Joaquin Cortés
Acontece em 2009 em Portugal. Ciganos frequentam a escola em contentores separados e segregados dos seus "colegas" de escola. Da parte da escola trata-se de uma "estratégia educativa", de "integração" suponho eu. Parece que a coisa tem a benção do Conselho Executivo da escola, da Direcção Regional de Educação e do Estado Português. A ideia é separar e segregar para melhor integrar. Os pais dos alunos não ciganos estarão certamente de acordo com a "medida educativa". Quem reclamou foram famílias ciganas. Os ciganos têm um largo historial de rejeição na sociedade portuguesa. Eles são os "outros", os "estranhos", aqueles com quem nunca casariamos as nossas filhas e filhos. Podem existir, desde que bem distantes, lá longe, onde a convivência não seja passível de existir. É conhecido o fenómeno da segregação escolar em "boas turmas" e "más turmas", às vezes em turmas da "manhã" e da "tarde". É conhecido o fenómeno dos pais de classe média e classe alta que não querem "misturas" nas turmas dos seus filhos. É conhecido o fenómeno dos pais que acham que os alunos com necessidades educativas especiais devem estar "separados" pois "atrasam" o ritmo das turmas e "prejudicam" o desempenho dos "bons" alunos. Com os ciganos estamos no extremo limite da segregação. O não racismo dos portugueses impede que a integração da diferença seja um dado de facto. Eu não sou racista, mas...nunca casaria um filho meu com um cigano ou cigana. A escola, instância que poderia ser de integração social por excelência, é impotente para fazer o que a sociedade não faz. Não deveria ao menos reforçar a diferença e a desigualdade social e cultural. Já não era pedir pouco.
Esta coisa (?!) sorry ... ai mê paii que eu sou xenófoba e não sabia ... mas é raça que não casa c´a minha ... não vou tentar desculpar-me, porque eles próprios são como são, e não aceitam intromissões ... o tal de coitadinhos não se pode de modo algum associar a eles, os ciganos ... são culturas que não "casam" ... Integrassão?! humm ... (não me refiro de modo algum a crianças diferentes ... ok?) Lila
ResponderEliminarOlá Lila. Não poderiamos estar sempre de acordo. Até porque normalmente em quase tudo o que a Lila escreve na net eu me revejo. O mundo seria um tédio se todos tivessemos de acordo em tudo.
ResponderEliminarbj
João
João; quero que saibas que este teu post (oportuna resposta a dois factos recentes, o da DREN e os comentários no Quiosque da Camila) me provocou grande satisfação!
ResponderEliminarrecordou-me a Naima de rebarbadora/rectificadora em punho removendo ferrugem e tinta velha no dístico que designa a Escola que frequenta... é a única rapariga de étnia cigana naquela turma, tem olhos negros muito vivos e uma grande curiosidade pelas coisas, é apurada e cuidadosa, raramente brinca enquanto trabalha, está com 14 anitos... é bem possível que prometida, como foi há muito, deixe de aparecer na Escola o que será um dano para ela e para a turma, mas será a "tradição" a falar mais alto e mais uma rapariga quartada a um futuro cultural diverso.
É certo que os rapazes não lhe chegam perto e as raparigas não a procuram para os "segredinhos"... está lá e gosta de lá estar! Sofre, claro que deve sofrer de esquecimento geral mas é feliz e isso vê-se no brilho dos olhos.
Exemplo de uma turma minha, aqui em Loulé, na Duarte Pacheco. Este caso pode servir para que a DREN repense a "solução" dos contentores.
Finalmente tenho a dizer que as famílias ciganas vão à Escola, a reuniões, mas preferem o contacto individualizado e são, em geral, muito protectores dos seus filhos e parentes. Esse é um dado identitário que impõe obrigações curiosas e respeitadas pelos mais jovens, sendo normal faltarem à Escola quando um amigo adoece, por exemplo. Existe uma dignidade muito própria e bem diferente da nossa!
Para o momento actual este trecho do Blog " Tirem-me deste filme" vem mesmo a calhar: A ideia de raça pura em Portugal tem o mesmo sentido de um cozido à portuguesa só de chispes.
ResponderEliminarQue fazer dos Pi-enerres? Constatamos uma forte retenção anal colectiva do grupo, um líder com ar de bancário no quadro dos excedentários e um adejar envergonhado de símbolos fascistas. Até na extrema-direita os brandos costumes prevalecem.
Face à realidade social e económica portuguesa a coisa ainda não está preta, apenas folclórica. Podiam ser mais, podiam ser piores, podiam ser mais perigosos mas por enquanto são apenas um grupo um pedaço estúpido e parcialmente violento. O que não impede que tenham que ser combatidos, e reprimidos e relegados para a sua devida expressão em vez da atenção histérica com que os meios de comunicação tratam cada saudação nazi gratuita. Como? Expondo-os ao rídiculo, o que não é muito difícil.
Citando um manifestante com mais jornalistas que participantes “Eu estou aqui para que os meus futuros filhos, que vier a ter, não possam ser adoptados por casais homossexuais.” Ora aí está! Eu também não quero que os chatos que vier apanhar no balneário ou nalgum encontro promíscuo sejam tratados por um médico da Opus Dei.
O ridículo mata. Matemos assim o ovo da serpente de que falava Bergman.