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sexta-feira, setembro 05, 2008

Da Paranóia Securitária

1. Um espectro paira sobre a nação: o espectro do securitarismo. Presidente da República e Procurador Geral, políticos de esquerda e direita, do centro e de lugar nenhum; jornalistas de "sargeta" e de "rigor", jornais, rádios e televisões; professores e administradores de bomba de gasolina, mulheres e homens de Portugal, jovens e idosos, "etnias" de todas as cores, todos sem excepção, estão de acordo sobre o seu senso comum eivado de bom senso. Existe uma "onda" de insegurança que alastra Portugal.

2. Uma "onda" ou uma "vaga", supõe-se que rebenta e se desfaz para não mais voltar. Voltará outra "vaga" ou outra "onda" sobre outras formas ondulares. Assim o queiram os media, peritos na criação de vagas e em ampliação de "ondas". Foi assim com o "arrastão", que afinal não o foi. Foi assim com a "vaga" de incêndios que varreram Portugal e que felizmente já se foram (?). Foi assim com a "onda" de violência nas escolas que felizmente hoje está em maré tranquila, eu diria mesmo que já não existe. Foi assim com a onda gigante que ia devorar as terras algarvias e que afinal não passou de um efeito de ilusão de óptica.

3. Já decidi! Não compro mais o Correio da Manhã e o jornal O Crime. Desde o início deste verão que só vejo a TVI. Depois passei também a ver a SIC e depois a RTP1 e é o que basta para andar assustado. De repente, mediaticamente, o crime ganhou foro de distinção. Vende bem, assusta as populações, faz mexer os políticos e até as leis são feitas por resposta imediata, qual reflexo pavloviano, à mediatização da coisa mediatizada. Nada como o bom senso político para reproduzir o senso comum mediático. De nada serve dizer que a criminalidade violenta aumentou em relação ao primeiro semestre do ano passado mas que o ano passado foi o melhor dos últimos seis anos. Não vale, não vale de nada, as categorias de percepção das mentes assustadas e das mentes que pretendem vender sustos só ouvem aquilo que o seu cérebro lhes permite ouvir. As estatísticas, dizem logo, valem o que valem, e o que verdadeiramente conta são os tiros que a TVI mostra à hora do jantar, de preferência certeiros na cabeça dos ladrões, que é isso que agrada os espectadores "inseguros".

4. Pois eu estou preocupado com outro tipo de inseguranças. E essas não passam muito nos telejornais, nem sequer no jornal do parlamento; e paradoxalmente até podem nem dar muitos votos hoje em dia. Estou preocupado com a insegurança no emprego. Tenho medo dos despedimentos em massa feitos arbitrariamente pelas multinacionais. Estou preocupado com o desemprego estrutural sem solução à vista, com a precarização do trabalho em forma massificada , com a manutenção de velhas formas de pobreza e a invenção social de novas formas de pobreza. Estou preocupado, deixa-me inquieto, inseguro diria mesmo, com o facto de sermos o segundo país com mais desigualdade na Europa. Isto deixa-me cada vez mais inseguro. Quem sabe um dia vem aí uma "onda" de insegurança em relação à geral precarização do trabalho e ao medo que crescentemente se vive hoje em dia no interior das empresas e organizações. Assim os media o queiram.

5. Tenho também medo desta paranóia securitária. Não vejo ninguém "inseguro" com a criação de um superpolícia na dependência de Sócrates, nem vejo ninguém "inseguro" com a "chipagem" da sociedade agora em forma de matrícula, um dia mais tarde em forma sabe-se lá de quê.
No fundo, no fundo, aquilo que me mete mais "medo" e me deixa verdadeiramente "inseguro" é tanta segurança à minha volta nos discursos de senso comum sobre a "insegurança". Isso é que verdadeiramente me deixa preocupado...

Bom fim de semana.

12 comentários:

  1. O que tu estás a precisar é de ser assaltado por um cigano ou por um preto encapuçado para mudares logo o discurso. Tás...tás...

