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terça-feira, maio 05, 2009
E Se a Europa Não Fosse Uma Via de Sentido Único?
Os racíocinios maníqueistas que dominam o bloco central ainda não oficializado, são, nos debates e discussões sobre a União Europeia, extremamente férteis em reduzir a realidade a preto e a branco. Quem questiona o caminho que esta Europa leva só pode ser anti-europeu e quem endeusa a Europa que vamos tendo só pode ser pró-europeu.
Ora, se é realista reconhecermos que existem os chamados eurocépticos que recusam a ideia de europa em nome de nacionalismos por vezes extremistas (tanto à direita como à esquerda do espectro partidário) é bom que se reconheça que uma boa parte dos críticos são pró-europeus e aquilo que recusam é a concepção neoliberal que tem orientado a política da União Europeia nos últimos anos e que conduziu à catástrofe que agora assistimos.
Eu faço parte destes últimos. Sou um Europeísta convicto. E não é pelas razões evidentes avançadas por alguns dos crânios cá da nossa praça, quando cheios da sua maior importância, nos atiram em cara "o que seria de nós portugueses, se não fizessemos parte da Europa".
Vale a pena recordar as célebres palavras do Sociólogo Daniel Bell quando o mesmo nos fez lembrar a perca de poder dos Estados-Nação em época de globalização. Os Estados-Nação tornaram-se demasiado grandes para fazer face aos pequenos problemas locais e tornaram-se demasiado pequenos para fazer face aos grandes problemas globais. O mesmo é dizer que problemas como o aquecimento global, a gripe suína que nos "ofereceram" os mexicanos, o terrorismo global, o emprego, os direitos humanos, o sindicalismo, o consumo, a produção, a economia global, as off-shores e outros que tais, só podem ter uma resposta eficaz e eficiente, a uma escala supranacional. É aqui que faz todo o sentido a articulação das interdependencias dos Estados-Nacionais para que cada um deles fique a beneficiar com a resolução de problemas que cada um por si seria impotente para resolver.
Por isso é que ao dizer que sou um europeísta convicto preciso ao mesmo tempo desmistificar a ideia feita de que só há um caminho para a Europa. E aqui é importante reconhecer que há um défice democrático na União Europeia. A Europa precisa de mais democracia. É preciso reconhecer que existe um fosso e uma distância abíssal entre os políticos europeus e os cidadãos europeus. A Europa precisa de mais debate e participação dos cidadãos. Os referendos também teriam tido essa função. É preciso reconhecer que as políticas sociais da União Europeia foram um apêndice das políticas económicas e que o que a Europa reclama e apelida de "coesão social" mais não é do que uma concepção mitigada e paliativa que funciona como almofada social para os destroços do capitalismo neoliberal. É preciso reconhecer que as leis do trabalho têm vido a ser encorajadas no sentido da precarização geral do trabalho e da sua desregulamentação. É preciso reconhecer que Durão Barroso foi um poderoso aliado das políticas de Bush e por isso deve ser veementemente recusada a sua reeleição.
É preciso reconhecer, portanto, que outra Europa é possível. E a busca de um caminho mais justo socialmente não nos deve sentir menorizados como cidadãos europeus. Pelo contrário. É ao agir de acordo com as nossas ideias e convições que poderemos construir um espaço europeu que defenda o interesse dos povos europeus. A maior parte dos interesses instalados vão estrebuchar concerteza, mas é a isso precisamente que é necessário agora assistir. Faça como eu, dia 7 de Junho, não fique em casa sentado.
Faço da vida um caminho em que a felicidade está nas pequenas grandes coisas que o mundo nos permite desfrutar.
"Carpe Diem"
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Posts de grande nível tem publicado você.Os três últimos são de lhe tirar o chapéu.
ResponderEliminarO joão milita contra a Europa neoliberal,teme o controlo da net pelos grandes interesses e a sua subjugação à lógica do lucro ... mas será que esse não é um caminho inevitável ? O sistema está em crise mas não faliu.Apesar da crise severa por que passa atrevo-me a dizer que nem sequer foi ainda mais que ligeiramente beliscado.Já viu que os actores são ainda os mesmos.Ninguém os fez sair de cena.E,não tarda nada, estão de volta,fresquinhos e refeitos do susto prontos a começar uma nova partida.
Vislumbra alguma mudança ?
De certeza que também não ficarei em casa. A mudança está em todos nós.
ResponderEliminarTambém não vou ficar sentado ou deitado em casa...mesmo concordando com o Oliveira quando diz "E, não tarda nada, estão de volta, fresquinhos e refeitos do susto..." Pelo menos o meu voto juntar-se-á a muitos outros que acreditam numa mudança!!!
ResponderEliminarUma novidade, amigo João Martins: plantaram 4 árvores na retunda que estão a terminar junto ao mercado de Quarteira!!! Afinal protestar sempre adianta qualquer coisa. Na outra rotunda, mais perto do Parque de Campismo, não verifiquei. As árvores pareceram-me oliveiras...
Olá Oliveira,
ResponderEliminarPenso que as mudanças desde sempre surgiram de movimentos vindos da sociedade dita "civil" ou do "povo" se quiser. Penso que isto não muda de um dia para o outro, mas as condições para que uma mudança de políticas se efectue estão aí e isso vai ser inevitável. Claro que Roma e Pavia não se fizeram num dia e concordo plenamente consigo que até ao momento aquilo a que assistimos foram estratégias de contenção de danos. Os actores que dominam a cena continuam a ser praticamente os mesmos. Acredito numa mudança de políticas a médio prazo, sob pena de "isto" se tornar insustentável, politicamente insustentável. Abraço!
Jorge, pareceu-me que os protestos tiveram algum efeito na atenção a que o património arbóreo passou a ter. Mas os disparates continua-se a fazer. Veja a Avenida Sá carneiro aí em Quarteira. Um grande abraço!
João Martins