Parece que alguns deputados do PS, num acesso doentio de iluminismo esclarecido, encontraram a solução (não falo dos "problemas" Mário Crespo, nem Medina Carreira, falo de uma verdadeira "calhandrice") para os problemas da corrupção que atravessa o aparelho de Estado. Todos os contribuintes terão que expôr publicamente na praça pública o seu rendimento bruto. Parece-me bem. Sugiro mesmo que se faça um ranking a partir dos rendimentos dos contribuintes e que se premeie os de maiores rendimentos e se penalize os que menos auferem. Se não enriqueceu, tivesse enriquecido, que isso de ser pobre é uma vergonha aos olhos do Estado. Isto permitiria também categorizar os contribuintes a partir dos seus rendimentos brutos. Os distintos e super remunerados ocupariam um lugar de excelência aos olhos do Estado, os remediados, receberiam apoios do Estado para chegaram à excelência contributiva e os pobres ficariam com o rótulo de personas non gratas, à imagem dos discursos sobre os Estados explorados, que são rotulados de Estados "falhados". Depois, ainda vejo imensas vantagens. Imaginem só eu a vasculhar nos rendimentos dos vizinhos aqui do bairro e a sair de peito inchado para a rua numa vaidosa ilustração de virilidade a dizer em voz alta: "eu ganho mais 500 euros do que tu", põe-te a pau, porque dinheiro é poder e a tua mulher até já anda de olho em mim. A partir daqui, podiamos sempre arranjar as amizades em função do ranking dos rendimentos pessoais e até, quem sabe, partir para o casamento ideal. Não bastam já os chips nas matriculas de automóveis, as câmaras de vigilância amadas por todos os políticos de todas as ideologias, a retina bem registada nos serviços médicos e de saúde, dita por enquanto pública e ainda os SMILES deste mundo, que arruinam todas as liberdades individuais tão duramente conquistadas, em nome da sacrossanta "segurança". Agora cada um apresenta aos outros os rendimentos em bruto resultantes do seu trabalho. É assim, esta gentinha que nos governa. É assim que a política perde todo o seu crédito. Isto não é só o Big Brother. Isto é a verdadeira calhandrice.
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