O Conde de Abranhos de Eça de Queiroz
"Têm alguns espíritos ávidos de inovação, ainda que no fundo sinceramente afeiçoados aos princípios conservadores, sustentado que o sistema da Sebenta (como na jovial linguagem lhe chama a mocidade estudiosa) é antiquado. Eu considero, porém, a Sebenta como a mais admirável disciplina para os espíritos moços. O estudante, habituando-se, durante cinco anos, a decorar todas as noites, palavra por palavra, parágrafos que há quarenta anos permanecem imutáveis, sem os critícar, sem os comentar, ganha o hábito salutar de aceitar sem discussão e com obediência as ideias preconcebidas, os princípios adoptados, os dogmas provados, as instituições reconhecidas. Perde a funesta tendência - que tanto mal produz - de querer indagar a razão das coisas, examinar a verdade dos factos; perde, enfim, o hábito deplorável de exercer o livre exame, que não serve senão para ir fazer um processo científico a venerandas instituições, que são a base da sociedade. O livre exame é o princípio da revolução. A ordem o que é? A aceitação das ideias adoptadas. Se se acostuma a mocidade a não receber nenhuma ideia dos seus mestres sem verificar se é exacta, corre-se o perigo de a ver, mais tarde, não aceitar nenhuma instituição do seu país sem se certificar se é justa. Teriamos então o espírito da revolução, que termina pelas catástrofes sociais!
Hoje, destruído o regime absoluto, temos a feliz certeza de que a Carta liberal é justa, é sábia, é útil, é sã. Que necessidade há de examinar, discutir, verificar, criticar, comparar, pôr em dúvida? O hábito de decorar a Sebenta produz mais tarde o hábito de aceitar a Carta. A sebenta é a pedra angular da Carta! O Bacharel é o gérmen do Constitucional." (pág.43).
Ler é Poder!
Quando é que Eça acabou de escrever o Conde de Abranhos? ontem? ou ainda o vai terminar nos próximos dias? Se já está acabado, editado e à venda nas livrarias é comprar, comprar, comprar!!!
ResponderEliminar