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quarta-feira, fevereiro 09, 2011

A Encruzilhada do Bloco de Esquerda

Francisco Louçã não quer censurar o governo de Sócrates, mas diz que lá que ele merece, merece. Louçã não quer a direita disfarçada de esquerda de Sócrates, mas também não quer que venha aí o bicho papão da direita de Passos Coelho. Louçã quer vestir a pele do "free rider". Do tipo que sem se implicar na acção, apanha boleia da acção que os outros corajosamente levam a cabo. Então se o Bloco já atravessa uma crise de identidade, assim é que não serve para coisa nenhuma na vida política portuguesa. O carisma de Louçã e as suas ideias progressistas foram uma lufada de ar fresco na democracia portuguesa contribuindo decisivamente para o seu pluralismo. No dia que o Bloco começou a ser acusado de só ser um partido de contrapoder (como se um partido da oposição em democracia não fosse acima de tudo e legitimamente isso) o Bloco achou que deveria, em nome de uma "esquerda grande", chegar "rapidamente" ao poder. Desde o momento do surgimento desse trauma psicanalítico, as alianças políticas de Louçã têm sido um desastre.

O Bloco é um partido que surgiu de várias fragmentações minoritárias no continuo da esquerda e cresceu com alguma sustentabilidade à custa da qualidade das propostas políticas de Louçã e de mais três ou quatro extraordinários políticos carismáticos (Fernando Rosas, Miguel Portas, João Semedo, Ana Drago e mais um ou outro). Suspeito que se o Bloco não redefinir a estratégia política dos últimos tempos (e não está a conseguir fazê-lo uma vez que as últimas intervenções de Louçã têm sido desastrosas) arrisca-se a ser o partido do táxi de Paulo Portas. E Portugal precisava de mais do que isso.

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