actuemos. É agora claro que lidar com as alterações climáticas não é assim tão difícil. Trata-se de progresso. Os pobres já vivem nas margens da subsistência. A sua capacidade de resistir à seca seguinte, à cheia seguinte ou à catástrofe seguinte já está no limite. Adaptação significa investir em tudo o que pode tornar as sociedades mais resilientes, especialmente os mais pobres e vulneráveis ao clima. Adaptação significa, também, progresso para todos. Mas necessita de muito mais investimento e de maior rapidez. Isto é apenas uma parte do que é preciso. A outra, mais difícil, é reduzir, drasticamente, as emissões actuais. Não há outra verdade. Também sabemos que as emissões estão ligadas ao desenvolvimento e que este está associado a estilos de vida. Devido a isso os nossos esforços para reduzir as emissões têm sido produtivos na retórica mas mínimos na acção. Isto tem que mudar. Terá que mudar enquanto testemunhamos outra verdade: vivemos num planeta Terra e para vivermos juntos temos que partilhar os seus recursos. O facto é que, mesmo que os países ricos reduzam a sua pegada de carbono, os países pobres precisam de espaço ecológico para aumentar a sua riqueza. Trata-se do direito ao desenvolvimento. A única questão que se coloca é se podemos aprender novos modos de aumentar a riqueza e o bem-estar; a única resposta é que não temos outra escolha."

Participação Especial de Sunita Narain
Relatório de Desenvolvimento Humano 2007/2008
Director do Centro para a Ciência e Desenvolvimento

terça-feira, junho 03, 2008

Solidário com a ala esquerda



O rebanho está incomodado com o espírito livre das almas livres. O rebanho e a direcção do partido acusam quem se preocupa com a desigualdade social, a exclusão e a pobreza de quebra de "solidariedade".

O "think-thank" do partido que se diz socialista, António Vitorino, um dos comentadores "independentes" de serviço, da RTP1, diz que Manuel Alegre está a ser pouco prudente. O PS já veio falar de quebra de solidariedade.

O comício da "verdadeira esquerda" que ocorre esta noite, no Teatro da Trindade, em Lisboa, incomoda o PS. O encontro incomoda o Partido Socialista por causa da participação de Manuel Alegre, o homem do milhão de votos.

O porta-voz socialista, Vitalino Canas, acusou Alegre de quebra de solidariedade por se juntar ao Bloco de Esquerda, quem tem estado em guerra de palavras com o Governo.

O rebanho não tolera dissidências e nisso é novamente fiel seguidor da intolerância demonstrada permanentemente por Sócrates face à diferença e às opiniões dissonantes.

Alguns fieis insurgem-se agora contra o que persecutoriamente designam de "intifada" da esquerda ao Grande Líder da Nação Pragmatista. Sócrates, dizem, é insubstituível e não há alternativa ao caminho que este seguiu.

Esta "inevitabilidade" que assegura lugares e posições é a mesma que não tem resolvido o problema das desigualdades sociais, da pobreza, da exclusão social, da corrupção existente no aparelho de Estado e o desfalecimento das classes médias.

Porque a política é feita de alternativas e porque a política não pode ficar presa na tecnocracia reinante, alternativas precisam-se. Lamenta-se que a oportunidade de ouro que foi conferida ao PS para fazer a diferença política tenha afinal servido para servir mais do mesmo.

Parque Municipal de Loulé: O Grande Pulmão da Cidade

Parque Municipal de Loulé: Uma Relíquia em Vias de Extinção


Vivam Apenas

Vivam, apenas
Sejam bons como o sol.
Livres como o vento.
Naturais como as fontes.

Imitem as árvores dos caminhos
que dão flores e frutos
sem complicações.

Mas não queiram convencer os cardos
e transformar os espinhos
em rosas e canções.

E principalmente não pensem na morte.
Não sofram por causa dos cadáveres
que só são belos
quando se desenham na terra em flores.

Vivam, apenas.
A morte é para os mortos!

José Gomes Ferreira

segunda-feira, junho 02, 2008

Retratos da cidade de Loulé: Da era das trevas à idade da luz

Passagem da Idade das Trevas...


...à Idade da Luz...


Árvore Verde - Fernando Pessoa

Árvore verde,
Meu pensamento
Em ti se perde.
Ver é dormir
Neste momento.

Que bom não ser
'Stando acordado!
Também em mim enverdecer
Em folhas dado!

Tremulamente
Sentir no corpo
Brisa na alma!
Não ser quem sente,
Mas tem a calma.

Eu tinha um sonho
Que me encantava.
Se a manhã vinha,
Como eu a odiava!

Volvia a noite,
E o sonho a mim.
Era o meu lar,
Minha alma afim.

Depois perdi-o.
Lembro? Quem dera!
Se eu nunca soube
O que ele era.

(Poesias Inéditas)

domingo, junho 01, 2008

Uma semana depois: As Horas de São Francisco

Largo de São Francisco - Dia 1 de Junho de 2008

O meu relógio assinala 16h28m

No relógio público que horas são?


O tempo perguntou pró tempo
quanto tempo o tempo tem
o tempo respondeu pró tempo
que o tempo tem tanto tempo
quanto tempo o tempo tem

A temperatura ambiente mantém-se nos 14 graus centigratos o que evidencia a constância do clima de São Francisco.

As horas, uma semana depois, continuam a não ser reguladas pelo merediano de Greenwich e agora o relógio não está atrasado mas sim adiantado uma hora.