A minha Lista de blogues

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

O Big Brother chegou à cidade: Donde vêm os medos sociais?

Discute-se por todo o concelho de Loulé o "sentimento" de insegurança dos cidadãos.

Políticos e partidos, da esquerda à direita, jornalistas de todas as ideologias, e cidadãos em geral, mas em particular as classes médias bem instaladas ou em declínio social, agitam os fantasmas da insegurança.

A realidade essa é sempre mais complexa do que as impressões que circulam sobre ela.

E se fossemos um país, uma região e um concelho seguros e o que anda no ar é a mera percepção subjectiva da insegurança?

Deixo-vos com os resultados de um estudo internacional do Economist levado a cabo em 2007. Leiam e tirem as vossas conclusões:


Portugal: O 9º país mais seguro do mundo
31 Maio 2007 .


Só pode ser recebido com muita satisfação o estudo promovido pela “Economist Intelligence Unit” do prestigiado grupo que publica a revista britânica Economist, divulgado no dia 30 de Maio, simultaneamente em Washington, Londres e Sydney.

O estudo (intitulado Global Peace Index) coloca Portugal em nono lugar como país mais seguro do Mundo.O estudo analisou a situação em 121 países e confirmou o juízo que consta do nosso Relatório Anual de Segurança Interna(RASI): no contexto global, o índice da criminalidade em Portugal é baixo.

O RASI, debatido no passado dia 24 de Maio na Assembleia da República, assinala que, no contexto europeu da criminalidade participada, “Portugal continua a integrar o grupo de países europeus com os valores mais favoráveis”.

Recorda-se que no ano de 2006, se registou um total de 391.085 ocorrências criminais participadas às Forças e serviços de Segurança, mais +7.832 que no ano anterior. Cerca de 90% desse acréscimo de 2% deve-se ao maior número de ocorrências participadas por maus tratos entre cônjuges (+30%) e por condução sem habilitação legal (+20%), ambos os fenómenos reveladores dos resultados de uma maior proactividade policial e da eficácia dos incentivos à participação de ofensas que ao longo de muitos anos eram protegidas por espessos véus de silêncio, que estão agora a ser rasgados.

O Global Peace Index abrange um muito amplo universo de países observados e assinala que o total das ocorrências criminais participadas em Portugal , no quadro geral, é realmente bastante inexpressivo, referindo-se mesmo que as participações criminais registadas em território nacional em 2006 são “quase irrisórias”.

Também o Relatório Anual de Segurança Interna, refere que Portugal se situa “no grupo de países que apresenta riscos de crime significativamente abaixo da média europeia, que podem ser definidos como países de baixa criminalidade comum, no contexto da União Europeia, a saber: a Espanha, Hungria, França, Áustria e Grécia. E refere ainda que “no caso concreto de Portugal, a prevalência de vitimização – percentagem de pessoas que revelaram ter sido vítimas de um ou mais crimes – no conjunto dos dez crimes comuns, baixou, no período de 2000 a 2005, de 11,3 para 10,4. A média europeia, para os mesmos anos de referência, foi de 19,3 e de 14,9, respectivamente.

“ Assim – pode ler-se no RASI referente ao ano de 2006 - o nosso País, além de, na primeira metade desta década, apresentar uma tendência de ligeira descida no número de pessoas vitimizadas, continua a situar-se claramente abaixo da média europeia, sendo o terceiro país com o melhor desempenho, logo atrás da Hungria e da Espanha, num conjunto de 18 Estados-membros.

Um aspecto que interessa relevar, num momento em que uma entidade como o The Economist apresenta o nosso País perante a opinião pública internacional como o 9º País mais Seguro do Mundo, é a capacidade e a imagem positiva de que, muito justamente, gozam as nossas Forças e Serviços de Segurança.

