Outrora o centro económico e comercial da cidade de Loulé, a Rua das Lojas é hoje uma pálida imagem dos seus tempos áureos.
Em época de globalização económica, de crença nos mercados "livres" e na ausência de qualquer tipo de regulação política, o império das multinacionais destrói progressivamente a capacidade do pequeno comércio, enquanto elemento da infraestrutura económica dinamizadora da criação de riqueza dos cidadãos do concelho de Loulé.
Dizia-me um amigo, comerciante do ramo hoteleiro, à tempos atrás, numa tertulia à porta do café, com um rasgo de lucidez extraordinário: "Eu nada tenho contra os grandes hipermercados, uma vez que acho que há espaço para todos. O que me parece é que tem que haver um equilíbrio na difusão dos hipermercados pelo território".
Fiquei encantado com este rasgo de lucidez que me levou a levantar as seguintes questões:
Não haverá no centro do território Algarvio já um excesso de concentração de grandes superficíes? Não caberia ao poder político zelar pela busca deste equilíbrio no tecido económico local? Será possível o excesso concentracionário actualmente existente de grandes superficíes ser compensado com festas e romarias meia dúzia de dias por ano?
Não é a política a arte de tomar decisões e fazer escolhas? Será possível querer casar com Deus e com o Diabo em simultâneo? Será possível exigir ao pequeno comércio que se "modernize" (e ao mesmo tempo transformar a vítima em culpado, dizendo que a sua morte é porque o mesmo não se moderniza) quando toda a política a nível global, nacional e local vai no sentido de arrasar a capacidade competitiva dos pequenos comerciantes?
Será uma "inevitabilidade" social a morte do pequeno comércio?
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