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sexta-feira, abril 10, 2009

Para mais tarde recordar: O Genocídio do Ruanda

Fez este mês de Abril 15 anos...foi ontem.



Distinguem-se no Ruanda dois grupos étnicos: a maioria hutu e o grupo minoritário de tutsis. Desde a independência do país da Bélgica, os seus líderes sempre foram tutsis, num contexto de rivalidade étnica agravada com o tempo devido à escassez de terras e à fraca economia nacional, sustentada pela exportação de café. Em 1989, o preço mundial do café reduziu-se em 50%, e Ruanda perdeu 40% do seu rendimento com a exportação. Nesta época, o país enfrentou a sua maior crise alimentar dos últimos 50 anos, e ao mesmo tempo aumentava os gastos militares em detrimento dos investimentos em infra-estruturas e serviços públicos.

Em outubro de 1990, a Frente Patriótica Ruandesa, composta por exilados tutsis expulsos do país por hutus com o apoio do exército, invade o Ruanda pela fronteira com o Uganda. Em 1993, os dois países firmam um acordo de paz, o Acordo de Arusha. Cria-se no Ruanda um governo de transição, composto por hutus e tutsis. Em 1994 as tropas hutus, chamadas Interahamwe, são treinadas e equipadas pelo exército ruandês e instigadas à confrontação com os tutsis por parte da Radio Télévision Libre de Mille Collines (RTLM) dirigida pelas facções hutus mais extremistas.

Estas mensagens incidiam nas diferenças que separavam ambos os grupos étnicos e, ao passo que o conflito avança, os apelos à confrontação e à "caça do tutsi" tornaram-se mais explícitos, designadamente desde o mês de abril, em que se fez circular o boato de a minoria tutsi planejar um genocídio contra os hutus. De acordo com Linda Melvern [1], uma jornalista britânica que teve acesso a documentos oficiais, o genocídio foi planificado. No início da carnificina, a tropa ruandesa estava composta por 30.000 homens (um membro por cada dez famílias) e organizados por todo o país com representantes em cada vizinhança. Alguns membros da tropa podiam adquirir rifles de assalto AK-47 tão somente preenchendo um formulário de demanda. Outras armas tais como granadas nem sequer requeriam desse trâmite e foram distribuídas de forma maciça.

O genocídio foi financiado, pelo menos parcialmente, com o dinheiro apropriado de programas de ajuda internacionais, tais como o financiamento fornecido pelo Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional sob um Programa de Ajuste Estrutural. Estima-se que 134 milhões de dólares foram gastos na preparação do genocídio em Ruanda -- uma das nações mais pobres da terra -- com 4,6 milhões de dólares gastos somente em facões, enxadas, machados, lâminas e martelos. Estima-se que tal despesa permitiu a distribuição de um novo facão a cada três varões Hutus.

Segundo Melvern, o primeiro-ministro de Ruanda, Jean Kambanda, revelou [2] que o genocídio foi discutido abertamente em reuniões de gabinete, e uma ministra no gabinete disse que estava "pessoalmente a favor de conseguir livrar-se de todo os Tutsis... sem os Tutsis todos os problemas do Ruanda desapareceriam".

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Genoc%C3%ADdio_do_Ruanda

ps: Os espaçamentos e os reforços a bold são de minha autoria.

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