Eles são os donos das Quintas no Allgarve. Ocupam o espaço que deveria ser ocupado por quem não está interessado em propaganda, em vender gato por lebre ou fazer caça ao voto. Mas o jornalismo no Algarve (com raras e saudáveis excepções) também não se quer distinguir pela independência face aos donos das quintas. Muito menos escrutinar as opções e o trabalho político desses mesmos donos . Percebe-se. Num país que lê pouco e que é frágil do ponto de vista da cidadania, mais vale jogar pelo seguro e estar do lado de quem nos pode trazer algumas vantagens. Os donos das quintas agradecem.
Mas desenganem-se aqueles que lêem os donos das quintas, se pensarem que vão ali ver reflectidos os problemas das populações e da vida de cada dia. Nas quintas, nem uma palavrinha sobre o desemprego. Nada sobre a grave crise ambiental. O estado da Saúde das populações não é para ali chamado. O desigual acesso à justiça não faz parte daquele mundo. O futuro adiado dos jovens não é problema de quinta. E muito menos a pobreza crescente e a exclusão social que se entranha em redor de cada uma das quintas.
Nas Quintas, só acedem os problemas tidos como "nobres". Nas Quintas, já lá foi o Algarve Chefs Fórum e a maravilhosa gastronomia olhanense. Nas Quintas, já lá foram os devaneios religiosos católicos do presidente que governa as joias da coroa. Nas Quintas, já lá foi o reabilitado edifício-sede da Câmara Municipal de Vila Real de Santo António. Nas Quintas, já lá estiveram os blogues, esses novos instrumentos subversivos que corroem a democracia. Nas Quintas, já lá esteve a auto-propaganda da obra concluída, através do palácio de Estói. Nas Quintas, problema social não entra. A Quinta é o reino do auto-elogio.
As Quintas, no Allgarve. em geral, são um óptimo veículo de propaganda política. São de borla, recorrem a um meio de difusão com impacto a nível nacional. Dão provavelmente jeito a quem concorre na selva do mercado jornalistico e ainda permitem constactar que os autarcas pouco ou nada têm para nos dizer. Entre as Quintas do Algarve e os documentos de propaganda oficial emitidos pelas Câmaras Municipais a diferença aproxima-se de zero.
Veja aqui um exemplo dos sinais do tempo com este exemplo de Quinta:
http://quiosquedacamila.blogspot.com/2009/05/habemus-papam.html
Mais uma vez, caro João Martins, «nota 20»!
ResponderEliminar"O futuro adiado dos jovens não é problema de quinta. E muito menos a pobreza crescente e a exclusão social que se entranha em redor de cada uma das quintas".
Problema das quintas (ou de quem as tem de "gramar" é a cumplicidade entre jornais/jornalistas e o "poder".
Abraço.
L.A.