É triste que agora nos ameacem com o bicho papão. Escolher entre Manuela e José. É melhor votar José senão vem aí Manuela. Eu não voto José. Ponto final. Sei que depois do José, se vai a Manuela. Pode ser que depois surja uma alternativa em vez de uma mera alternância. E isto não é forma de colocar as coisas. Já bastava o dr. Soares a acenar com o bicho papão da "ingorvernabilidade". Felicidades ao Professor Vale de Almeida.
Ver aqui o post do João Rodrigues do Ladrões de Bicicletas: http://ladroesdebicicletas.blogspot.com/2009/07/os-tempos-ainda-correm.html
É também assim que as “reformas” actuais se impõem: primeiro gera-se o medo do futuro, com previsões catastrofistas matraqueadas todos os dias. Perante o medo as pessoas apenas desejam que não sejam elas as visadas pelas “reformas” e calam-se. Multiplicado por todas as pessoas, esta atitude leva a uma desmoralização generalizada, que redunda numa self-fulfiling prophecy: a ideia de que já ninguém está para isso e de que o mundo é mesmo assim, sem escolhas, sem alternativas, sem sequer se perguntar se é mesmo assim (…) Na Europa, infelizmente, Portugal parece ser um exemplo de vanguarda. Do governo às empresas, passando pelas universidades. Um “bom” político hoje já não é a criatura vagamente populista que promete coisas boas, mesmo que incumpríveis; é antes a criatura que sabe assustar. Já repararam como o optimismo - ou sequer a promessa de que depois de alguns sacrifícios virá a compensação - desapareceu completamente do discurso político (uma vez mais, a todos os níveis) português?».
Miguel Vale de Almeida nos Tempos que Correm. Agora parece que os tempos deixaram de correr. Simplex. Afinal de contas, o que Miguel Vale de Almeida nos propõe para justificar a sua eleição como deputado do PS de Sócrates, de cujas políticas foi um dos mais argutos críticos, é a nova conjuntura política criada pela vitória do PSD nas europeias. A política do voto útil é apenas uma das faces da desmobilizadora política do medo. Uma política que ajudará à imposição das “reformas” que MVA tão bem criticou. Como MVA descobrirá se o seu apelo à maioria de Sócrates, que perpetua uma correlação de forças conservadora, for bem sucedido. Espero que não seja. Não há boas razões para que seja. A coerência não é para aqui chamada. As razões das escolhas, sim. Leiam com atenção o que Francisco Oneto e Nuno Teles escreveram. Quem é que à esquerda, mesmo sendo «liberal», pode querer mais quatro anos deste plano inclinado? Quatro anos de neoliberalização da provisão pública, quatro anos de política que trucida funionários, quatro anos de austeridade assimétrica, quatro anos de consolidação do Estado predador, quatro anos de amputação da segurança social pública, quatro anos de código de trabalho empresarialmente correcto, quatro anos de aumento da precariedade. A memória é uma arma. Contra o medo. Esperança assente em políticas socialistas alternativas.
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