A gente ouve o discurso do grande líder na missa das Novas Fronteiras (sim, é missa, porque efectivamente não há debate) e fica horrorizado com os usos da palavra irresponsabilidade. Irresponsabilidade é apresentar uma moção de censura às políticas de miséria socialista. A não demissão do Ministro da Administração Interna, no seguimento do impedimento do direito ao voto, por parte de milhares de cidadãos, é concerteza um acto de responsabilidade governativa. E o relatório sobre a dita coisa também recorre ao chavão da irresponsabilidade. A determinada altura, são chamados os cidadãos eleitores, para a sua irresponsabilidade. O mecanismo de transformação da vitíma em culpado em todo o seu esplendor é o que mais pode definir um governo responsável. A tamanha criação, nem a imaginação de Saramago lá conseguiria chegar. Saramago imaginou um povo em massa a votar em branco, não acredito que imaginasse uma habilidade governativa que levasse um povo em massa, a votar em nada. Já foi a vez da maledicência, já se passou pelo bota-abaixismo, em determinados momentos chegou-se à conspiração, agora chegou a vez da irresponsabilidade. Grandes democratas. Não dizem, mas fica subentendido, o Bloco de Esquerda, é um partido irresponsável, simplesmente, por existir.
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