1. As eleições legislativas de 5 de Junho 2011 foram ganhas novamente pela dona abstenção. A fazer fé nas afirmações do "democrata" Cavaco Silva, mais de 40% dos portugueses não tem legitimidade para criticar o actual governo. A democracia a partir de agora, segundo o senhor Presidente da República, fica reduzida a pouco mais de metade dos eleitores. Em época de pré-bancarrota não deixa de ser um sinal de fragilidade para enfrentar a tempestade que aí vem. Por outro lado, elimina desde logo a legitimidade de uma boa parte da crítica política à política do austeritarismo recessivo implementado pela Troika. Não deixa de ser uma obra de arte produzida pelo Presidente da República de Portugal. Quem disse que de Boliqueime não podiam sair boas ideias está redondamente enganado.
2. O PS perdeu as eleições legislativas de 2011. Oficialmente ganhou o PSD com um número de votos que não chegam à maioria absoluta e teremos portanto um governo de direita PSD/CDS. Realço a derrota do PS e não a vitória do PSD porque o PSD tudo fez para não ganhar as eleições. Segue-se a tendência de várias das eleições anteriores. Não é quem ganha que efectivamente ganha. Quem perde é que leva uma verdadeira vassourada. De qualquer das formas foi o fim do pior governo do pós-25 de Abril de 1974. Teremos oportunidade de voltar a isto.
3. O CDS desta vez não teve as sondagens contra si mas a seu favor. Desta vez, algumas delas estavam, como de resto sempre suspeitei, sobrestimadas. Não deixa de ter um bom resultado e vai ser um importante parceiro participante do jogo do poder.
4. O Bloco de Esquerda teve um péssimo resultado. Não deixa de ser irónico que em época de ruptura desastrosa do capitalismo a esquerda esteja incapacitada face à realidade dos acontecimentos. Tenho duas hipóteses especulativas que entre outras podem ajudar a interpelar a quebra eleitoral. A primeira, o apoio a Manuel Alegre e ao partido que se dizia socialista ia destruindo liminarmente o partido. Eu próprio, um potencial eleitor votante no Bloco abstive-me nas eleições presidenciais. Alegre, nesta campanha que agora terminou, afirmou mesmo que para passar por cima de Sócrates tinham que passar por cima da sua personagem. Uma parte significativa dos eleitores do Bloco de Esquerda, fortemente escolarizados e urbanos, são altamente politizados e reagem mal a estas esquizofrenias partidárias. A segunda, que tem a ver com o facto do Bloco ter deixado acontecer a colagem do rótulo de ser um partido "radical", um truque produzido pelo governo do licenciado em Engenharia José Sócrates (um perito em novilíngua orwelliana) e bem agarrado por boa parte da comunicação social portuguesa. Talvez o Bloco com a mesma política e com um novo estilo possa atrair novos eleitores. Pode-se efectivamente fazer política sem ter a necessidade de vestir o facto de guerrilheiro. Mas nada me garante que este seja um factor primordial.
5. O PCP continua firme e hirto que nem uma barra de ferro. Presumo que a ditadura do proletariado e os amanhãs que cantam continuam no reino das utopias mas a democracia portuguesa vai ter que continuar a contar com o Partido Comunista. Ainda bem.
6. Os votos em branco e nulos são mais de metade dos votos do Bloco de Esquerda e ganham a todos os partidos sem representação parlamentar. Deveriam ter direito a pelo menos um deputado.
7. No Algarve, o PS obteve de novo uma estrondosa derrota. Foram eleitos João Soares (um turista de Lisboa) e Miguel Freitas (um seguidor acrítico do governo de Sócrates). No Algarve vai ser difícil haver um PS digno desse nome em tempos próximos. De resto, como parece que vai acontecer com o PS nacional. Em Loulé, não comento. O PS Loulé não existe e nem me parece que esteja muito interessado em existir. Vai "aparecer" certamente para aí um mês antes das eleições autárquicas. Para o "combate", é obvio. O que é preciso é ir a "combate".
8. Hoje, dia 6 de Junho de 2011, voltamos à "realidade" e a "realidade" vai girar em torno das tensões entre a aplicação das medidas do governo da Troika (que não se apresentou a eleições) e a contestação popular de rua. E o drama vai ser a escolha entre democracia e bancarrota. O ideal era evitar a segunda e manter a primeira. Não acredito nisso.
