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quarta-feira, julho 23, 2008

(Re) Leituras...

Os Herdeiros



"Se a escola gosta de proclamar a sua função de instrumento democrático de mobilidade social, ela tem também por função de legitimar - e portanto, numa certa medida, perpectuar - as desigualdades de oportunidades face à cultura, transformando, pelos critérios de julgamento que emprega, os privilégios socialmente condicionados em meritos ou em "dons" pessoais. A partir das estatisticas que medem a desigualdade de oportunidade de acesso ao ensino superior segundo a origem social e o sexo e apoiando-nos no estudo empírico das atitudes dos estudantes e dos professores assim como sobre a análise das regras - frequentemente não escritas - do jogo universitário, podemos pôr em evidência, para além das desigualdades económicas, o papel da herança cultural, capital subtil feito de saberes, de saber-fazer e de saber-dizer, que as crianças das classes favorecidas devem ao seu meio familiar e que constitue um património tanto mais rentável quanto mais professores e estudantes se repugnam a percebê-lo como um produto social"

P. Bourdieu et J-C. Passeron (1964). Les héritiers. Les étudiants et la culture. Paris: Les Éditions de Minuit.

De como a escola reproduz as desigualdades sociais.

E hoje passados mais de 40 anos esta leitura faz sentido?

Resposta:

"On peut se demander s’il existe un intérêt, autre qu’historique, à présenter aujourd’hui Les héritiers de Pierre Bourdieu et Jean-Claude Passeron. Car, incontestablement, la population universitaire française actuelle est très loin de se réduire aux « héritiers », comme en témoigne les données issues de l’enquête emploi 2006 de l’INSEE. Ainsi, si on s’intéresse à la probabilité objective qu’à un enfant d’accéder à l’enseignement supérieur selon son origine sociale (se reporter au graphique pp. 14-15 et au tableau p. 138 de l’ouvrage), le ratio qui sépare les enfants dont le père est ouvrier de ceux dont le père appartient à la catégorie des cadres et professions intellectuelles supérieures est passé de 42 pour l’année universitaire 1961-1962 à 3.9 pour l’année 2005-2006. Autrement dit, si, en 1961-1962, un fils de cadre supérieur a quarante deux fois plus de chances qu’un fils d’ouvrier d’entrer à l’université, en 2005-2006, un fils de cadre supérieur a quatre fois plus de chances qu’un fils d’ouvrier d’y entrer. Ce ratio révèle donc que l’élimination (et l’auto-élimination) des classes populaires des bancs de l’université demeure (le ratio est tout de même de quatre) mais avec nettement moins de prégnance qu’il y a 45 ans.
Cette comparaison statistique invalide-t-elle la valeur heuristique de cet ouvrage ? En 2008, Les Héritiers est-il un ouvrage de sociologie de l’éducation ou plutôt un ouvrage d’histoire de la sociologie (de l’éducation) ? Nous ne le pensons pas, et ce notamment pour les raisons suivantes :_Si on souhaite comparer ce qui est comparable, force est de constater que la démocratisation des populations entrant dans la scolarité supérieure est allée malheureusement de paire avec une dévaluation des diplômes. Ainsi, le fait d’obtenir un diplôme universitaire de premier cycle constitue une bien moindre chance d’accès aux positions sociales supérieures aujourd’hui qu’au début des années 1960. Par conséquent, si on souhaite rester fidèle à l’objet d’étude des auteurs, soit corréler l’origine sociale et le capital scolaire légitime, et évaluer l’évolution historique de cette corrélation, il semble plus pertinent de ne pas conserver le même échantillonnage. Il faut désormais s’intéresser plus spécifiquement aux étudiants inscrits dans les seconds et troisièmes cycles universitaires et à ceux inscrits dans un grand établissement ou une école normale supérieure. Ainsi, si un fils de cadre supérieur a aujourd’hui quatre fois plus de chances qu’un fils d’ouvrier d’entrer à l’université, il a quasiment huit fois plus de chances de s’inscrire en Master ou en doctorant, il a plus de treize fois plus de chances de s’inscrire en doctorat, vingt quatre fois plus de chances de s’inscrire dans un grand établissement supérieur et, enfin, quarante trois fois plus de chances de s’inscrire dans une école normale supérieure. Quand on prend en compte le déplacement de la légitimité des diplômes supérieurs au sein du champ scolaire, les inégalités sociales face à la réussite scolaire demeure donc malheureusement d’actualité, et ce en dépit d’une incontestable démocratisation de l’enseignement supérieur. En effet, il faut tout de même délimiter l’échantillon aux inscrits dans une école normale supérieure pour retrouver un ratio équivalent à celui des auteurs, lesquels prenaient alors en compte la totalité des inscrits dans l’enseignement supérieur"

http://www.revue-interrogations.org/article.php?article=135

3 comentários:

  1. Não deveria ser assim,mas no essencial,a escola,parece de facto reproduzir as desigualdades socias.
    Sinal bem próximo de nós, a comprovar isso mesmo, são as dificuldades que experimentam certas instituições que concedem Bolsas de Estudo para frequência do Ensino Superior.É que na hora da distribuição das ajudas os que concluíram o Secundário oriundos das famílias mais humildes são na realidade muito poucos e os dinheiritos caem,por vezes, nos bolsos errados.
    Ora aí está um bom tema para uma tese de Mestrado.
    A igualdade de oportunidades, cânon sacrossanto das sociedades democráticas, tem na escola o seu espaço de eleição mas a prática é o que se sabe.Não admira pois a " Baixa Intensidade " da nossa Democracia.

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  2. Gosto do tema, após leitura atenta do depoimento francês, opinarei... esta é à medida!

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  3. Víctor Aleixo sabe do que fala…
    Ou deveria saber, quando fala nas “dificuldades que experimentam certas instituições que concedem Bolsas de Estudo para frequência do Ensino Superior” e, sobretudo, quando diz que “na hora da distribuição das ajudas os que concluíram o Secundário oriundos das famílias mais humildes são na realidade muito poucos e os dinheiritos caem, por vezes, nos bolsos errados”.
    Felizmente para ele, teve a possibilidade de que as bolsas caíssem no seu bolso (certo); mas, na hora da verdade, quando lhe competia atribuir as bolsas da fundação, deixou muitas vezes os bolsos certos sem bolsa, e muitas bolsas a cair nos bolsos errados…
    É sempre assim, senhor Victor. Não vale a pena atirar pedras ao ar quando temos umas telhazinhas de vidro…

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