No que concerne ao grau de satisfação dos cidadãos relativamente à Polícia, Portugal apresenta um desempenho muito favorável, surgindo numa posição acima da média europeia. O número de inquiridos com opinião positiva praticamente duplicou entre 2000 e 2005, passando de um total de 31% para 58 % de pessoas satisfeitas com a resposta da Polícia na sequência da sua participação criminal.

Por outro lado, e no que concerne à percentagem de pessoas que pensam que a Polícia está a desenvolver um bom trabalho no controlo do crime na sua área de residência, no ano de 2005 e em anos anteriores, em geral, todos os países do Sul da Europa se encontram abaixo da média europeia.

Portugal constitui de novo a excepção pela positiva.Regista-se uma tendência de evolução muito favorável nos últimos cinco anos, que nos permitiu atingir, em 2005, a média europeia. Assim, entre 2000 e 2005, a posição de Portugal melhorou em um terço, passando de 45% para 67% o universo de pessoas que pensam que a Polícia consegue controlar o crime na área onde vivem.

Outros valores analisados neste vasto estudo indicam uma evolução muito positiva do desempenho do nosso país em termos de vitimização, sentimento de insegurança e satisfação com a Polícia. Por exemplo, no que concerne à adopção, pelos particulares, de dispositivos técnicos de prevenção situacional, o nosso país regista uma evolução positiva, no período em análise, revelando uma crescente consciencialização dos cidadãos para a necessidade de adoptarem dispositivos e comportamentos que previnam o crime.

A classificação do Global Peace Index é construída a partir de uma tabela elaborada com base em 24 factores, entre os quais os níveis de violência, o crime organizado e as verbas que cada nação destina às forças que coloca ao serviço das missões de segurança.



O estudo salienta que os países estáveis de pequena dimensão e integrados em blocos regionais como a União Europeia estão entre os mais tranquilos. Os rendimentos dos cidadãos e o nível de educação são também factores determinantes na posição que cada país ocupa neste “ranking”, cuja elaboração contou com o apoio de personalidades como os prémios Nobel da Paz Dalai Lama, Desmond Tuto e Jimmy Carter.

Segundo esta tabela, a Noruega é o país mais pacífico do mundo. Completam o “top ten” Nova Zelândia, Dinamarca, Irlanda, Japão, Finlândia, Suécia, Canadá, Portugal e Áustria.
No fundo da lista está o Iraque, considerado o mais perigoso, ainda mais do que Sudão, Israel, Rússia, Nigéria, Colômbia, Paquistão, Líbano e Costa do Marfim.

