Thomas Mann e Franklin Roosevelt são dois dos homens que mais inspiram Rob Riemen, que esteve em Lisboa na semana passada a convite de Mário Soares para falar sobre o direito à resistência e para apresentar o seu último livro, “Eterno Retorno do Fascismo”. A chegada da fotojornalista ao lobby do Ritz acabou por dar o mote à conversa com o i.
A Patrícia foi uma das fotojornalistas em trabalho agredida pela polícia na greve geral de há um mês em Portugal.
Pela polícia?!
A Patrícia foi uma das fotojornalistas em trabalho agredida pela polícia na greve geral de há um mês em Portugal.
Pela polícia?!
Sim. O episódio parece remeter para o “Eterno Retorno do Fascismo”
Sim, falo disso neste livro. Estamos a lidar com o pânico da classe dominante, que se habitua ao poder para controlar a sociedade. Isso que me contas é um acto de pânico. E o interessante é que a classe dominante só entra em pânico quando perde a autoridade moral. Sem a autoridade moral, só lhe resta o poder que se transforma em violência.
O fascismo continua latente?
A minha geração cresceu convencida de que o que os nossos pais viveram nunca voltaria a acontecer na Europa. Quando vocês se livraram do fascismo nos anos 70, nos anos 90 devem ter pensado que não mais o viveriam. Mas uma geração depois, já estamos a assistir a uma espécie de regime fascista na Hungria, na Holanda o meu governo foi sequestrado pelos fascistas (...)
O livrinho que se lê num par de horas chama a atenção para o facto de o monstro crescer já à nossa frente e políticos e intelectuais continuarem em negação.Grave,muito grave.
ResponderEliminarPara Riemen é preciso nomear o problema,falar dele sem medo porque de outra forma : " Quem não aprende com a história está condenado a vê-la repetir-se" pág.13
O Fascismo para o autor cresceria da profunda crise civilizacional em que a actual "Sociedade de massas" mergulhou devido à perda de valores espirituais.
A solução - adivinha-se - estaria numa suposta regeneração das elites intelectuais pois foram elas que trairam e abandonaram o homem comum à sua sorte permitindo que a democracia capitalista o transformasse em "homem-massa",precisamente a matéria prima do fascismo.
O livrinho é interessante, recomenda-se e merece,sem sombra de dúvida, ser lido e estudado.Porém sou mais apologista das teorias historiográficas que colocam as crises económicas na raíz para a cabal compreensão de acontecimentos deste tipo.
Mas quanta pertinência e actualidade no ensaio deste holandês !
Empresto o livrinho a quem quiser lê-lo.Por uma semana.Já tenho uma reserva de um jovem interessado.
Vítor Aleixo
Caro Vitor Aleixo,
ResponderEliminarParece-me que maior dos perigos é que deixemos institucionalizar o que por enquanto são fortes indícios de tiques autoritários e fasciszantes. O "é a vida", ou o "temos que viver a nossa vidinha" parece-me ser a mais perigosa das aventuras humanas. Interessa, só, aos mesmos de sempre. Parece-me também que o sistema político institucional e os conservadores que controlam os media não compreenderam o significado simbólico da ausência das comemorações oficiais do 25 de Abril por parte da Associação 25 de Abril. Típico das tais elites dominantes que perderam a autoridade moral...enfim...
Abraços e um pedido de desculpa (estendidos aos leitores do blogue em geral) por alguns excessos de liguagem (a não confundir com excessos de "realidade").
João Martins