O cenário da Praça do Geraldo em Évora é real. Isso eu garanto que por lá andei uns bons anos e isso permite-me um reconhecimento até mesmo afectivo com a realidade desse espaço físico. O resto faz parte do simulacro da democracia que se transformou em mediacracia. O que espanta nestas imagens da campanha do PS é o ponto a que chegou o exagero da realidade do simulacro. Indianos que não sabem o que estão ali a fazer. Gente com bandeiras na mão que grita Sócrates sem saber por quem está a gritar. Imigrantes ilegais sem papéis, sem o domínio da língua, analfabetos e sem qualquer noção de onde está o Norte e o Sul do país. Visita a Évora a troco de passeio com direito a uma bucha para enganar o estomâgo.
A máquina de propaganda montou o palco, as bancadas e o hino. O grande líder fala não se sabe bem para quem. Tudo é preparado ao infimo pormenor para que a mensagem do grande líder possa seduzir a audiência televisiva. Não se fala para quem está. Fala-se para quem não está. Um olhar mais atento não pode deixar de ficar estupefacto com a surrealidade da realidade do simulacro real. Nada bate certo nesta fita cinematográfica de mau gosto. O vestir da personagem central vai ao arrepio dos figurantes. Os figurantes estão deslocados do contexto da encenação. A mensagem não se destina aos "reais" destinatários.
Não sei se é possível na era dos spin doctors vender políticos como se vendem sabonetes, o que sei é que há um deslocamento da democracia em direcção à mediacracia. E é um deslocamento perigoso para a democracia. É a realidade real? Quantos votos valem uma encenação deste tipo? Valerão a pena?
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