27 de Março de 2010
Presidente da República recebe Manifesto contra Abate de Árvores em Loulé
27 de Março de 2010. Presidente da República, Aníbal Cavaco e Silva, recebe o manifesto contra o abate de árvores em Loulé das mãos do Presidente da Associação Árvores de Portugal, dr. Pedro Santos. Aqui vos deixo o manifesto redigido.
“Exmo. Sr. Presidente da República
Exmo. Sr. Presidente da Câmara Municipal de Loulé
Exmo. Sr. Presidente da Assembleia Municipal de Loulé
Exmos. cidadãos da Cidade de Loulé
O movimento de cidadãos de Loulé pelas árvores do Concelho, do qual fazem parte autores de diversos blogues e a Associação Árvores de Portugal, apela à sensibilidade de Vossas Excelências para os problemas patentes neste manifesto conjunto.
As árvores fazem parte da vida das cidades. Estão vivas e criam vida à sua volta. Guardam histórias e criam memórias.
É também certo que há quem as despreze. Seja porque as folhas entopem as sarjetas, porque sujam os passeios, porque tapam as vistas, porque servem de abrigo aos pássaros que nos sujam o carro, porque isto e porque aquilo. O ódio à árvore chega ao ponto de criar mitos como o de serem as árvores as principais responsáveis pelas nossas alergias, logo elas que eliminam muitos dos poluentes em suspensão no ar e produzem o oxigénio que respiramos, enquanto fixam o poluente dióxido de carbono.
A uma câmara pede-se que tenha vistas largas e que perceba e respeite a importância das árvores em meio urbano. Os nossos antepassados plantaram as árvores à sombra das quais descansamos hoje. Foi esse o seu legado para o futuro. É esse património, parte da nossa identidade regional e nacional, que queremos ver defendido no presente.
Vendo esse património perigar a passo acelerado, apelamos a que a Câmara Municipal de Loulé (CML) torne públicos os relatórios técnicos que sustentam a decisão de proceder aos abates de árvores que têm ocorrido, de forma recorrente, nos últimos anos, no concelho. Dado todo o secretismo de que estes abates se têm revestido, é justo que os cidadãos de Loulé se questionem sobre o conteúdo destes relatórios que, supostamente, sustentam algumas intervenções recentes, como o corte de árvores na Avenida José da Costa Mealha, em algumas artérias de Quarteira ou a desastrosa rolagem da araucária situada nos claustros do Convento do Espírito Santo, espécime monumental que marcava e definia o perfil da cidade.
Se esses estudos existem, e são tecnicamente inatacáveis, não seria do próprio interesse da CML, torná-los públicos, contribuindo para a dissipação de qualquer dúvida sobre as intenções por detrás destas intervenções da autarquia? O que receia a Câmara de Loulé?
Mais bizarro é todo o processo que conduziu ao abate de 16 tílias com cerca de 60 anos, na Praça da República. Sendo certo que uma empresa de arboricultura atestou a necessidade de abater 12 desses exemplares, cabe aos cidadãos de Loulé perguntar ao seu Presidente:
a) Tendo os decisores políticos conhecimento deste parecer técnico, por que motivo não esclareceram as pessoas e as prepararam para este desfecho, a bem da sua segurança?
b) Quais os motivos técnicos que levaram a não se optar por um abate faseado e que permitisse salvar 4 das tílias que, do referido relatório, se infere não representarem perigo para os transeuntes
e seus bens?
c) Pelo contrário, por que motivo se sonegou toda esta informação e se procedeu a uma intervenção apressada, abatendo todos os exemplares em 36 horas, com o supremo mau gosto de ter coincidido com as celebrações do Dia da Árvore? Acaso a autarquia tem os seus munícipes em tão baixa consideração que os julgava incapazes de não se indignarem com o desaparecimento destas árvores, sem qualquer explicação?
Muitas questões e poucas ou nenhumas explicações. Basta! As pessoas querem ser ouvidas e que as suas opiniões e sentimentos, face à cidade que amam, sejam consideradas por quem governa os destinos do concelho.
Se é tarde para corrigir os erros do passado, ainda vamos a tempo de evitar a sua repetição no futuro. Loulé e os louletanos exigem saber se amanhã, ao acordarem, as suas árvores ainda estarão de pé ou se cairão, ao som de uma motosserra, vítimas de um pecado que nunca chegarão a conhecer.
Por último, convém relembrar a Câmara Municipal de Loulé que todos os dias são o Dia da Árvore e que de nada serve, em termos de educação ambiental, plantar uma árvore a 21 de Março se, nos restantes dias, se destrói em minutos o que levou dezenas de anos a crescer.
Seria ainda interessante se esta edilidade se tornasse, com a ajuda e colaboração dos seus munícipes, num exemplo nacional daquilo que é obrigatório fazer ao nível das autarquias para promover e preservar os arvoredos das nossas cidades, condição imprescindível para a saúde e bem-estar das populações que nelas habitam e património que deverá ser legado aos que, no futuro, irão julgar os nossos actos segundo aquilo que tivermos a capacidade e inteligência de lhes deixar.
Com os respeitosos cumprimentos dos abaixo assinados.
Loulé, 27 Março 2010
António Almeida, professor, Blogue “seBastião“
Hélder Raimundo, professor, Blogue “Contra>senso“
João Martins, professor, Blogue “Movimento Apartidário da Cidade de Loulé“
Manuel Costa, Engenheiro Agrónomo
Miguel Rodrigues, professor, Blogue “Árvores Monumentais do Algarve e Baixo Alentejo” e
Associação Árvores de Portugal
Pedro Santos, professor, Blogue “A Sombra Verde” e Associação Árvores de Portugal.
Ps: A foto em cima foi copiada do blogue Louletania.
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