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sábado, abril 11, 2009

O Colar de Pérolas

Acabo de passar na entrada de Loulé como quem chega de Faro. A seguir à Goncinha, na primeira rotunda antes de entrar em Loulé, deparo-me com a imagem gigantesca da ex-ministra da educação e das finanças de Cavaco e Silva, num daqueles cartazes eleitorais que se designam modernisticamente de outdoors e cuja localização espacial é estudada minuciosa e rigorosamente numa relação inversamente proporcional ao estudo e reflexão partidária da grave crise económica e social dos tempos que atravessamos.

Confesso-vos que aquilo que mais se destaca é o colar de pérolas de Manuela. Num tempo em que a política é feita das e para as televisões, a imagem dos políticos não é uma coisa de menor importância. É conhecida a acusação a Eisenhower, quando este contratou a primeira agência de comunicação, para fazer a propaganda da sua campanha eleitoral, nos EUA, de "tentar vender-se como se vende um sabonete".

Sabemos hoje que a ideologia, ainda conta e muito, nas escolhas dos eleitores, isso mesmo nos têm demonstrado os politólogos André Freire e Pedro Magalhães nos estudos que vão divulgando na academia e na imprensa portuguesa. O que não podemos negar é que numa época de personalização progressiva da política e numa sociedade de consumo mediático a imagem não conte. Conta concerteza e de certeza que o seu peso nos resultados eleitorais, sem ser determinante, é considerável.

O professor Marcelo tem sido incómodo e simultaneamente perspicaz nas suas intervenções sobre a "imagem de Manuela que não passa". Sócrates reduziu a política a um "seguidismo ziguezagueante" e "pragmático" "daquilo que está a dar" e do que "os eleitores parecem querer ouvir" e é o expoente máximo da personificação da política e do culto da imagem. O último congresso do PS foi um sucesso de marketing político da venda do "sabonete". Mário Soares, naquela que possivelmente foi a sua última batalha eleitoral, perdeu, pressinto, milhares de votos, de cada vez que as câmaras de TV faziam grandes planos das rugas nas suas mãos trémulas.

Manuela não sei se perderá mais votos com a célebre frase da "suspensão da democracia" por seis meses ou pelo facto de ter uma imagem "anacrónica" para os tempos imagéticos que correm. Depois das críticas de Marcelo e das malditas sondagens persistirem em baixa, Manuela melhorou a sua relação com o botox.

Em Loulé, Vairinhos, se for inteligente, passará todos os dias uns largos minutos em frente ao espelho, imitando a bruxa má da história da Branca de Neve, confrontando-se obsessivamente com a célebre pergunta: "espelho meu, espelho meu, existe alguém mais belo do que eu?". Na blogosfera louletana, a jovem Camila, a pedido de "várias famílias", concerteza socialistas, fez a cortesia de trocar o retrato do professor, que colocou num dos posts do seu Quiosque, respondendo dessa forma ao apelo à colocação de um outro retrato, com uma imagem de "envelhecimento charmoso" que se poderia ir buscar ao blogue da Tertúlia dos Trinta. Seruca, com a máquina de propaganda bem afinada, qual polvo cujos tentáculos chegam a todo o lugar, de certeza absoluta que não vai descurar a venda do sabonete.

De toda a forma, vale a pena lembrar que o sabonete só por si, sem a consistência política dos candidatos, não vende. Falem com Obama. Ele é o produto eleitoral perfeito. Quanto vale um colar de pérolas?


1 comentário:

  1. Parece-me que a coisa já está ao alcance de qualquer político de três tostões. Basta ter um computador e um amigo que saiba mexer no photo qualquer coisa e aí estão eles todos com 30 anos idade ideal para não se saber nada e tentar enganar o Zé povinho. Nelote

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