1. Não resisto de cada vez que vou à banca dos jornais comprar a Voz de Loulé, em brincar com quem vende os jornais, perguntando se me pode vender a Voz da Câmara de Loulé. Não que tenha alguma convicção politico-ideológica contra o jornal, mas é por demais evidente a sua colagem a uma determinada tendência partidária. Desta vez é uma pergunta serodia do "jornalista" que entrevista Aníbal Cavaco Silva. Já não falo da habilidade que foi entrevistar esse tal de Miguel Freitas uns dias antes de se fazer a entrevista ao candidato Silva, como se, mesmo que inconscientemente, houvesse a necessidade de antecipar a prevenção da crítica. Falo mesmo de uma pergunta que é todo um programa político ideológico implicado. A determinada altura da entrevista na página 17, do jornal da Voz de Loulé, o "jornalista" Luís Guerreiro pergunta assim: "Constitui para os Louletanos uma especial honra ter um Presidente da República da sua terra. Este ano, uma exposição biográfica do professor Cavaco Silva, em Loulé, bateu todos os recordes em termos de visitantes. Pensa que a exposição serviu para estimular o gosto pela política e um exemplo de dedicação à causa pública para os mais novos?" Ora, para quem como eu, pensa que o senhor Silva, que nos governa há dezenas de anos, é um dos grandes responsáveis pelo estado a que isto chegou, uma pergunta como esta, não deixa de ser uma verdadeira afronta, à cidadania louletana. É assim como se, em Santa Comba Dão, todos tivessem que ser Salazaristas.
2. Mas se a imprensa local anda pelas ruas da amargura, a imprensa nacional também já conheceu melhores dias. Um estudo encomendado pelo Expresso à Eurosondagem, divulgado na página oito, do dito cujo, revela hoje, para meu espanto, que 47,1% dos portugueses acham que se deve pedir "ajuda" (as aspas são minhas) ao FMI. Ora antes de se perguntar se Portugal deve pedir "ajuda" ao FMI, era bom que se perguntasse aos mesmos portugueses se sabem o que é o "FMI" e se sabem o que costuma ser a intervenção do FMI. Jornalisticamente falando, em vez de se divulgar sondagens de forma acrítica e correndo o risco de as mesmas serem altamente manipuladoras da opinião pública, era do maior interesse, em nome do serviço público, os jornalistas informarem as populações sobre o que é o FMI e quais têm sido as consequências das suas intervenções ("ajudas") um pouco por todo o mundo.
3. O jornalismo "preguiçoso" que se faz hoje um pouco por todo o lado, baseado numa grande parte no que as fontes ditas oficiais colocam na agenda e numas poucas agencias noticiosas fáceis de controlar, reagiu enfurecido contra o jornalismo de investigação que se apoia no Wikileaks. Esta reacção corporativa de uma parte significativa do corpo jornalistico ao "perigo" da transparência total da informação do que acontece pelo mundo, diz muito sobre uma determinada forma de fazer jornalismo hoje em dia. É que o pouco de bom jornalismo que se vai fazendo ainda por aí, não tem culpa dos sofás confortáveis a partir de onde se faz a produção de notícias do mundo actual. O jornalismo de investigação foi substituido pelo "jornalismo de sofá". E este último é muito mais confortável. Até porque não incomoda quase nada.
2. Mas se a imprensa local anda pelas ruas da amargura, a imprensa nacional também já conheceu melhores dias. Um estudo encomendado pelo Expresso à Eurosondagem, divulgado na página oito, do dito cujo, revela hoje, para meu espanto, que 47,1% dos portugueses acham que se deve pedir "ajuda" (as aspas são minhas) ao FMI. Ora antes de se perguntar se Portugal deve pedir "ajuda" ao FMI, era bom que se perguntasse aos mesmos portugueses se sabem o que é o "FMI" e se sabem o que costuma ser a intervenção do FMI. Jornalisticamente falando, em vez de se divulgar sondagens de forma acrítica e correndo o risco de as mesmas serem altamente manipuladoras da opinião pública, era do maior interesse, em nome do serviço público, os jornalistas informarem as populações sobre o que é o FMI e quais têm sido as consequências das suas intervenções ("ajudas") um pouco por todo o mundo.
3. O jornalismo "preguiçoso" que se faz hoje um pouco por todo o lado, baseado numa grande parte no que as fontes ditas oficiais colocam na agenda e numas poucas agencias noticiosas fáceis de controlar, reagiu enfurecido contra o jornalismo de investigação que se apoia no Wikileaks. Esta reacção corporativa de uma parte significativa do corpo jornalistico ao "perigo" da transparência total da informação do que acontece pelo mundo, diz muito sobre uma determinada forma de fazer jornalismo hoje em dia. É que o pouco de bom jornalismo que se vai fazendo ainda por aí, não tem culpa dos sofás confortáveis a partir de onde se faz a produção de notícias do mundo actual. O jornalismo de investigação foi substituido pelo "jornalismo de sofá". E este último é muito mais confortável. Até porque não incomoda quase nada.
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