Declaração de interesse: Nas eleições legislativas de 2005 votei no PS e em José Sócrates. A minha mulher avisou-me que não era boa ideia. Passado uns poucos dias o então Primeiro Ministro anunciava o aumento de impostos. Dava-se o início da mentira como estratégia política de manipulação de massas. Um desastre.
2. O PS perdeu as eleições legislativas de 2011. Oficialmente ganhou o PSD com um número de votos que não chegam à maioria absoluta e teremos portanto um governo de direita PSD/CDS. Realço a derrota do PS e não a vitória do PSD porque o PSD tudo fez para não ganhar as eleições. Segue-se a tendência de várias das eleições anteriores. Não é quem ganha que efectivamente ganha. Quem perde é que leva uma verdadeira vassourada. De qualquer das formas foi o fim do pior governo do pós-25 de Abril de 1974. Teremos oportunidade de voltar a isto.
3. O CDS desta vez não teve as sondagens contra si mas a seu favor. Desta vez, algumas delas estavam, como de resto sempre suspeitei, sobrestimadas. Não deixa de ter um bom resultado e vai ser um importante parceiro participante do jogo do poder.
4. O Bloco de Esquerda teve um péssimo resultado. Não deixa de ser irónico que em época de ruptura desastrosa do capitalismo a esquerda esteja incapacitada face à realidade dos acontecimentos. Tenho duas hipóteses especulativas que entre outras podem ajudar a interpelar a quebra eleitoral. A primeira, o apoio a Manuel Alegre e ao partido que se dizia socialista ia destruindo liminarmente o partido. Eu próprio, um potencial eleitor votante no Bloco abstive-me nas eleições presidenciais. Alegre, nesta campanha que agora terminou, afirmou mesmo que para passar por cima de Sócrates tinham que passar por cima da sua personagem. Uma parte significativa dos eleitores do Bloco de Esquerda, fortemente escolarizados e urbanos, são altamente politizados e reagem mal a estas esquizofrenias partidárias. A segunda, que tem a ver com o facto do Bloco ter deixado acontecer a colagem do rótulo de ser um partido "radical", um truque produzido pelo governo do licenciado em Engenharia José Sócrates (um perito em novilíngua orwelliana) e bem agarrado por boa parte da comunicação social portuguesa. Talvez o Bloco com a mesma política e com um novo estilo possa atrair novos eleitores. Pode-se efectivamente fazer política sem ter a necessidade de vestir o facto de guerrilheiro. Mas nada me garante que este seja um factor primordial.
5. O PCP continua firme e hirto que nem uma barra de ferro. Presumo que a ditadura do proletariado e os amanhãs que cantam continuam no reino das utopias mas a democracia portuguesa vai ter que continuar a contar com o Partido Comunista. Ainda bem.
6. Os votos em branco e nulos são mais de metade dos votos do Bloco de Esquerda e ganham a todos os partidos sem representação parlamentar. Deveriam ter direito a pelo menos um deputado.
7. No Algarve, o PS obteve de novo uma estrondosa derrota. Foram eleitos João Soares (um turista de Lisboa) e Miguel Freitas (um seguidor acrítico do governo de Sócrates). No Algarve vai ser difícil haver um PS digno desse nome em tempos próximos. De resto, como parece que vai acontecer com o PS nacional. Em Loulé, não comento. O PS Loulé não existe e nem me parece que esteja muito interessado em existir. Vai "aparecer" certamente para aí um mês antes das eleições autárquicas. Para o "combate", é obvio. O que é preciso é ir a "combate".
8. Hoje, dia 6 de Junho de 2011, voltamos à "realidade" e a "realidade" vai girar em torno das tensões entre a aplicação das medidas do governo da Troika (que não se apresentou a eleições) e a contestação popular de rua. E o drama vai ser a escolha entre democracia e bancarrota. O ideal era evitar a segunda e manter a primeira. Não acredito nisso.
Declaração de interesse: Nas eleições legislativas de 2005 votei no PS e em José Sócrates. A minha mulher avisou-me que não era boa ideia. Passado uns poucos dias o então Primeiro Ministro anunciava o aumento de impostos. Dava-se o início da mentira como estratégia política de manipulação de massas. Um desastre.
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