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sábado, janeiro 10, 2009

Regresso à génese: Sobre crianças e infantários

Porquê?



Faz hoje três anos que começou esta aventura do macloulé. Para além de preocupações de cidadania no sentido do alargamento da discussão pública dos problemas da vida da polis, da nação e do mundo em que vivemos, o regresso ao primeiro post aqui escrito em Janeiro de 2006, revela também uma preocupação pessoal que se mantém na ordem do dia. No momento em que o bébe mais lindo do mundo já é um adulto em miniatura e em que vai passar o seu testemunho ao novo rebento que está para chegar, o problema em análise não se alterou substancialmente. Sabemos que o investimento no pré-escolar foi muito significativo nos últimos anos à escala nacional. Sabemos que a oferta deste nível de ensino não obrigatório, apesar de ter crescido substancialmente, ainda não chega para satisfazer a procura fortíssima dos últimos anos. Sabemos que em Loulé alguns investimentos foram feitos no sentido de aumentar a oferta do ensino pré-escolar. Mas também sabemos que as filas à porta da Casa da Primeira Infância continuam. Como também sei que o meu novo rebento que aí vem não vai ter direito de entrada no sistema pré-escolar público (o que é uma situação inadmíssivel) e sabemos, portanto, que a "opção" é entre um familiar deixar de trabalhar para cuidar do bébe (o que não é solução), entregá-lo a uma ama (que não têm formação qualificada para o efeito) ou ainda prescindir de uma parte considerável do rendimento familiar disponivel (duas crianças em infantário ou em creche privados significa valores na ordem dos 400 a 500 euros mensais), o que é insuportável em famílias de médios ou baixos rendimentos. Assim se fabricam e reforçam as desigualdades sociais. Quem pode, pode, quem não pode vá ao TOTTA. Proponho desde já a primeira medida política para Loulé em 2009: Tolerância Zero face à ausência de pré-escolar. Nenhuma família deveria ficar sem a possibilidade de colocar as suas crianças em infantário, creche ou pré-escolar. Esta é uma das medidas que mais ajudaria a desfazer o espanto do professor Cavaco e Silva "O que é que é preciso fazer para que nasçam mais crianças em Portugal?".

Aqui fica o post de 10 de Janeiro de 2006:

http://macloule.blogspot.com/2006_01_01_archive.html

"Caros concidadãos da cidade de Loulé hoje gostava de partilhar um problema pessoal que tenho a certeza que é essencialmente social. Gostava de vos dizer que há muito pouco tempo tive uma das maiores alegrias da minha vida, fui pai do bébé mais bonito do mundo. Começei assim uma nova aventura social assumindo um novo papel social que esperaria eu desempenhar da melhor maneira. Não sendo filho de milionários e tendo que trabalhar duro na selva do mercado capitalista global, tal como a minha esposa, para sobreviver, dei por mim à procura de infantários no concelho desta bela cidade para poder colocar o meu filho, procurando assim manter os empregos do pessoal lá de casa. Depois de ter feito a volta ao infantário no concelho de Loulé, qual Lisboa-Dakar, e de ter feito inscrições em todos aqueles que a aceitaram, acabei por encontrar a melhor solução para o meu rebento. Ficou responsável pelo rebento a avô materna, que de resto foi a melhor educadora que ele poderia encontrar. Isto porque nenhum guarda crianças pode/quis ficar com o mais lindo bébé do mundo.Tudo isto não seria dramático se a mesma para cuidar do bébé não tivesse que deixar de trabalhar, diminuindo assim o rendimento disponivel do conjunto do agregado familiar. Caros concidadãos, depois não nos admiremos que estejamos em recessão demográfica, que os jovens casais adiem os planos do casamento, que adiem os planos face ao futuro e que quando optam por ter filhos muitos tenham que se despedir para que os possam educar. A isto chama-se políticas de fomento de igualdade de oportunidades, tal e qual como refere a nossa constituição. Como cidadão da cidade de Loulé considero inadmíssivel que em troca de infantários, se construam estádios de Futebol, com o dinheiro dos contribuintes, que dão um prejuizo enorme às autarquias, não contribuem para o desenvolvimento económico e social das populações e em que os jogos desportivos que lá decorrem têm uma audiência de meia dúzia de gatos pingados (...) Proponho a solução de se fazer uma adaptação e construir infantários aproveitando as superinstalações do estádio do Algarve e que da relva do campo de futebol se faça um jardim para crianças...para que os nossos bébes de hoje não se tornem os adultos tristonhos do amanhã."

Nota final: Como sabem, no Super Estádio do Algarve, três anos passados, não se fizeram infantários mas ocupou-se espaço com aulas do Ensino Básico, naquele que foi o primeiro Estádio-Escola do Algarve e de Portugal.

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