Planeta Terra, ano 2009. Era uma vez um país chamado Portugal. Três actos eleitorais num só ano. A imbecilidade política saiu à rua sob a forma de cartaz eleitoral. Zero de latitude e longitude em termos de ideias políticas. Máximo de latitude e longitude de vazio eleitoral. O marketing de venda de sabonetes matou a discussão política. Vejamos mais em pormenor:
Outdoor nº 1 - Não falamos, fazemos - Trata-se da negação da política em todo o seu esplendor. O PS Faro faz. Não fala. Esta é uma nova definição de democracia. Não se discutem projectos, não se trocam ideias, não se avaliam propostas, não se ouvem críticas. Em Faro, a democracia é para mudos. Porque não se calam e naquilo que é do vosso interesse nos deixam trabalhar? Este outdoor é a negação da política na sua infinita essência.
Outdoor nº 2 - O PS combate a crise. Os outros combatem o PS - O disparate político continua. Subjacente está a concepção de democracia de sentido único. O PS sabe o caminho. Aos outros resta-lhes a "maledicência", o "negativismo", o "bota abaixismo". A triste condição de "Velhos do Restelo". No mínimo uma estranha concepção de democracia.
Outdoor nº 3 - Não desista. Somos todos precisos - Aqui a política ganha contornos de psicologização política. Um bom manual de psicologia da motivação ajudava. Não se deixe ir abaixo. Não deprima. O PSD conta consigo. A política caiu no ridículo.
Outdoor nº 4 - Igual a si próprio - Talvez nem o próprio saiba muito bem o que é isso de ser igual a si próprio. Ninguém é igual a coisa nenhuma. Nem a si próprio. Todos dias vamos sendo coisas diferentes. Um slogan destes em política é o extremar da psicologização da política. Não há uma ideia sobre o que quer que seja. Vende-se o culto da personalidade. Nada de infantários, ambiente, emprego, desemprego, qualidade de vida. Igual a si próprio basta-se a si mesmo.
Outdoor nº 5 - Nós nunca baixamos os braços - O Benfica também não. E há anos que entrou em processo de sportinguização. Para o ano é que é.
Outdoor nº6 - Disponível, justo e transparente - Lava mais fresco. Fica-se por saber, disponível, justo e transparente para fazer o quê e como. Zero de ideias políticas. A democracia fica mais pobre.
Outdoor nº 7 - Juntos conseguimos - Trata-se de unir o que está pleno de retalhos. Sócrates já não faz política. Quer uma aliança com os portugueses. O jogo democratico já não se faz do debate, da troca e da discussão de ideias. Faz-se da venda de sabonetes e da operação ideológica de homogeneizar aquilo que é diverso e heterogéneo. Tentativa desesperadamente falhada. Sócrates quer uma aliança com os portugueses. Os portugueses já não querem saber de Sócrates. As meninas que no outdoor sorriem a Sócrates, embevecidas, reproduzindo o pior dos esteriótipos que inferioriza a feminilidade, não chegam para travar o que se adivinha.
Outdoor nº 8 - Quem ficou sem emprego não pode ficar sem apoio - Não é à toa que o bloco tem feito a diferença na política nacional. Uma frase. Nove palavras. Substância política.
Excelente post João! De facto no que toca a outddoors políticos, este ano tem sido verdadeiramente deprimente e de um total vazio de ideias políticas. Parece que definitivamente,o Marketing há muito que canibalizou a Política!
ResponderEliminarComo excepção nesta matéria também, uma referência para os "outdoors" que surgiram recentemente em Albufeira do candidato socialista David Martins, apresentando uma série de ideias concretas e tangíveis aos albufeirenses! Se a concorrência lhe "pegar" coloca-se a política a discutir de facto aquilo que verdadeiramente interessa: os problemas das pessoas e das futuras gerações!
Grande abraço e um óptimo FDS!
Ricardo Tomás
Olá Ricardo,
ResponderEliminarBom fim de semana!
Um grande abraço.
João
E do politico do post-it? Não há uma referência á leviendade de querer relançar loulé, numa utópica sensação de vazio politico e de ideias que já lá foram!
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