Ora leiam lá com muita atenção;
Socióloga especializada em globalização, Saskia Sassen avisa que os países ricos, como os EUA e a Alemanha, estão a empobrecer rapidamente. Critica o facto de os resgates de Portugal, Grécia e Irlanda não passarem de uma forma de assegurar a situação da banca, já que a maior parte do dinheiro dos bailouts não vai para os países, mas "directamente para os bancos a quem esses países devem dinheiro". E defende que não podem haver instituições "demasiado grandes para cair".
Chega a Portugal em plena crise financeira e no centro do drama da entrada do FMI. Que pensa da intervenção desta organização, ou das organizações transnacionais que se propõem ajudar?
Em princípio, as instituições que funcionam como intermediárias e as instituições globais podem ajudar. Os Médicos sem Fronteiras também são uma instituição global e ajudam, de facto, as pessoas. E há uma longa lista de organizações semelhantes, como a Amnistia Internacional ou a Oxfam...Temos um conjunto particular de instituições financeiras que vêm ajudar os países em caso de crises financeiras que não são instituições sem obrigações, ou contrapartidas. A obrigação do FMI é garantir um sistema financeiro estável e para isso é necessária uma economia nacional estável. Se a estabilidade fosse definida através de indicadores como o de as pessoas terem um razoável modo de vida, ou um emprego digno, estaríamos bem, mas esta definição vem com um formato particular que é o das grandes instituições financeiras. Isto surge em função de uma evolução dos últimos 20 anos, em que estas instituições financeiras, muito poderosas, se tornaram maiores, grandes de mais para falhar. Isto é realmente problemático. Quer dizer que podem fazer exigências, porque não se podem dar ao luxo de falhar - se falham, toda a economia se desmorona. Isso é, em parte, verdade. Estamos perante a análise de uma paisagem muito problemática a partir da qual abordamos a crise grega e portuguesa. A outra questão traduz-se no facto de Angela Merkel chamar todos os países--membros a contribuir com o dinheiro dos seus contribuintes para um fundo de 700 mil milhões de euros - o que ela está a fazer é assegurar dinheiro para pagar a dívida aos bancos. Se Portugal falhar, falha o pagamento da dívida que contraiu junto do sistema bancário.
O que aumenta a dívida...
Aumenta a dívida e o que acontece com o plano de resgate de Angela Merkel, assim como com o bailout nos Estados Unidos, é que vamos utilizar o dinheiro dos contribuintes europeus para o caso de Portugal ou a Grécia não conseguirem cumprir. E este dinheiro vai para os bancos. Não vai para os contribuintes sofredores de Portugal ou da Grécia, mas para o sistema bancário. Podíamos dizer que estávamos a reunir dinheiro dos países europeus que estão bem para ajudar o povo em Portugal, mas não é isso. Grande parte do dinheiro que devia ter sido entregue à Grécia nunca foi para a Grécia mas directamente para os bancos a quem a Grécia devia dinheiro. Essa é que é a parte mais importante da questão. Tudo isto não passa de uma forma de assegurar a situação dos bancos. Há a noção de que existe uma razão objectiva para isto e que os bancos não podem falhar. Eu não já subscrevo essa teoria. Acho que há bancos que têm mesmo de falhar.
Para ler o resto clique aqui: http://www.ionline.pt/conteudo/118366-saskia-sassen-o-fmi-e-agora-uma-instituicao-melhor-
Socióloga especializada em globalização, Saskia Sassen avisa que os países ricos, como os EUA e a Alemanha, estão a empobrecer rapidamente. Critica o facto de os resgates de Portugal, Grécia e Irlanda não passarem de uma forma de assegurar a situação da banca, já que a maior parte do dinheiro dos bailouts não vai para os países, mas "directamente para os bancos a quem esses países devem dinheiro". E defende que não podem haver instituições "demasiado grandes para cair".
Chega a Portugal em plena crise financeira e no centro do drama da entrada do FMI. Que pensa da intervenção desta organização, ou das organizações transnacionais que se propõem ajudar?
Em princípio, as instituições que funcionam como intermediárias e as instituições globais podem ajudar. Os Médicos sem Fronteiras também são uma instituição global e ajudam, de facto, as pessoas. E há uma longa lista de organizações semelhantes, como a Amnistia Internacional ou a Oxfam...Temos um conjunto particular de instituições financeiras que vêm ajudar os países em caso de crises financeiras que não são instituições sem obrigações, ou contrapartidas. A obrigação do FMI é garantir um sistema financeiro estável e para isso é necessária uma economia nacional estável. Se a estabilidade fosse definida através de indicadores como o de as pessoas terem um razoável modo de vida, ou um emprego digno, estaríamos bem, mas esta definição vem com um formato particular que é o das grandes instituições financeiras. Isto surge em função de uma evolução dos últimos 20 anos, em que estas instituições financeiras, muito poderosas, se tornaram maiores, grandes de mais para falhar. Isto é realmente problemático. Quer dizer que podem fazer exigências, porque não se podem dar ao luxo de falhar - se falham, toda a economia se desmorona. Isso é, em parte, verdade. Estamos perante a análise de uma paisagem muito problemática a partir da qual abordamos a crise grega e portuguesa. A outra questão traduz-se no facto de Angela Merkel chamar todos os países--membros a contribuir com o dinheiro dos seus contribuintes para um fundo de 700 mil milhões de euros - o que ela está a fazer é assegurar dinheiro para pagar a dívida aos bancos. Se Portugal falhar, falha o pagamento da dívida que contraiu junto do sistema bancário.
O que aumenta a dívida...
Aumenta a dívida e o que acontece com o plano de resgate de Angela Merkel, assim como com o bailout nos Estados Unidos, é que vamos utilizar o dinheiro dos contribuintes europeus para o caso de Portugal ou a Grécia não conseguirem cumprir. E este dinheiro vai para os bancos. Não vai para os contribuintes sofredores de Portugal ou da Grécia, mas para o sistema bancário. Podíamos dizer que estávamos a reunir dinheiro dos países europeus que estão bem para ajudar o povo em Portugal, mas não é isso. Grande parte do dinheiro que devia ter sido entregue à Grécia nunca foi para a Grécia mas directamente para os bancos a quem a Grécia devia dinheiro. Essa é que é a parte mais importante da questão. Tudo isto não passa de uma forma de assegurar a situação dos bancos. Há a noção de que existe uma razão objectiva para isto e que os bancos não podem falhar. Eu não já subscrevo essa teoria. Acho que há bancos que têm mesmo de falhar.
Para ler o resto clique aqui: http://www.ionline.pt/conteudo/118366-saskia-sassen-o-fmi-e-agora-uma-instituicao-melhor-
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