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terça-feira, maio 27, 2008

Quem vos avisa amigo é...

Porque fecha os olhos o governo de Sócrates ao agravamento das desigualdades sociais em Portugal?



Mário Soares avisou hoje o PS para olhar com a devida atenção para o agravamento das desigualdades sociais, para a pobreza persistente em Portugal e para o descontentamento crescente das classes médias.

No mesmo dia, Sócrates, falava a um grupo de fiéis seguidores do partido, que o escutavam com a reverência de sempre, e jurava a pés juntos que se está a fazer um "alarme social" e a falar de fome sem razão aparente para isso.

Manuela Ferreira Leite, a próxima Primeira Ministra de Portugal, também neste fértil dia de afirmações iluminadas de sabedoria política, afirmou sobre o mundo do trabalho e do emprego que já não faz sentido falar de "precariedade" das relações laborais porque tudo hoje é "precário". Portanto, nem vale a pena discutir isso a que o bom povo chama de "precariedade".

Assistimos, assim, num só dia, à recusa dupla da realidade. Sócrates continua a viver no seu mundo de fantasia, qual Alice no País das Maravilhas, Ferreira Leite, "naturalizou" desta forma a precariedade e assume a sua "inevitabilidade" social.

Soares, o "Velho do Restelo", com certeza "caduco" aos olhos desta gente, aconselhou a fortalecer o Estado e a não entregar a riqueza aos privados. Avisou também, porque amigo é, que o PS a continuar assim contribuirá inevitavelmente para a subida eleitoral do PC e do Bloco de Esquerda.

Os actuais dirigentes do partido que se intitula socialista e que mais à direita se situa em Portugal, exceptuando talvez, sim, talvez, o PP de Paulo Portas, já nem aos interesses do partido atendem. O partido, irremediavelmente, está entregue aos interesses do grande capital.

Como nos faz o favor de relembrar Sócrates, depois dos sindicatos, o seu grande "inimigo" agora é a "esquerda". Esses ideólogos do passado que não o compreendem...

O rebanho, esse, põe a manutenção do poder e dos lugares em primeiro lugar...

E a política partidária, essa, caminha suicidariamente para o abismo...

Depois vem-se chorar leite derramado com a retórica de que os jovens não têm interesse na política...porque haveriam de ter?

5 comentários:

  1. Excelente texto que subscrevo na íntegra. Não foi só Mário Soares a criticar a política anti-social do governo de Sócrates completamente rendido ao grande capital esquecendo por completo o papel social que o Estado tem que desempenhar. Também Manuel Alegre, nos Açores, ao falar sobre Carlos
    César, que é o líder do PS/Açores, elogiou o seu sentido de Estado e a sua "elevada sensibilidade social", considerando que o chefe do executivo açoriano "honra a herança de Antero e do socialismo português".
    "Não é um socialista de plástico, feito por uma agência de comunicação", acrescentou depois, em declarações aos jornalistas no final da apresentação do seu livro.
    É óbio que "o socialista de plástico" tinha destinatário...
    Entretanto o governo chegou a acordo com os sindicatos da UGT da Função Pública sobre a reforma que vai efectuar...os tais sindicatos não sérios que Francisco Louçã falou recentemente. E pelos vistos com imensa razão. Em breve teremos João Proença, secretário-geral da UGT a aprovar o novo Código do Trabalho. Primeiro fará declarações de repúdio para lançar poeira nos olhos dos trabalhadores para de seguida, como normalmente acontece, acabar por soçobrar às directivas do partido. É o que se chama de um sindicalista 2 em 1.
    Na sessão de esclarecimento e propaganda que Sócrates teve com a Comissão Política do PS para discussão do novo Código do Trabalho, João Proença, membro dessa comissão política, entrou mudo e saiu calado.
    Questionado por um jornalista sobre esta dúbia postura, João Proença respondeu que não confunde a sua condição de sindicalista com a de dirigente do PS.
    E disse mais: que não usava as reuniões do partido para defender os pontos de vista como chefe da UGT.
    Quando o jornalista lhe perguntou se “tinha dupla personalidade política”, sentiu-se ofendido e respondeu-lhe: “dupla personalidade política terá o senhor!”
    Nos próximos capítulos do Código do Trabalho veremos...

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  2. Boas Jorge...agradeço o texto...de um observador acutilante...

    Abraço!

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  3. Caro João:
    E, depois disto, valerá ainda a pena falar em socialismo, em Portugal?
    Vi hoje, na TV, um programa interessante sobre a Noruega. Aqui há umas duas dezenas de anos, convivi muito com noruegueses e suecos. Eu sentia inveja dos segundos e os primeiros sentiam inveja... de nós.
    Não sei se os noruegueses se sentem, hoje, a viver em socialismo. Mas tenho a certeza de que não têm inveja nenhuma de nós, agora.
    Parece que têm, por lá, uma carga fiscal tremenda. Mas têm, ao que parece, uma Estado-providência a sério.
    O mesmo Estado-providência que hoje todos os nossos políticos (com a excepção, talvez, de Jerónimo Sousa) dizem que é cada vez mais impossível manter.
    Deixemos, pois, o nosso primeiro a navegar no seu "país das maravilhas"...
    Um abraço.

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  4. Lourenço Anes escreveu:

    "Vi hoje, na TV, um programa interessante sobre a Noruega."

    Eu também vi uma entrevista a uma cidadã Norueguesa em que esta afimava que grande parte dos noruegueses tem casa junto do local de trabalho, tem casa no campo e um muito bom número de noruegueses tem uma casa em Portugal, na Espanha, na Suiça etc., etc.. O marido é piloto ela não fixei a sua pofissão, tem duas filhas e um rendimento de 12.000.OO
    euros mensais. descontam cerca de 3.000.OO euros mensais dos seus rendimentos e que o rendimento médio mensal de cada noruegues é de cerca de 4.OOO.OO.

    O figurão do pinto de sousa (PS) (espécie de pombo bravo) é retratado gentilmente nalguns videos que se encontram em endereços como o que segue. Que mais nos vai acontecer.

    http://www.youtube.com/watch?v=BucDTyDeU44&feature=related

    Um abraço,

    Umbelina

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  5. O BICHO

    Vi ontem um bicho
    na imundície do pátio
    catando comida entre os detritos.

    Quando achava alguma coisa,
    não examinava nem cheirava:
    Engolia com voracidade.

    O bicho não era um cão,
    não era um gato,
    não era um rato.

    O bicho, meu Deus, era um homem.

    Manuel Bandeira

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