"(...) Instituído em Portugal com as revoluções liberais de oitocentos, o direito de voto dependeu durante quase um século do grau de instrução e de rendimentos dos eleitores. No Estado liberal apenas aqueles que possuíssem escolaridade e rendimentos anuais superiores a 100 mil reis podiam exercer o direito de voto. Atendendo às condições exigidas, facilmente se conclui que muito poucos eram os portugueses que votaram, por exemplo, para as Cortes Constitucionais, em 1836.
Com a Implantação da República, em 1910, o direito de voto, tal como pretendido pelas classes populares, foi estendido a todos os cidadãos, independentemente dos seus rendimentos e escolaridade, mas, tal como no passado, excluiu as mulheres. Foi no ano de 1918, que todos os portugueses do sexo masculino puderam eleger o Parlamento, mas às portuguesas esse direito continuou vedado, pese embora as promessas republicanas de corresponder à vontade das sufragistas e conceder às mulheres o direito de votarem.
Em 1931, o regime fascista abriu a possibilidade de voto às mulheres, mas apenas às que possuissem estudos secundários, as quais constituiam um número muito restrito. Durante a ditadura, para além da manipulação dos actos eleitorais, verificou-se ainda que inúmeros cidadãos eleitores eram riscados dos cadernos eleitorais, nomeadamente todos aqueles sobre quem recaísse a suspeita de participarem em alegadas “acções subversivas” contra o regime salazarista e marcelista.
(...) Deste modo, o direito de voto só foi efectivamente alcançado com a Revolução de 25 de Abril de 1974, tornando-se universal para todos os cidadãos maiores de idade. (...)"
in http://www.vozoperario.pt/destaque/129-destaque/246-votar-um-direito-e-um-dever.html
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