Durante os últimos quatro anos três diferentes vozes confrontaram-se no nosso país. A voz de Sócrates, do seu governo e do Aparelho do Partido que se diz socialista (seguida acriticamente e de forma obediente, de uma obediência doentia e cega pelo poder, por quase todos os elementos do partido). A Voz dos Media (e das Sondagens) que se exprimiram atá há muito pouco tempo numa reverência condescendente (em alguns casos trata-se de controlo absoluto) ao governo de Sócrates. E uma terceira voz, a voz da rua, que é ao fim e ao cabo, a voz de quem sofre as amarguras do quotidiano na realidade da vida de todos os dias.
A terceira voz era a voz mais sincera, aquela que falou do que sentia e aquela que deveria ter sido ouvida com mais atenção. A voz dos PS falou ensimesmadamente para si (nós combatemos a crise, os outros combatem o PS). A voz dos Media falou para os seus interesses muito dependentes de quem está no poder (com algumas raras e saudáveis excepções) e a voz da rua foi pura e simplesmente ignorada na mais brutal arrogância de que há memória desde o 25 de Abril de 1974.
Manuel Alegre, afinal, à imagem de Copérnico ou de um Galileu Galilei, era o único que estava certo (e quase foi condenado!). Ficarão para a História as suas palavras: "A rua já se tinha manifestado. Não quiseram ouvir a rua. Disse várias vezes para se ouvir a rua. Agora, a rua foi às urnas!".
Mas desenganem-se aqueles que pensam que as poucas vozes de burro que coabitam no interior do partido socialista irão chegar algum dia ao céu. As vozes de burro são dos mesmos de sempre. Vitor Ramalho já disse o que tinha a dizer. Cravinho já avisou que Sócrates só não chega. António José Seguro já aconselhou a olhar para os resultados alcançados. Aqui o macloulé dirá que com Sócrates e os seus acólitos será impossivel lá chegar. Mas as vozes de burro, não passam disso mesmo, de vozes de burro. A má moeda afastou a boa moeda. Não há nada a fazer. Vassourada é o termo técnico explicativo!
As sondagens dão uma indicação de voto aos eleitores quando anunciam previamente as percentagens de voto previstas para quem deverá ficar em 1º, 2º, 3º ou 4º lugares, o que influencia o resultado da votação, sempre no sentido das sondagens, pois uma boa parte do eleitorado acaba por ser induzido a escolher apenas de entre os partidos que são apontados nas sondagens como ficando em 1º ou 2º lugares. Trata-se de uma tendência desportiva, onde ou se ganha ou se perde. Só por isso as sondagens deveriam ser proibidas e são-no em alguns países. Além disso, estão a tornar-se suspeitas de serem mal feitas ou pouco sérias porque se enganam sistematicamente a favor dos grandes partidos. No final, apesar de tudo, os pequenos partidos acabam por ter sempre mais votantes do que os indicados nas sondagens.
ResponderEliminarNa política não é como no desporto, pois quem fica em 2º, 3º ou 4º lugares também acaba por influenciar o poder. Apenas não têm qualquer influência a abstenção, os votos brancos ou os dados a partidos que chegam a eleger representantes para a assembleia. Também é muito diferente ganhar com maioria absoluta ou relativa, pois se a maioria for relativa o partido ganhador terá que procurar fazer uma coligação ou governar sem ela e na dependência do voto parlamentar. Em qualquer dos casos há que ter em conta outras políticas e outras sensibilidades. Por vezes é essa a única solução e é a democracia que fica a ganhar nestes casos.
Os grandes partidos são alvos de cobiça de interesses particulares que os apoiam esperando receber compensações em retorno quando aqueles forem poder e mais fácil será o retorno se tiverem uma maioria absoluta, por isso um povo politicamente esclarecido deve fugir sempre de dar maiorias absolutas a quem quer que seja, embora todos os partidos as peçam.
Zé da Burra o Alentejano
correcção:
ResponderEliminaronde se lê "Apenas não têm qualquer influência a abstenção, os votos brancos ou os dados a partidos que chegam a eleger representantes para a assembleia."
deve ler-se: "Apenas não têm qualquer influência a abstenção, os votos brancos ou os dados a partidos que não chegam a eleger representantes para a assembleia."
Zé da Burra