José Sócrates foi o último cidadão de Portugal a reconhecer a chegada da crise quando ela já devastava todo o território nacional. Depois de a reconhecer, passou a uma interpretação da mesma, no mínimo sui generis, alegando que a crise veio de "lá de fora", do estrangeiro, numa estratégia de vitimização desculpabilizadora, que arredava do espaço dos possíveis a participação do governo PS no processo de produção da crise nacional.
É pois "natural" que o mesmo Dom Quixote, que contra moinhos de vento, iria salvar todas as empresas da falência e só não salvaria as que não pudesse, venha agora, perante um crescimento da economia nacional de 0,3 % em relação ao trimestre anterior, revelar com um óptimismo desmesurado, só ao alcance de um Dom Quixote ou de um Sancho Pança, anunciar que Portugal é um dos primeiros países do planeta a sair da recessão económica.
Entretanto, ao lado da Alice no País das Maravilhas, o desemprego dispara, os desempregados sem direito a subsídio de desemprego aumentam exponencialmente, a pobreza inevitavelmente alastra e as desigualdades sociais aprofundam o fosso entre ricos e pobres.
Mas nem tudo é mau, dirá de imediato Dom Quixote de La Mancha. Por cada bébé que nascer, daqui para a frente, serão depositados na sua conta bancária, que estará ao seu dispor, daqui por 18 anos, preciosos duzentos euros. O futuro mora aqui. Contra marés, tempestades e moinhos de vento. E sem "maledicências".
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