No dia 11 de Março de 1975, Portugal assistiu a uma «intentona» para pôr fim aos excessos revolucionários. Tropas pára-quedistas atacam o Regimento de Artilharia de Lisboa, mas são derrotadas pelo COPCON. Acontecem as nacionalizações e as prisões voltam a encher-se. Portugal estava ao rubro em Março de 1975.
A «Revolução dos Cravos» tinha acontecido em Abril do ano anterior, pondo fim a um regime autofágico, e o regresso da liberdade punha a direita e a esquerda em rota de colisão. Na manhã desse já longínquo dia, e por instigação do então general Spínola, pára-quedistas de Tancos atacam o Regimento de Artilharia de Lisboa, bem como o aeroporto. Ao início da tarde, surgem os primeiros apelos à mobilização popular e levantam-se barricadas nas estradas. Os bancos não reabrem à tarde e há piquetes nos locais de trabalho. Põe-se mesmo a hipótese de entregar “armas ao povo”.
A casa do general Spínola é assaltada em Lisboa, bem como as sedes do CDS e do PDC (Partido da Democracia Cristã, conotado com a extrema-direita). No Porto, também as sedes dos dois partidos são saqueadas, bem como a do PPD (hoje PSD). O produto dos saques arde nas ruas em grandes fogueiras. O Comando Operacional do Continente (COPCON), chefiado por Otelo Saraiva de Carvalho, desdobra-se em acções militares e consegue debelar a denominada «contra-revolução».
Otelo Saraiva de Carvalho dá uma entrevista na televisão e anuncia a vitória sobre os revoltosos. O Presidente da República, general Costa Gomes, e o primeiro-ministro, coronel Vasco Gonçalves, também aparecem na televisão para sossegar os ânimos. O general Spínola, acompanhado pela mulher e 15 oficiais, foge para Espanha e depois escolhe o Brasil para o exílio. Todos os partidos políticos, da direita à esquerda, convocam manifestações para a capital e juram estar solidários com os ideais de Abril.
No rescaldo dos acontecimentos, são anunciadas as nacionalizações da banca, dos seguros, das telecomunicações, dos cimentos e praticamente de todas as indústrias de média e grande dimensão. As prisões voltam a receber presos políticos sem culpa formada, apenas suspeitos de defenderem ideais contra-revolucionários. Nasce o PREC (Processo Revolucionário em Curso) e está aberto o caminho para o «Verão Quente» de 1975.
Uma longa e agitada «aventura» que só há-de terminar a 25 de Novembro, altura em que Portugal começa a regressar a uma via verdadeiramente democrática.
Sem comentários:
Enviar um comentário