A queda do governo de Sócrates veio abrir uma janela de oportunidade política para os algarvios não serem cruxificados com a taxação das portagens da Via do Infante com todos os custos que isso acarreta para o agravamento da economia regional, a diminuição da mobilidade dos cidadãos e de mercadorias, a probabilidade de aumento da sinistralidade rodoviária na rua nacional 125 e a afronta governamental e partidária à dignidade dos cidadãos residentes no algarve, pela forma, como mais uma vez, o processo foi arrogantemente conduzido.
O governo de gestão em vigor, esse mesmo que ainda não se apercebeu que já não tem legitimidade popular que lhe outorgue direitos de governação, entregou para apreciação jurídica a legitimidade da decisão sobre a entrada em vigor das portagens nas ex-scut. Esta pode ser a janela de oportunidade que os algarvios não podem desperdiçar. É claro que ao fazer isto, o governo de Sócrates apenas procura adiar uma decisão que já percebeu vai ter danos irreversíveis sobre os resultados eleitorais. É hora da Comissão de Utentes e dos movimentos cívicos colocarem os destinos dos algarvios nas suas mãos. O maior perigo advém da cooptação destes dois interessantes movimentos pelos interesses partidários. Talvez isso possa neste momento ser o maior entrave à livre circulação não paga (directamente, é óbvio) de pessoas e bens de todos os tipos.
Macário Correia é nesta história a dupla face de Janus. Por um lado quer estar do lado dos cidadãos (dos eleitores é a designação mais correcta) pois não estar tem evidentes custos eleitorais. Mas ao mesmo tempo nunca mostrou grandes convições na defesa incondicional da não tributação das portagens. Vale a pena não esquecer que só depois de pressionado pela Comissão de Utentes da Via do Infante passou a aderir à causa e que a sua adesão teve sempre como pressuposto que se houver "requalificação" da EN 125 então já poderá haver portagens. Macário joga claramente em dois tabuleiros pois sabe que daqui a meia dúzia de dias está a protestar contra si próprio. Ora é preciso que se diga com franqueza que a 125 não é "requalificável" e muito menos será uma verdadeira alternativa. Nós sabemos que os autarcas têm uma verdadeira paixão pelas rotundas, mas fazer dezenas de rotundas numa estrada que mais se parece com uma rua (ou será uma rua que mais se parece com uma estrada?) não faz uma "requalificação".
A bola está pois nas mãos da população algarvia. A manifestação expressiva de descontentamento na Via do Infante durante um dos Sábados do mês que passou foi uma enorme expressão de cidadania alertando para o facto que os cidadãos são pessoas de corpo inteiro e não são simples marionetas ao serviço das coutadas em que se tornaram os partidos políticos algarvios. Dia 9 de Abril é novamente altura de dar largas à imaginação. Eu pelo meu lado já decidi há muito tempo. Nem PS, nem PSD, contarão com o meu voto.
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