«O que não dá credibilidade à política é o discurso do negativismo, da maledicência, do pessimismo, do bota-abaixo, e o discurso de que nada se pode fazer no nosso país. Esse é um discurso medíocre que nada tem a oferecer ao país e que só convida à desistência e ao conformismo». Assim discursava José Socrates, em 2008, a uma platéia de fiéis encantados com a sua "determinação" e "coragem" que rejubilaram com tal discurso, recompensando o "chefe" com uma ovacionada salva de palmas.
Na última entrevista dada à SIC Notícias já no início de 2009 e conduzida pelo irmão de António Costa e pelo seu colega, o secretário geral do partido popular da esquerda democrática moderada, que se reclama de socialista (tendo necessidade de o reforçar com veemência para os eleitores nisso acreditarem) terminou no mesmo tom com que costuma ser ovacionado. Do que não precisamos é do bota abaixo, da maledicência e do negativismo de quem só está disposto a "dizer mal" de tudo, de Sócrates e deste governo e nada faz para "resolver os problemas" da nação (Sócrates confunde a crítica política com o "dizer mal" do governo e da sua pessoa.).
Algumas horas depois, já a recessão tinha batido à porta do governo para cantar as janeiras, Augusto Santos Silva, o "cérebro" da equipa governamental e o mais maquiavélico de todos os governantes, no sentido do domínio absoluto do jogo político, acusou Joaquim Aguiar, cientista político presente no programa Prós e Contras, de "nada dizer" com a sua "verborreia vazia" sem "funtamentação alguma" (as palavras não foram estas mas o sentido dado era este) e da sua intervenção apenas demonstrar "ódio" a Sócrates.
A blogosfera está cheia de discursos deste género, vindos de admiradores de Sócrates (basta passar pelos blogues do Concelho de Loulé para nos depararmos frequentemente com comentários deste tipo) que referem sistematicamente que aquilo que precisamos é de gente que "trabalhe" e "faça coisas" pois com a crise que aí está (crise que entendem ter causa meramente internacional como é de bom tom) não precisamos de gente "que só sabe críticar", que só quer dizer "mal do governo", que gente desta não faz "falta nenhuma" e que isto é tudo gentinha que nada faz na vida e passa o dia na "maledicência".
Não sei se isto serão resquícios de quase quarenta anos de dominação à ordem e obediência de Salazar. Não sei se isto será resultado apenas da cultura arrogante do governo de Sócrates, que levou inclusivamente à perseguição de pessoas, quando as mesmas divergiam da opinião do governo (lembro os casos do professor Charrua, do Blogue processado por José Sócrates do professor António Balbino Caldeira, ou ainda de um outro caso grave de "perseguição" na área da saúde no caso de uma crítica afixada de uma parede de uma unidade de saúde). Não sei se isto será o resultado dos resquícios de Salazar e do renascer autoritário do governo de Sócrates em simultâneo. O que sei é que isto revela uma total ausência de cultura democrática.
O que é certo, é que esta gente que faz este tipo de comentários, não percebe, nem sabe, que a democracia é o espaço por excelência do respeito pela pluralidade de pontos de vista. O que é certo, é que esta gente, não percebe, nem sabe, que a democracia é o reino da integração da diferença a partir do consenso negociado dessa mesma diferença. O que é certo, é que esta gente não percebe e não sabe, é que o conflito de opiniões, de interesses, de ideologias, de vontades e de poderes, faz parte do normal funcionamento da democracia.
O que é certo, é que esta gente aquilo que não percebe e não sabe, é que não há caminhos únicos, pontos de vista absolutos, opiniões divinas, políticas inquestionáveis, sociedades em rebanho. O que é certo, é que esta gente não sabe, nem percebe, é que a sua intransigência e a sua intolerância face à opinião divergente foi o mecanismo gerador de todos os totalitarismos e de todas as barbaridades da história humana. O que é certo, é tudo isto que esta gente não sabe.
O neoliberalismo instalou durante demasiado tempo no mundo ocidental o pensamento único e as mentes que se confortaram a essa ideologia, dificilmente se vão libertar dela. Fico arrepiado cada vez que oiço um governante dizer que "não há outro caminho". Fico arrepiado cada vez que oiço dizer um governante "a margem de manobra é estreita". Fico arrepiado com a falta de alternativas do pensamento político. Entretando, vamos todos caminhando lentamente para o abismo a tentar passar pelo tunel desse "caminho imaginado" cuja luz se está a esboroar. Novos paradigmas de pensamento político precisam-se e com urgência absoluta. Os graves problemas que o mundo atravessa não podem esperar mais.
É gastar meus senhores . É gastar. Alguém ontem dizia que as luzinhas de Loulé após o final das festas continuavam acesas. Pois se havia dúvidas ontem elas aí estão de novo acesas certamente à espera do Carnaval que são as próximas festas. Na Câmara de Loulé terão noção do que são iluminações de Natal e quando termina o seu período e já agora quem paga tudo isto ? Não há ninguém certamente.
ResponderEliminarGonçalves
Concordo plenamente Gonçalves. Até parece que somos ricos energeticamente em Portugal. Daqui a pouco estamos no Carnaval.
ResponderEliminarAbraço João Martins