O esclarecimento do Concelho de Administração do Centro Hospitalar do Algarve em resposta à carta dos 183 médicos que denunciam a degradação dos serviços de saúde no Algarve é uma verdadeira pérola reveladora de uma certa prática de gestão instituída no Centro Hospitalar. Divide os médicos que assinaram a carta em "médicos bem-intencionados" e "médicos mal-intencionados", "médicos apoiantes dos socialistas" (estes os mal intencionados, subentende-se) e "não apoiantes dos socialistas"; ataca o porta-voz dos médicos que fazem a denúncia do estado lamentável para que caminha a saúde no Algarve "um líder local da oposição sem curso de medicina que se lhe reconheça"; avança com uma justificação burocrática e centralizadora para os problemas existentes não conseguindo negar que os mesmos aconteceram (chama-lhes "algum incómodo") e recusa a existência de cortes financeiros (que todos sabemos serem brutais!). Politiza partidariamente a carta e desvaloriza os factos gravíssimos denunciados (faltam medicamentos para doentes oncológicos?! frequentemente são adiadas cirurgias programadas por falta de material?!) e termina de forma épica esse mesmo esclarecimento: "O país não se pode permitir este tipo de práticas que destroem a nossa economia e que depois todos pagamos com cortes nos nossos salários de funcionários públicos". A única pergunta que me ocorre é esta: Como é que se pode ter confiança numa gestão que escreve estas coisas? Os médicos aguentam muito mais a trabalhar num clima organizacional deste tipo?
Consultar o esclarecimento do Conselho de Administração do Hospital aqui:
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