Depois de perder duas guerras e ser sujeita a tratados que, entre outras coisas, transformavam a derrota em dívidas, a então Alemanha Ocidental estava em 1953 na bancarrota. Reunidos em Londres, os credores aceitaram perdoar parte da dívida reduzindo o seu stock em 62%. Acordaram também que os juros a pagar aos credores seriam definidos em função da capacidade da economia alemã para os suportar sem comprometer o seu crescimento. Assim, foi definido um rácio entre o serviço da dívida e o valor anual das exportações nos termos do qual o serviço da dívida não podia exceder 5% daquele valor. Aliás, a definição anual dos juros foi confiada a um banqueiro alemão muito respeitado. Tratou-se, como é evidente, de uma solução política em que não se ouviu falar das "reacções dos mercados". A justificar esta solução estava o interesse dos países capitalistas ocidentais em mostrar, no contexto da Guerra Fria, a capacidade de o capitalismo garantir à Alemanha Ocidental um êxito igual ou superior ao que se temia ser o bloco soviético na Alemanha Oriental, socialista.
Boaventura Sousa Santos, Portugal - Ensaio Contra A Autoflagelação, Coimbra, Almedina, 2011, pág. 94.
Boaventura Sousa Santos, Portugal - Ensaio Contra A Autoflagelação, Coimbra, Almedina, 2011, pág. 94.
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