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terça-feira, novembro 25, 2008

Memórias: O Largo do Chafariz

Largo Do Chafariz


Onde o processo de urbanização e de "modernização" da cidade levou à construção de um parque de estacionamento, em que cabem três tristes simbolos do sucesso social do mundo contemporâneo, o mesmo é dizer, três tristes automóveis, ficava o chafariz, no centro do largo.

Aquilo que noutros contextos sociais e temporais seria considerado património histórico, memória da história e da vida de uma cidade ou vila, foi, por e simplesmente cilindrado há anos atrás pela fúria modernizadora.

Este chafariz, com uma função social importantíssima até pelo menos à década de 80 do século XX, era aqui que se concentravam os burros, as mulas e as "bestas" que vinham dos mais variados sítios dos arredores da cidade e era aqui que os animais saciavam a sede a quando da sua chegada à vila de Loulé, é também parte das minhas memórias pessoais e da minha vida passada.

Quantas vezes não fui aqui dar água às mulas e aos burros no "chafariz" e quantas vezes o meu avô que as ferrava e calçava, em condições, como hoje se diria, de excelência, me levava a partir daqui aos mais diversos recantos do interior algarvio para "ferrar" os animais.

Onde hoje é a frente do Castelo (e que magnífico monumento é este no centro da cidade de Loulé) ficava, para quem já não se lembra, a barbearia do Daniel, lugar onde cortei o cabelo quase toda a minha vida, ou não fossemos nós animais de rotinas. À direita, ficava a casa do correeiro Zé de Almeida e ao lado da barbearia, uma magnífica residência que acabou por ser demolida.

A "recuperação" do chafariz, a ser feita, um dia, é a recuperação de memórias que o tempo procura apagar. Não só de memórias da vila e da cidade, mas também memórias de gente honrada que nela viveu.

8 comentários:

  1. Caro João Martins; tenho esboçado um quadro, de há anos, com tudo do que aqui fala. Espero poder termina-lo e apresenta-lo numa próxima exposição, quando?... Luís Furtado

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  2. Eu até tinha esquecido que esse era o antigo largo do chafariz ... memória curta?! ... muita coisa mudou sem dúvida ... o castelo tem uma beleza que antigamente não era tão visível ... nas daí a apagarem outras memórias ... Ficamos a aguardar o próximo quadro do Luis Furtado ... numa próxima exposição a não perder ... agora ala que se faz tarde e tenho que passar por essa nossa terra ... antigamente, confesso, o trabalho não me permitia ser tão assídua ... :)
    Abraço

    Liliana

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  3. Muito bom post.
    Bom apelo a memoria colectiva.

    Cumprimentos
    Paulo

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  4. Infelizmente o progresso não se compadece com a preservação da memória quando os políticos, especialmente a nível local, têm uma visão curta levando-os a destruir um património de interesse histórico como era o chafariz. E, actualmente, se ele existisse, teria grande interesse turístico porque a localização se enquadrava, na perfeição, com o meio envolvente, em especial com o castelo...

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  5. Luís, Liliana, Paulo e Jorge, agradeço desde já a vossa visita :))

    Ao Luís Furtado oferece-me dizer que era concerteza pata todos nós louletanos e outras gentes aqui residentes um enorme prazer em ter aqui a sua exposição. Fico expectante em relação ao novo quadro pois de certeza que a geração dos meus avós ficará a partir dele extremamente grata pelo testemunho histórico que a arte também nos proporciona.

    Há uma pintura em azulejo na pastelaria Amendoal junto à rotunda da Caixa Geral de Depósitos que é um belo fresco da imagem que acabei de escrever.
    Um dia destes fotografo e trago para aqui.
    Abraços a todos.
    João Martins

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  6. Há já algum tempo, penso que neste blog, perguntei se alguêm sabia onde estavam as pedras do Chafariz que ali existiu. É que isto faz-me confusão, pelo peso que tinham não devem ter sumido, não acham?
    Bruno Brejeiro

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  7. Ora vivam todos! Desculpem por vir aqui para responder ao Bruno... nas minhas buscas de tais pedras fiquei sabendo que no tempo da Dr. Isilda Martins à frente da Cultura na CML o Chafariz foi desmontado e as suas pedrasincluídas no aterrodas Covas da Areia, no Areeiro. Eu não vi, mas não me custadar crédito à informação de fonte que tenho à mão e reputo de credível.

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  8. Olá professor. Obrigado pelo esclarecimento em relação ao Chafariz, pois a informação que eu tinha apenas se ajusta ao local.
    Segundo me disseram, o Chafariz que falta naquela foto, está a ornamentar um jardim lá para as bandas do Areeiro, pertença de um respeitável cidadão que naquela altura desenvolvia uma grande actividade política. Verdade? Mentira? Não sei...
    Mas já era altura da D. Isilda dizer alguma coisa sobre isso, não acham?

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