A minha Lista de blogues

quinta-feira, novembro 20, 2008

Tristes Democratas: Da incompetência política dos políticos que vamos tendo

A mais nobre actividade da vida social, a arte de governar as populações e contribuir para o bem comum, anda pelas ruas da amargura. Citando alguém que se coloca a si próprio, de forma pouco humilde, do lado da boa moeda: "a má moeda expulsa a boa moeda" e ficamos limitados tristemente ao governo dos incompetentes.

A política tornou-se uma profissão e uma "carreira" (não foi há toa que Sócrates dizia ainda este ano no parlamento que a sua "carreira" política estava em jogo) e o governo do bem comum foi substituído pela satisfação de interesses pessoais e da clientela dos partidos.

A crise de legitimidade do sistema político actual leva a que os governados desconfiem "deles", os governantes, o que, conjuntamente com a enorme distância ao poder que caracteriza a relação dos cidadãos com a "gentinha" que percorre os partidos, faz com que a democracia portuguesa seja de baixissíma intensidade. Depois, para ajudar à festa, há algumas personagens políticas caricatas, que socializadas políticamente numa parte da sua vida no regime de Salazar, não incorporaram nas práticas sociais e políticas aquilo que também nunca assumiram nos discursos.

É assim que Manuela Ferreira Leite, líder do principal partido da oposição em Portugal, consegue dizer em público aquilo que verdadeiramente pensa (não, não foi um lapso) e vem sugerir que se suspenda a democracia em Portugal: "Vamos lá fazer uma ditadurazinha de 6 meses, e então depois sim, se necessário e a muito custo, depois de toda a gente estar na "ordem" (ou à minha ordem) vamos lá viver em " democrática ditadura".
Disse ainda a mulher que não conseguiu estar calada (como lhe ficava bem o silêncio!), que "não é possível fazer reformas em democracia". Ficámos então a saber que a incapacidade de fazer reformas não tem que ver com a incompetência política dos políticos, mas tem que ver sobretudo com a "maldita democracia" que não deixa os políticos governar.
O segredo de Manuela para a execução das reformas é o regresso da PIDE, da censura (não esqueçamos que ela disse que "não podem ser os media a definir a agenda mediática"), da disciplina e da obediência no local de trabalho e já agora do regresso da inculcação dos valores
Deus, Pátria e Família nas nossas escolas e nos manuais escolares.

Mas não é só Manuela. Sócrates, nós já sabemos como é e nem vale a pena insistir mais na postura que promove a "claustrofobia democrática" e a Maria, sim, a Maria, aquela que não quis lojas de chineses (ou será que eram também os chineses?) na baixa lisboeta, acha também que "...dar 80 euros a um idoso é um ultraje, é um insulto" pois "eles não precisam de 80 euros para ir beber cervejas, para ir comer doces que são diabéticos e ficam doentes, para serem roubados pelos filhos".
É caso para dizer: - Daquilo que nós não precisamos mesmo é de "gentinha" desta nos partidos políticos.

Mas não pensem que eu penso que "todos os políticos são iguais", e que à semelhança do comum dos portugueses, entre os quais me situo, que confundo a árvore com a floresta. Não, não penso assim. Aquilo que verdadeiramente penso é que "eles" são quase todos iguais. Quase todos, a minha grande diferença do que pensa o comum dos portugueses, é no "quase". Quase todos já não defendem o bem comum e o interesse dito geral.

Para completar a festa, vem o Banco de Portugal, essa magnífica agência de emprego, que faz de conta que regula o sistema financeiro, a dizer que o subsídio de desemprego em Portugal é muito "generoso".
É assim, esta "gentinha" que nos governa. Triste democracia.


3 comentários:

  1. ... com o seu QUASE, lembrei-me daquele célebre texto QUASE, atribuido ao Luiz Fernando Veríssimo o filho do grande Érico Veríssimo ... bem, mas o assunto é outro ... sério ... muito sério ... gostei do que li, porque é real ... não gosto, porque assim vai o meu país ... os discípulos do antigo regime começam a despir a pele de cordeiros e mostram as garras imundas...AH!!! não gosto mesmo ...

    ResponderEliminar
  2. Amigo anónimo das 11h51m agradeço desde já a visita. "Quase" todos, já que os que restam são a esperança dos que vivos estão "quase" mortos, porque os que restam do "quase" vivem da morte dos que vivem no "quase" da vida social.
    Um abraço especial para um comentário de grande qualidade!
    Joâo Martins

    ResponderEliminar
  3. Anónima eu? ;)jamé (do francês claro ... )... foi lapso ... o que me vai na alma costuma sair com som ... alto e em bom tom ...

    Bom fim de semana !!

    Liliana

    ResponderEliminar