"Quem trabalha paga mais impostos e quem não quer trabalhar recebe mais subsídios" afirmou recentemente Paulo Portas. É esta imagem que se tem do pobre, a de alguém que não quer trabalhar?
É o estereótipo de uma certa percepção que os não pobres têm de quem é pobre. Em 2007, tinhamos uma taxa de pobreza de 18%. Imaginemos que agora temos dois milhões de pobres. Se numa população de 10 milhões dois milhões são preguiçosos, isto não é um problema social, é um problema de saúde pública. É porque há por aí alguma malária qualquer que transforma dois milhões de portugueses em preguiçosos...As pessoas quando dizem estas coisas não dão conta disto. É natural que quem receba o Rendimento Social de Inserção só sinta uma verdadeira apetência para aceitar um emprego caso o salário seja superior ao que recebe sem trabalhar. Isto é uma regra geral da economia. Os empregos que são oferecidos têm de compensar e isto leva-nos ao problema do salário minímo que é muito baixo. Nos anos 90, havia uma certa ideia de que o pobre é pobre por factores que ele não controla. Na última década, a força do neoliberalismo veio tornar a pobreza uma coisa pela qual o pobre é culpabilizado. Houve uma evolução para pior: quase regressámos ao século XVIII, onde os pobres eram castigados.
Alfredo Bruto da Costa, Presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, coordenador do estudo "Um olhar sobre a pobreza", em entrevista ao Jornal Sol de 11 de Junho de 2010.
É o estereótipo de uma certa percepção que os não pobres têm de quem é pobre. Em 2007, tinhamos uma taxa de pobreza de 18%. Imaginemos que agora temos dois milhões de pobres. Se numa população de 10 milhões dois milhões são preguiçosos, isto não é um problema social, é um problema de saúde pública. É porque há por aí alguma malária qualquer que transforma dois milhões de portugueses em preguiçosos...As pessoas quando dizem estas coisas não dão conta disto. É natural que quem receba o Rendimento Social de Inserção só sinta uma verdadeira apetência para aceitar um emprego caso o salário seja superior ao que recebe sem trabalhar. Isto é uma regra geral da economia. Os empregos que são oferecidos têm de compensar e isto leva-nos ao problema do salário minímo que é muito baixo. Nos anos 90, havia uma certa ideia de que o pobre é pobre por factores que ele não controla. Na última década, a força do neoliberalismo veio tornar a pobreza uma coisa pela qual o pobre é culpabilizado. Houve uma evolução para pior: quase regressámos ao século XVIII, onde os pobres eram castigados.
Alfredo Bruto da Costa, Presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, coordenador do estudo "Um olhar sobre a pobreza", em entrevista ao Jornal Sol de 11 de Junho de 2010.
É,João,é muito fácil "trepar" em cima de quem está por baixo.
ResponderEliminarEsses Paulos Portas e não só, defensores de posições verdadeiramente xenófobas e mesmo fascizantes(eufemismo)falam de barriga cheia.
Na verdade,é de um atrevimento sem limites afirmar-se que os detentores do rendimento social de inserção ou dos miseráveis subsídios de desemprego não querem trabalhar... e que preferem ficar na cama ou no café a viver à custa dos contribuintes.
Enquanto portuguesa, até ver ainda com trabalho, (sou professora contratada há 12 anos... bom exemplo dado pelo Estado ao sector privado), sinto-me escandalizada e mesmo humilhada com este tipo de afirmações... que serve, de forma sublime, a campanha galopante que estes governos têm vindo a perpetrar contra os mais desfavorecidos.
E, Alfredo Bruto da Costa, Presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, tem vindo, desde há muito, a desmitificar esta análise perversa, apresentando números e dados comprovativos do aumento do fosso entre os muito poucos cada vez mais ricos e a maioria da população mundial cada vez mais pobre. Milhões de pessoa por este mundo fora vivem com menos de um euro por dia. Esta é que é a realidade. Uma realidade "doente" a que não podemos fechar os oalhos.
Para se perceber como, nesta selva neo-liberal, onde a hipocrisia campeia, os desfavorecidos são ostracizados e responsabilizados pela sua pobreza, aconselho a leitura do ensaio "Horror Económico" da autoria de Vivianne Forrester.
Como afirma a autora, aos desfavorecidos não basta terem nascido pobres e sem possibilidades de abandonarem esse charco de pobreza.
Os detentores do capital ainda os responsabilizam por esse berço de trapos gastos e rotos e, encostando-os o mais possível para fora do "asfalto", nem os querem ver.
MAS O MUNDO VAI MUDAR... E NÃO O AFIRMO POR UMA QUESTÃO DE FÉ, MAS POR UMA QUESTÃO DE ANÁLISE.