Um artigo de André Freire
Incertezas para 2012
por ANDRÉ FREIRE (Politólogo, ISCTE-IUL)
As políticas de austeridade para 2012, em parte decorrentes do acordo com a troika, em parte decorrentes do radicalismo ideológico do Governo, bem como a ausência de uma política estruturada e consistente, e o crescimento e a competitividade (vista esta como exclusivamente dependente do abaixamento dos custos do trabalho, da precariedade e do aumento da jornada) não auguram nada de bom para 2012. Além disso, esta austeridade é profundamente assimétrica, o que tenderá a agravar as já elevadas desigualdades. É certo que teremos uma recessão, não se sabe é se será ainda mais cavada do que as estimativas preveem. Perante um cenário de eventual agravamento, o Governo irá continuar a apostar em mais austeridade (assimétrica)?
As boas notícias poderão vir (ou não) da política e da sociedade. Irão os portugueses e as forças sociais organizadas continuar a aceitar passivamente esta austeridade muito para além da troika e pondo sempre os credores à frente dos portugueses e dos compromissos eleitorais? Irão estas mesmas entidades continuar a aceitar passivamente as entorses à democracia, ao Estado de direito e à Constituição? Irá o PS continuar a aceitar esta governação "mais 'troikista' do que a troika", quando tinha dito aos eleitores que não acompanharia tais derivas radicais? Perante os perigos que pairam sobre a qualidade da democracia e o seu Estado social, irão as esquerdas continuar incapazes de estabelecer pontes entre si? Das respostas a estas questões dependerá a suavização (ou não) da austeridade e a travagem (ou não) da deterioração da qualidade da democracia portuguesa.
http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=2216068&seccao=Convidados
Incertezas para 2012
por ANDRÉ FREIRE (Politólogo, ISCTE-IUL)
As políticas de austeridade para 2012, em parte decorrentes do acordo com a troika, em parte decorrentes do radicalismo ideológico do Governo, bem como a ausência de uma política estruturada e consistente, e o crescimento e a competitividade (vista esta como exclusivamente dependente do abaixamento dos custos do trabalho, da precariedade e do aumento da jornada) não auguram nada de bom para 2012. Além disso, esta austeridade é profundamente assimétrica, o que tenderá a agravar as já elevadas desigualdades. É certo que teremos uma recessão, não se sabe é se será ainda mais cavada do que as estimativas preveem. Perante um cenário de eventual agravamento, o Governo irá continuar a apostar em mais austeridade (assimétrica)?
As boas notícias poderão vir (ou não) da política e da sociedade. Irão os portugueses e as forças sociais organizadas continuar a aceitar passivamente esta austeridade muito para além da troika e pondo sempre os credores à frente dos portugueses e dos compromissos eleitorais? Irão estas mesmas entidades continuar a aceitar passivamente as entorses à democracia, ao Estado de direito e à Constituição? Irá o PS continuar a aceitar esta governação "mais 'troikista' do que a troika", quando tinha dito aos eleitores que não acompanharia tais derivas radicais? Perante os perigos que pairam sobre a qualidade da democracia e o seu Estado social, irão as esquerdas continuar incapazes de estabelecer pontes entre si? Das respostas a estas questões dependerá a suavização (ou não) da austeridade e a travagem (ou não) da deterioração da qualidade da democracia portuguesa.
http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=2216068&seccao=Convidados
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