Ranking do Global Peace Index
Rank Country Score

1 Norway 1.357
2 New Zealand 1.363
3 Denmark 1.377
4 Ireland 1.396
5 Japan 1.413
6 Finland 1.447
7 Sweden 1.478
8 Canada 1.481
9 Portugal 1.481
10 Austria 1.483
11 Belgium 1.498
12 Germany 1.523
13 Czech Republic 1.524
14 Switzerland 1.526
15 Slovenia 1.539
16 Chile 1.568
17 Slovakia 1.571
18 Hungary 1.575
19 Bhutan 1.611
20 Netherlands 1.620
21 Spain 1.633
22 Oman 1.641
23 Hong Kong 1.657
24 Uruguay 1.661
25 Australia 1.664
26 Romania 1.682
27 Poland 1.683
28 Estonia 1.684
29 Singapore 1.692
30 Qatar 1.702
31 Costa Rica 1.702
32 South Korea 1.719
33 Italy 1.724
34 France 1.729
35 Vietnam 1.729
36 Taiwan 1.731
37 Malaysia 1.744
38 United Arab Emirates 1.747
39 Tunisia 1.762
40 Ghana 1.765
41 Madagascar 1.766
42 Botswana 1.786
43 Lithuania 1.788
44 Greece 1.791
45 Panama 1.798
46 Kuwait 1.818
47 Latvia 1.848
48 Morocco 1.893
49 United Kingdom 1.898
50 Mozambique 1.909
51 Cyprus 1.915
52 Argentina 1.923
53 Zambia 1.930
54 Bulgaria 1.936
55 Paraguay 1.946
56 Gabon 1.952
57 Tanzania 1.966
58 Libya 1.967
59 Cuba 1.968
60 China 1.980
61 Kazakhstan 1.995
62 Bahrain 1.995
63 Jordan 1.997
64 Namibia 2.003
65 Senegal 2.017
66 Nicaragua 2.020
67 Croatia 2.030
68 Malawi 2.038
69 Bolivia 2.052
70 Peru 2.056
71 Equatorial Guinea 2.059
72 Moldova 2.059
73 Egypt 2.068
74 Dominican Republic 2.071
75 Bosnia and Herzegovina 2.089
76 Cameroon 2.093
77 Syria 2.106
78 Indonesia 2.111
79 Mexico 2.125
80 Ukraine 2.150
81 Jamaica 2.164
82 Macedonia 2.170
83 Brazil 2.173
84 Serbia 2.181
85 Cambodia 2.197
86 Bangladesh 2.219
87 Ecuador 2.219
88 Papua New Guinea 2.223
89 El Salvador 2.244
90 Saudi Arabia 2.246
91 Kenya 2.258
92 Turkey 2.272
93 Guatemala 2.285
94 Trinidad and Tobago 2.286
95 Yemen 2.309
96 United Statesof America 2.317
97 Iran 2.320
98 Honduras 2.390
99 South Africa 2.399
100 Philippines 2.428
101 Azerbaijao 2.448
102 Venezuela 2.453
103 Ethiopia 2.479
104 Uganda 2.489
105 Thailand 2.491
106 Zimbabwe 2.495
107 Algeria 2.503
108 Myanmar 2.524
109 India 2.530
110 Uzbekistan 2.542
111 Sri Lanka 2.575
112 Angola 2.587
113 Cote d’Ivoire 2.638
114 Lebanon 2.662
115 Pakistan 2.697
116 Colombia 2.770
117 Nigeria 2.898
118 Russia 2.903
119 Israel 3.033
120 Sudan 3.182
121 Iraq 3.437

Fonte: http://opiniao.mai-gov.info/2007/05/31/portugalo-9%c2%ba-pais-mais-seguro-do-mundo/

O que significa então a opção pelas Câmaras de Vigilância em discussão pelos políticos locais?

Insegurança, aproveitamento político da insegurança, controlo social das populações ou privação das liberdades?

Para reflectir...

2 comentários:

  1. Felicitações pelo tema escolhido. Ridículo se as Câmaras de Vigilância vingarem. Caminhamos cada vez mais para o tipo de sociedade que "George Orwell" descreve no seu livro 1984 (escrito em 1948). Estando Portugal colocado no 9° país mais seguro do mundo é um absurdo o "pânico" que existe. Muito por culpa de alguma comunicação social. Não é dessa forma que vai-se prevenir a criminalidade. A maneira mais eficaz é com educação e emprego. Os portugueses adoram viajar até ao Brasil. Penso que eles não imaginam a violência que aqui existe. A facilidade com que se mata. Diria mesmo o prazer que sentem em matar. E por nada ou quase nada. E a satisfação que alguns desses assassinos sentem quando estão a ser filmados. Mas também aqui isso é fruto da desigualdade social existente e da falta de educação e emprego. No Estado brasileiro em que eu vivo 75% da população é analfabeta. Obviamente que aqui existem Câmaras em muitos lugares. Mas mesmo assim Recife é a capital mais violenta do Brasil. As Câmaras de Vigilância representarão um retrocesso e nada acrescentarão de positivo.

    ResponderEliminar
  2. Olá Jorge. Bem vindo novamente.Concordo totalmente com a maneira como olha para esta questão.
    Abraço daqui do Algarve!

    ResponderEliminar