Manifestação de jovens contra a precariedade no trabalho
Lisboa, Março de 2007
Trinta e quatro anos após o 25 de Abril de 1974 e daquela que foi das maiores manifestações de sempre na sociedade portuguesa, em Maio do mesmo ano; só em Lisboa manifestaram-se mais de meio milhão de pessoas, assistimos actualmente, ao maior ataque aos direitos dos trabalhadores, conquistados com sangue, suor e lágrimas ao longo da história do movimento operário.
Nunca, nenhum governo em Portugal, antes deste, de direita, com o nome de socialista, comandado sob a batuta de José Sócrates, levou tão longe o ataque àquilo que se denomina de "privilégios adquiridos".
O nível de vida baixa de dia para dia para as "classes" trabalhadoras, o poder de compra reduz-se e os preços da alimentação básica sobem, sim, também devido à crise internacional, mas sobretudo pela aplicação prática e cega das políticas de inspiração neoliberal tão do agrado do capital, levadas a cabo por este governo.
O desemprego cresce, e é tido na cabeça dos nossos governantes como uma "inevitabilidade" necessária à reconstrução do paradigma económico que infelizmente ainda temos, assente em mão de obra barata e intensiva e que se resolverá na cabeça de tão ilustres mentes, quando chegarmos à nova economia do conhecimento.
A precarização geral do trabalho graça um pouco por todo o lado. O governo não consegue atacar o problema dos "falsos" recibos verdes e procura a resolução do problema, dando benesses aos empresários, "legalizando" e legitimando, esta autêntica chaga social.
Os jovens, uma das categorias sociais mais afectadas pelo desemprego, sobretudo os mais desqualificados escolar e profissionalmente, adiam eternamente o seu futuro e nada mais lhes resta do que o refúgio imediato nos prazeres mundanos da vida.
Do lado do patronato mais conservador, por vezes sem decoro e vergonha, chega-se a propor a "liberalização" dos despedimentos. As novas alterações do código do trabalho propõem a inadequação ao posto de trabalho, com a "inadaptação" subrepticiamente enfiada neste pacote, como forma de facilitação do despedimento dos trabalhadores.
Os sindicatos, travam uma luta desigual pela dignificação do trabalho e da vida profissional de homens e mulheres. Carvalho da Silva, líder da CGTP, é um dos últimos heróis de uma "resistência" quase já em todo o lado rendida à ideologia neoliberal.
O governo, esse, namora os poderosos, ajusta-se às suas vontades e cola o social ao seu discurso, numa mera perspectiva paliativa e de remendo dos estragos do capitalismo selvagem.
O trabalho, teimosamente, continua a ser fonte central da identidade dos indíviduos e é, paradoxalmente, cada vez mais, na mente dos governantes e do patronato, uma mera mercadoria com valor de troca no mercado capitalista global.
Mais do que nunca, festejar Maio como data simbólica, é dar força a quem trabalha. Se o capital e os seus vassalos políticos atribuem a designação de "conservadores" a quem luta pela manutenção dos direitos dos trabalhadores, estes sabem que sob a capa desta retórica discursiva, que acusa os que "resistem" à mudança, de "Velhos do Restelo", esconde-se um neoconservadorismo que tem como objectivo último a precarização geral das relações laborais.
Festejar Maio, é hoje, mais importante do que nunca!
Quem se mete com a Mota Engil...leva!!! FOI PARA LÁ O COELHO E JÁ SALTOU DA CARTOLA UM CONTRATO DE MILHÕES COM O GOVERNO. Quando Francisco Louçã denunciou a situação fez-se um silêncio sepulcral entre os membros do Governo e na bancada socialista. Em contrapartida os trabalhadores portugueses cada vez estão mais desprotegidos. É uma vergonha o que se passa com este governo. Fala em combate contra a precaridade no emprego quando na verdade cria os despedimentos arbitrários. Ou seja, todos os trabalhadores portugueses, sem excepção, passam a ser trabalhadores precários. É suficiente a entidade patronal dizer que o trabalhador é inadaptado. Mesmo que o Tribunal venha a dar razão ao trabalhador a entidade patronal não é obrigada a o readmitir...o que se chama a isto?
ResponderEliminarTranscrição do comentário que fiz na Louletania. Porque o tema do post proporciona o mesmo tipo de comentário...
Caro Jorge, a culpa não pode morrer solteira!
ResponderEliminarUmbelina