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domingo, agosto 28, 2011

Ir Só Até Onde Vai A Troika

1. Não resisto a recorrer a algumas das designações com que Marx caracterizou no Manifesto Comunista algumas formas de socialismo para aqui catalogar o Socialismo de António José Seguro. Socialismo Conservador, Burguês ou Reaccionário. Depois de Sócrates ao nível discursivo todos os dias apregoar a salvação do Estado Social e na prática contribuir com quase cada uma das suas medidas ditas "sociais" para o fragilizar na sua ainda frágil existência, Seguro, socialista (?) agora eleito, faz a apologia de um socialismo mitigado, sob o lema do nós só vamos até onde vai a Troika.

2. O problema é que o plano da Troika não é compatível com qualquer tipo de socialismo. Nem burguês, nem conservador e nem sequer reaccionário. Dispenso o uso da categoria de socialismo emancipatório, pois esse, segundo parece, é uma espécie em vias de extinção no interior das hostes ditas socialistas. Reduzir salários aos trabalhadores. Fazer cortes abruptos nos apoios sociais. Facilitar os despedimentos da massa proletária. Privatizar recursos do Estado essenciais ao bem comum. Pôr os contribuintes a pagar o resultado da banditagem do BPN e todas essas outras violências materiais e morais inscritas no plano da Troika, fazem cair no ridículo as declarações de António José Seguro de ir só até onde vai a Troika.

3. Seguro veio esta semana com um discurso perigoso, talvez de uma esquerda inconsciente, de que a direita fala, fala, mas afinal não reduz a despesa do Estado. Seguro exige o corte na despesa do Estado. Mas que despesa do Estado pede Seguro que se reduza? O cancelamento imediato das loucuras do TGV que o PSD parece que se prepara vergonhosamente para fazer avançar? Um certo PS esmagaria Seguro. O fim das parcerias público-privadas que geram negócios ruinosos para o Estado tais como são exemplo as concessionárias que exploram as ex-Scut que enriquecem à custa do que os contribuintes imaginavam estar a pagar ao Estado? O PS clama pelo "investimento" na requalificação da Estrada Nacional 125. O acabar o regabofe das empresas que vivem à custa dos negócios com o Estado, empresas essas cujos governantes vão ter no futuro o seu futuro assegurado? Não estou a ver como vai o PS ultrapassar tamanha "dificuldade". Quem se mete com a gente do PS leva. Acabar com as empresas municipais que na sua grande parte fazem o que as autarquias poderiam e deveriam fazer e que engrossam o exército dos fiéis, do familiares amigos dos fiéis e dos amigos dos familiares dos fiéis? Haverá sempre as "boas empresas municipais", essas, as dos nossos "amigos" e as "más empresas municipais" essas outras, dos "nossos desconhecidos".

4. Será esta a despesa que Seguro exige que Passos Coelho reduza? Ou aquilo que Seguro exige é aquilo a que provavelmente iremos assistir, o despedimento massivo de funcionários públicos à maneira Inglesa, na lógica do fascismo financeiro austeritário ultraliberal que mais não faz que continuar o caminho dramático do desmantelamento do Estado Social? Que redução de despesa exige Seguro? Orientada pelos valores do Socialismo Emancipatório e da Social Democracia? Ou orientada pelos valores do Socialismo Burguês Reaccionário? É que o programa de Passos Coelho faz juz ao nome. É mesmo um verdadeiro programa no seu sentido programático ideológico. Ele e a sua Troika não vieram para brincar. A ida ao pote é mais séria do que se possa imaginar.

1 comentário:

  1. Vítor Aleixo9:48 da tarde

    Lamento mas tenho que concordar com o João.Dei-lhe um apoio com muitas reservas,aliás publicamente expostas em sessão presidida pelo próprio Seguro,em Faro.
    O PS ainda não percebeu que armar-se em guardião do Memorandum assinado com a Troika e defender as sobras do Estado Social e a Democracia á a mesma coisa que fazer a quadratura do círculo.

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