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domingo, abril 20, 2008

Nas véspera de Abril: Opiniões Sobre o Estado da Democracia Portuguesa

António Barreto, Público de 20 de Abril de 2008

Excerto do artigo "Os Inimigos da Democracia"

"(...) É uma velha teoria, tão velha quanto falsa: Os inimigos da democracia (e da liberdade repúblicana, como alguns gostam de dizer) são os fascistas, os comunistas, várias espécies de extremistas, os fundamentalismos religiosos, os plutocratas, os monárquicos, às vezes os capitalistas, eventualmente os sindicatos e quase sempre os anarquistas. Por outras palavras, os inimigos da democracia são os que estão fora da democracia. Os que não participam directamente, os que não beneficiam do sistema e os que querem sobrepor os interesses próprios ao "bem comum" ou à sociedade aberta e plural. Portugal, durante as últimas décadas ( e quem sabe se nas primeiras do século xx), é uma demonstração interessante da falsidade desta "tese". Se excluirmos as tentativas de alguns militares e do PCP, nos anos da revolução de 1974 e 1975, quem ameaçou a democracia foram sempre os democratas. Por incurável demagogia. Por má gestão. Por incapacidade de decisão. Por adiamento de reformas e iniciativas. Por sobreposição dos interesses partidários e pessoais aos problemas do país. Por lutas intestinais inúteis e perniciosas. Por desmedida ambição de algumas pessoas. Por um grosseiro partidarismo. Por uma irreprímivel vaidade de alguns dirigentes. Pela complacência perante a corrupção, a fraude, a irregularidade e o expediente. A derrota de Menezes, em si, é um facto menor da vida portuguesa. As pertubações do PSD já nem surpreendem. Mas o mal que estes episódios fazem à política nacional e à democracia é grave. Os partidos e a vida democrática devem estar, em Portugal, no mais baixo do apreço público. Descrença, desconfiança e desprezo são sentimentos que não faltam na população. Se quiserem encontrar os verdadeiros inimigos da democracia, não é preciso ir muito longe: basta começar pelos partidos e pelos políticos democráticos".

Palavras e frases chave: Partidocracia, descrédito dos partidos, sobreposição de interesses partidários e pessoais aos problemas do país, complacência face à corrupção e à fraude, desligitimação do sistema democrático.

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