A minha Lista de blogues

segunda-feira, novembro 26, 2018

Estado Falhado

"Está toda a gente indignada com o “falhanço do Estado” no caso da estrada que ruiu matando pelo menos cinco pessoas. E devem estar não tanto pelo “falhanço do Estado”, porque, para além de ser um falhanço, o falhanço é a regra. A excepção é as coisas funcionarem bem — ou seja, dito à bruta e sem rodriguinhos, Portugal é um dos países mais atrasados da Europa. Repito: Portugal é um dos países mais atrasados da Europa, em que as infra-estruturas estão envelhecidas ou nunca foram modernizadas, não existem onde deviam existir, em que faltam serviços essenciais por todo o país, com mão-de-obra muito pouco qualificada, com patrões muito mal preparados, com baixa produtividade, com uma administração burocrática que não promove o mérito, e é corrupta e clientelar, com instituições de regulação que não regulam nada, com inspectores que não inspeccionam nada, com um território que não tem qualquer policiamento fora das cidades, com escassez de meios para tudo e abundância de desperdício por todo o lado. Podia encher o jornal todo e ainda dava para muita edição. Comparem estatística a estatística e, de novo, salvo raras excepções, Portugal fica num mau lugar. Um país com tanto atraso estrutural gera inevitavelmente má governação a nível local e nacional, porque falta massa crítica para fazer melhor. E falta pressão para que tal aconteça. Por isso temos o Estado que temos e somos, por regra, tão mal governados. As desigualdades são talvez a melhor marca desse atraso."
 

sábado, novembro 24, 2018

Sobre A Endogamia Governamental

Ainda sobre a greve dos estivadores: - para além do maquiavelico plano patronal de colocar trabalhadores contra trabalhadores ainda houve o insólito facto (passou assim meio despercebido) da Ministra do Mar, da GALP e da máfia portuária, Ana Paula Vitorino, ter criticado a precariedade no porto de Setúbal para no mesmo momento o seu fiel e querido marido, o excelentíssimo senhor Ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, ter ordenado a retirada dos trabalhadores grevistas à força, via carga policial. Fico altamente curioso sobre o lugar onde são tomadas estas decisões.

quinta-feira, novembro 22, 2018

Há Lodo Fora Do Cais De Setúbal

"Imagens como estas são clássicas em muitos filmes. Podemos vê-las no filme de John Ford (1940), baseado na obra de John Steinbeck (1939), quando uma família fugida da grande depressão é conduzida a um campo de fruta por apanhar e vê-se envolvida num conflito, com guardas de varapaus e espingardas, a protegê-los dos outros trabalhadores em luta. Ou nos filmes que retratam a luta dos mineiros no Reino Unido nos anos 80. Em todos eles, as forças da ordem alinharam com a liberdade de contratação, e nunca para pugnar pela dignidade no trabalho. Era impensável ver o mesmo quase um século depois e, ainda por cima, pela mão de políticos socialistas. Como se pode dizer que Marx está morto, na gaveta?"
 

quarta-feira, novembro 21, 2018

A Tragédia De Borba, A Ganância do Dinheiro É Que Foi Mais Forte

Um título de artigo de jornal que é um ensaio sobre a lucidez. Borba: Interesses económicos tiveram mais peso do que segurança das pessoas. Estamos no Portugal do século XXI. Para além de ser uma tragédia claramente ilustrativa de como o poder do dinheiro faz criar uma cultura de irresponsabilidade política condicionando a sua inacção é também sinal de um certo Portugal que teima em persistir e que nos coloca ao lado das piores práticas terceiro-mundistas. Não há festival de Web Summit que resista a isto. É assim com a indústria da pedra como poderia ser com a indústria do petróleo ou como poderia ser com o poder de uma quaisquer multinacional que faz o poder do dinheiro converter um quaisquer produto humano em mercadoria. Mais uma vez a demissão do poder político e a sua subordinação ao poder económico a destruir a vida de pessoas humanas. Haverá responsáveis?
 
A ler aqui:

terça-feira, novembro 13, 2018

O Triunfo Da Geringonça E A Destruição Do Estado Social

É isto o sucesso da Geringonça na versão de Costa, da Catarina e do Jerónimo. A naturalização da destruição do Estado Social em forma de indiferença. A gente já nem reage à miséria instalada. Vivas às políticas défice zero e ao cumprimento do Tratado Orçamental.
 

sábado, novembro 10, 2018

De Novo, As Fernandas Câncio Da Luta Anti-Petróleo

Dizem que nos bastidores da luta anti-petróleo há quem queira fazer uma petição a pedir a demissão do Ministro do Ambiente e da Ministra do Mar e há quem desesperadamente tente impedir essa petição de avançar. De novo as Fernandas Câncios da luta anti-petróleo a fazer tudo por tudo para que a geringonça não seja penalizada nas próximas eleições legislativas. Entretando, sem um pingo de vergonha o Governo, a Ministra do Mar e o trabalhador da GALP Ruben Eiras mantém o recurso em tribunal para suspender a suspensão do furo de petróleo de Aljezur. Vamos ver se a pressão para o imobilismo social por parte das geringoncetes é mais forte do que as convições que têm feito a luta anti-petróleo progredir no bom sentido.

sexta-feira, novembro 02, 2018

De Tancos A Aljezur, Um Furo Na Democracia

Ponto da situação sobre a prospecção e exploração de petróleo no Algarve: 1. O Presidente da GALP, Carlos Gomes da Silva, arguido no caso GALPGATE em que a GALP andou a pagar viagens ao Euro 2016 a membros do Governo de António Costa, deputados da oposição e autarcas, anunciou a desistência da GALP do furo de petróleo de Aljezur. 2. A este anúncio o Ministério do Mar que recorreu da decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal de Loulé de suspender o furo de petróleo de Aljezur respondeu com o mais absoluto silêncio estando a Ministra do Mar, Ana Paula Vitorino e Ruben Eiras, o trabalhador da GALP, agora Director-Geral das Políticas do Mar, (sem um pingo de vergonha) a deixar correr em tribunal um recurso posto pelo Governo em defesa das petrolíferas como se as petrolíferas não tivessem já anunciado a desistência do furo de petróleo de Aljezur. 3. Estamos assim numa situação cómica em que o Governo via Ministério do Mar continua a recorrer em tribunal em defesa do furo de petróleo na Costa Vicentina quando as multinacionais do petróleo anunciaram na imprensa que abandonaram o projecto. Este Governo já tinha caído no ridículo com a trapalhada manipulatória do caso de Tancos. É mais que evidente que começa a cair de podre no ridículo com o caso do furo de petróleo de Aljezur. E se o tribunal decide favoravelmente ao Governo e às petrolíferas? A GALP e a ENI vão desistir da desistência? O que está à espera a senhora Ministra do Mar?