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domingo, janeiro 30, 2011

As Virtudes Das Políticas de Austeridade

Desengane-se quem pense que no meio da miséria produzida pelas politicas austeritárias à escala europeia não existem virtudes. E entre a maior das suas virtudes está o facto de elas tornarem bem visíveis aos dominados os mecanismos de produção da sua dominação. Hoje é cada vez mais claro que estas são políticas ditadas pelos banqueiros e impostas pelos políticos à maior parte da população mundial. As revoltas no Médio Oriente devem-se à conjugação de uma miséria extrema, desigualdades escandalosas e à tentativa de redução do último reduto de liberdade no sentido de ser reduzido a nada. No ocidente europeu é ainda a democracia e o funcionamento (débil) dos mecanismos democráticos que levanto como hipótese de ser aquilo que pode evitar a explosão generalizada. Fechem os políticos da austeridade a torneira da democracia e vão ver o Médio Oriente entrar-lhes pela casa a dentro. E desta vez não vai ser pela televisão.

5 comentários:

  1. Vítor Aleixo11:36 da tarde

    E não será precisamente a torneira da democracia,como lhe chama,o lugar onde os políticos da austeridade estão confortavelmente sentados ?
    Pense nisso!

    Vítor Aleixo

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  2. Caro Vitor Aleixo,

    Penso que a democracia será sempre parte da solução e nunca do problema (sei que está não é a sua interpretação). A questão das políticas de austeridade e do conforto confortável, penso que tem que ver com a fragilidade da própria democracia e mesmo com o facto dela estar a sofrer uma certa erosão perigosa hoje em dia. Eu diria que parte da solução passa precisamente por democratizar a democracia. Mas a melhor pessoa para falar disso será concerteza o prof. BBS.

    Abraços
    João Martins

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  3. Caro V.A.,

    Li o texto e é muito interessante. Dava uma muito boa discussão. Continuo a achar que a democracia não é parte do problema. Outra questão se me levantou com a leitura do texto: Se é a democracia a grande válvula de escape do capitalismo, como é que as ditaduras convivem tão bem com o dito sistema? Por último, a minha "deformação" sociológica leva sempre a encontrar problemas nos textos de filosofia social (reconhecendo todas as suas virtudes). Aquela coisa da anulação das subjectividades dos indivíduos ou a recuperação dos Aparelhos Ideológicos de Estado de Althusser, levantam-me uma data de problemas teórico-epistemológicos sobre a relação entre os indivíduos e as estruturas sociais. Isso era verdadeiramente uma boa discussão.

    Obrigado pelo texto!
    João Martins

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  4. Vítor Aleixo11:47 da tarde

    A minha abordagem ao autor releva da mera curiosidade intelectual.Gostaria de compreender melhor o lugar onde vivo, e nesta base muitas interrogações são permitidas.Até as mais desassombradas como a da equação:Democracia/Capitalismo.E com efeito não deixando de concordar consigo que a Democracia,com todos os seus institutos a funcionar - jornais, rádios, partidos, eleições,tribunais e outros - será sempre parte da solução e não o problema há que reconhecer que existe um crescente mal-estar crescente com ela.BSS teorizou o assunto e caracterizou-a como : " de baixa intensidade ", portanto não satisfaz ou cumpre mal o seu papel.E Alain Badiou - "De quoi Sarkozy est-il le nom ?" Paris, 2007 - indo mais longe vê nela um sério obstáculo para sairmos do pântano em que o capitalismo tardio nos mergulhou a todos nos últimos 20 anos.Supérfluo,mas reafirmo:sou democrata,valorizo a Democracia e,por isso mesmo,julgo que a defendemos melhor sempre que a pensamos.Pensemos pois !

    Um abraço

    Vítor Aleixo

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  5. Não tem nada de supérfluo a sua abordagem. Eu é que não consigo pensar a partir de fora do sistema. Penso mesmo que uma das questões por onde passa a melhoria da democracia ocidental é a da necessidade de elevação da sua "intensidade". E neste momento (sublinho o neste momento) também não vejo alternativa ao sistema capitalista (só se tivermos dispostos a abdicar dos telemóveis, dos automóveis, das TV cabos, das arcas congeladoras, etc). Penso que o que está em jogo é a necessidade de uma mais justa redestribuição da riqueza e uma urgente necessidade de se repensar as funções sociais do Estado e as políticas públicas no sentido de as colocar ao serviço da diminuição das desigualdades sociais. Quais são as funções sociais do Estado num contexto de ataque neoliberal ao Estado Social? Esse é o debate que é urgente fazer.

    Abraço
    João Martins

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