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domingo, maio 10, 2009

Concentrados de Problemas Sociais: O Bairro da Bela Vista

Vale a pena colocar a hipótese de o bairro da Bela Vista ser um "concentrado de problemas sociais". As políticas de habitação, as políticas do solo e da gestão dos seus preços que "empurram" certo tipo de populações para certas zonas das cidades (ou a ausência dessas mesmas políticas e partindo do pressuposto que a inacção é uma forma política possível), o desemprego em massa, a pobreza e a "exclusão" social, a morte a tiro de um jovem pela autoritária polícia e a revolta dos restantes jovens são possíveis causas... Como sempre, a maior parte das pessoas, reage às consequências. Mais polícia e mais "segurança" não resolve estes problemas...quando muito suspende-os por uns tempos. Tempos duros adivinham-se. Os "insiders" vão cada vez mais exigir a "penalização" dos "outsiders". Uma sociedade fortemente dual como é a actual sociedade portuguesa e que apregoa os valores democráticos da igualdade de oportunidades e da justiça social não pode ser uma sociedade pacífica. Uma sociedade que promete tudo a todos e que apenas consegue satisfazer as expectativas de alguns poucos é um barril de pólvora pronto a explodir a qualquer momento quando os detonadores estão activados.

1 comentário:

  1. OS BANDOS DOMINAM NOS BAIRROS SOCIAIS

    Os partidos de esquerda desculpam sistematicamente a criminalidade com o a pobreza e o desemprego. Parece terem receio de uma atitude mais enérgica na luta contra o crime. Será que ficaram traumatizados desde os tempos do fascismo? Esta postura está a desorientar o seu próprio eleitorado natural: os mais pobres que são também os mais desprotegidos face à criminalidade. Assim, os partidos de esquerda têm muita responsabilidade relativamente ao crescimento da extrema direita que tem um discurso bem mais sensato sobre o combate crime. Barack Obama prometeu ser implacável no combate ao crime e defender ao mesmo tempo os mais desfavorecidos. Não me parece que isso seja incompatível.

    Todos os dias vemos fechar Empresas jogando muita gente no desemprego e na pobreza. Frequentemente, ficam muitos meses de salários por pagar, levando essas pessoas a uma situação de desespero. Se fosse esse o motivo dos desacatos que se têm visto nos bairros sociais, então eles aconteceriam preferencialmente nas manifestações junto aos antigos locais de trabalho, onde se aglomeram muitas pessoas na mesma situação.
    Não! o que se viu no Bairro da Bela Vista foi a homenagem a um criminoso abatido em flagrante pela polícia, numa atitude de desafio à própria polícia como que para testar a sua capacidade de reacção e para uma demonstração de força no bairro.

    Há 50 anos a pobreza em Portugal não era menor que a de hoje - havia muitos "bairros de lata" em vez de "bairros sociais" - e a criminalidade violenta era praticamente inexistente. Se mais pobreza implicasse mais criminalidade, então não teria sido assim. As estatísticas nem reflectem a nossa realidade porque muitas vítimas já nem se queixam porque sabem que os criminosos são rapidamente postos em liberdade, mesmo quando são capturados e depois ficam sujeitos a represálias. Mela mesma razão, vítimas e testemunhas escondem a face quando são entrevistadas pela televisão.

    Já há algum tempo um Mayor de Nova Iorque decidiu que não se deveria menosprezar a pequena criminalidade nem os pequenos delitos, porque a sensação de impunidade se instala nos jovens delinquentes, estes vão facilmente progredindo para infracções cada vez mais graves até que a situação se torna incontrolável. Implementou então a célebre "Tolerância Zero" que, como se sabe, deu óptimos resultados, reduzindo num só ano a criminalidade em Nova Iorque em cerca de metade.

    A actual política portuguesa de manter na rua os criminosos, mesmo depois de várias reincidências, faz (como dizia o Mayor ) crescer a sensação de impunidade: o criminoso continua com as suas actividades criminais, vai subindo o nível dos seus delitos e serve de exemplo para que outros delinquentes mais jovens sigam o mesmo caminho.

    Mas existem muitas pessoas trabalhadoras e humildes nos bairros sociais que não levantam problemas e que só desejam que os deixem viver em paz, o que não acontece, porque estão reféns dos bandos de criminosos que dominam nesses bairros. Não se pode contar com essas pessoas para testemunharem qualquer acto criminoso a que assistam porque têm medo, medo de represálias porque não se sentem convenientemente protegidas pela polícia que também não pode estar sempre presente. Lembra as favelas brasileiras...só que no Brasil polícia e militares juntam esforços para combater o domínio dos bandos nas favelas e tem havido baixas parte a parte mas a polícia começa a chegar onde antes não se aventurava. Por cá, enquanto o crime cresce e toma posições de domínio, a polícia, apesar de vontade, nada pode fazer porque lhe falta a autoridade. Entretanto, Governo, Partidos, e outras organizações não compreendem o que se está a passar e fazem conjecturas absurdas sobre o motivo dos desacatos que é por demais evidente. Será que temos que cair no fundo?

    Zé da Burra o Alentejano

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