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domingo, junho 22, 2008

Da Pobreza em Portugal: São as políticas económicas estúpido!

Da distância...entre ricos e pobres...


O Económico é intrinsecamente social. Não é preciso ter lido Marx para perceber que associado a um determinado modo de produção existe sempre um determinado conjunto de relações sociais que em última instância podem condicionar a forma como se reparte o rendimento pela população. Desta forma, intervir nas políticas sociais como se estas fossem independentes das políticas económicas e vice-versa é como pôr um automóvel todas as semanas na lavagem automática e levar anos sem mudar o óleo do motor. A intervenção revelar-se-á sempre desastrosa.

Só uma intervenção nas políticas económicas em direcção a uma maior igualização dos salários e rendimentos pode ajudar a diminuir as assimetrias de rendimento e riqueza dos indivíduos e suas famílias.

Deixo-vos com quem sabe disto. A opinião avalizada do professor Alfredo Bruto da Costa em entrevista recente à revista Visão:

"Nos últimos anos, cerca de metade das famílias portuguesas passou por situações de carência acentuada. É esta a conclusão mais arrepiante de Um olhar sobre a Pobreza, estudo coordenado pelo ex-ministro e actual presidente do Conselho Económico e Social, Alfredo Bruto da Costa, através do qual se fica a saber, ainda, que muitos dos pobres têm empregos seguros. Pelo que o problema diz o autor, se situa ao nível dos salários e podendo ainda haver "um empurrão para baixo" de muitas franjas da classe média.

Ficou surpreendido com algumas das conclusões do estudo? Fiquei: Não fazia ideia de que, no período de seis anos analisado (1995 a 2000), 46% das famílias tivessem passado pela pobreza, em pelo menos, um ano. Isto mostra que não é possível ter uma noção do problema, em Portugal, olhando só para os dados anuais que colocam a pobreza numa taxa de 20 por cento. Outra novidade foi constactar que uma grande parte destas pessoas estão empregadas: 45% dos agregados pobres são compostos por pessoas activas. E entre os que trabalham por conta de outrém, mais de 70% têm um contrato permanente de trabalho.

O que ajuda a desmistificar a ideia de que a pobreza está inevitavelmente associada ao desemprego...Exactamente, bem como até a própria precariedade. O problema põe-se, isso sim, no nível dos salários, que são baixos para se sustentar uma família. Ou seja, não se trata só de melhorar uma política redistributiva, mas também de repartição primária do rendimento. O aumento dos salários é uma das condições fundamentais para combater a pobreza."

In revista Visão de 12 de Juho de 2008, pp. 54-55.

Porque prega Sto. António aos peixes e ninguém lhe liga patavina?

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