Excelente cobertura jornalistica do jornal Público deste Domingo sobre o crescimento da franja dos novos pobres em Portugal, em situação de mobilidade social descendente, deslocados no espaço social da posição das denominadas "classes médias" para a situação brusca de empobrecimento. Destaque na primeira página: "Há fome naquela casa": a classe média está a recorrer ao banco alimentar". Destaque no Editorial: "Pobres como nós, no cenário incerto da crise portuguesa. O surgimento de uma franja cada vez maior de novos pobres é sintoma de uma deterioração impensável há alguns anos". São auscultados alguns dos principais especialistas na temática da pobreza e das desigualdades em Portugal: Manuela Silva, Elísio Estanque, José Pereirinha. Dão testemunho alguns dos principais responsáveis de instituições de apoio à pobreza e relatam-se algumas das situações dramáticas que vivem as pessoas e suas familías no dia a dia da dura realidade: "Em casa até tenho uma televisão boa, mas não posso comer a televisão!"; "Há fome naquela casa"; "Ainda não consegui satisfazer o meu desejo de grávida: bacalhau"; "Para mim foi uma guerra isto de ter de pedir ajuda"; "As pessoas iriam dizer que me estou a aproveitar do sistema"; "Comemos muita sopa e, quando dá, sopa e uma bifana ou sande". Este é o Portugal da segunda década do Século XXI. Uma classe "média" fragilizada em acelerado processo de empobrecimento, a pobreza em geral com elevada probabilidade de rápido crescimento, um Estado Social em acelerado processo de retracção, um país com dificuldade em fazer futuro. Este é o lado oculto e não dito dos discursos dominantes dos profetas do austeritarismo. Parabéns ao jornal Público.
Ver aqui:
http://jornal.publico.pt/noticia/03-07-2011/em-casa-ate-tenho-uma-televisao-boa-mas-nao-posso-comer-a-televisao-22300172.htm
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