Um fantasma percorre o país. Poder político, poder económico e poder judiciário, aliaram-se numa das maiores calhandrices da história de Portugal, do pós-25 de Abril. O poder político ocupou o topo do aparelho de Estado, já não só em prol do partido, mas em prol de uns poucos elementos do partido. A casa de todos nós está ao serviço da Casa de Sócrates. O ministro da Justiça, sem o mínimo de hesitação, parte interessada do poder governativo, saiu em defesa do poder que deveria ser independente e autónomo do poder dos políticos. É a separação dos poderes que está em causa. Como sugere e bem, Rui Rangel hoje num diário nacional, o poder da justiça não pode ter amigos e inimigos, pois se o fizer, corre o risco, digo eu, de passear de fraldas no meio da rua. Mas o que o conteúdo do despacho que foi arquivado pelo Procurador Geral da República, demonstra, é o conluío entre os três grandes poderes, a um nível nunca visto, na democracia portuguesa. A tomada de assalto de orgãos de comunicação social pelo poder político, não nos pode deixar descansados enquanto cidadãos, isto se ainda prezamos alguma diferença entre o reino da democracia e um outro qualquer regime despótico. Num contexto de uma das maiores crises económicas de que há memória, o país político anda entretido com as dúvidas perenes e constantes do comportamento do senhor primeiro ministro. A saída para a crise, que já hipotecou a vida de muitas das actuais e futuras gerações, passa por restaurar, em primeiro lugar a dignidade do Estado. E isso implica correr o mais depressa possível com o governo de Sócrates. O segundo passo é tirar a social democracia da gaveta. Independentemente da cor que esta tiver. Quanto mais tarde isto for feito, mais tempo nos atolamos no pântano. A opção está nas mãos de cada um de nós. E do senhor Presidente da República também.
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