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  2. Então cabeçudo, vens aqui para dizer que não comentas, porquê? O que está escrito no comentário anterior é alguma mentira? ofende?..ou foi só pelo comentador chamar os nomes aos bois que ficaste bloqueado. Estes que andam muito preocupados com os chips deviam ver as suas casas assaltadas, os filhos roubados e chantageados na escola pelos mesmos de sempre. Se for branco é ladrão igual mas não é isso que se tem visto ou tem?

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  3. Amigo anónimo das 11h08m:

    Para não fazeres ofensas
    E teres dias felizes,
    Não digas tudo o que pensas,
    Mas pensa tudo o que dizes.

    Será sempre bem vindo a este humilde espaço, sobretudo, se prevalecer a boa educação e o espírito democrático da troca de ideias.
    Bom fim de semana.
    João Martins

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  4. Tás como medo?...tás?... Boa educação não me falta e espirito democrático também. Fui ler o teu poste outra vez e descobri que uma democracia como desejas ainda existe no mundo e podes pensar em mudar-te de malas para lá - prá Coreia do Norte. Lá não há chipes para pôr nas matriculas das bicicletas, emprego há com fartura, a liberdade é como musica para os ouvidos e a ladroagem ainda não se tornou num ramo de negócio. Fazes-me lembrar os tipos do BE que agora dizem que o governo deve tomar medidas de segurança quando são os mesmos que há uns anos andaram a afixar cartazes a defender o desarmamento dos policias. Um dia que estes gajos mandem em portugal estamos todos lixados. Há prá aí uns meses já tinha sugerido que adoptasses uns ciganos ou os pusesses a morar contigo para saberes como o ambiente social e familiar é dos mais tranquilos. Quando tratam as mulheres deles abaixo de cão está tudo dito. Espero que aceites este meu comentário e não o apagues. Gosto de debater ideias que são muito contrárias ao mundo imaginário que idealizas. cumprimentos.

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  5. Comentário aceite. Fica o registo para a história dos comentários bloguistas da cidade. Cumprimentos.
    João Martins

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  6. O João Martins ainda responde a este senhor? Já agora aconselhava o SR: das 5:05 a ler o post superior, pode ser que aprenda algo, a não ser, que o dito cujo goste de viver numa ditadura democrática, (no quero mando e posso) ou, se calhar, faz parte dela. Cumprimentos.

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  7. o autor deste blog é algum "português novo" ?
    estava a lembrar-me dos "cristãos novos",minoria étnica que D.Manuel mandou expulsar do paìs porque apenas prejudicavam a nossa sociedade, na qual recusavam de se integrar!
    Hoje em dia passa-se o mesmo com ciganos e pretos, que são minorias que recusam de se integrar e que apenas prejudicam a nossa sociedade, por isso perguntei se o autor deste blog, não será algum cigano ( ou preto ) disfarçado de português ?

    e tenha coragem sim, para responder, porque para apagar a minha opinião não precisa

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  8. Muito gostaria de te confortar João... mas entre a Política Mediátice e a Real Politique só encontro, como tu, ligações no tempo e na acção!
    O sistema capitalista, caquético e definhante em que vivemos tende a tornar iguais realidades bem diferentes, ou os políticos que temos preferem as medidas globais áquelas que se impõem da análise da situação local.
    Sinto dúvidas sobre se é possivel, sem quebrar vínculos a tratados e alianças, criarmos uma nova estrutura de Mercado Nacional e um novo tipo de Organização do Estado baseada no Terrritório e nos seu Recursos. Pois isto, que pareceria óbvio, me surge impossibilitado pela gestão à escala global...
    Divagação para dizer que também a sociologia tem que encaram esta vida difusa de "momentos artificiais" comandados pelo Capital que se instalou nos Média e que serve interesses da Economia Global retirando à Política o direito da Decisão Primeira e fazendo do Indivíduo o comprador da própria morte, quando de visão perdido.

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  9. Óh anónimo das 6:29 AM:
    Quem te julgas tu para vires aqui dizer ao JM que não deveria responder-me? que m*rda de democrata és tu? Isto não é um blog aberto às opiniões diferentes ou queres que todos comam na mesma manjedoura que tu? És tão democrata que até aqui me cheira. Não faltei ao respeito ao JM e exprimi a minha opinião. cumprimentos

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  10. Caro João Martins. Depois de ter lido todos os comentários com muita atenção, noto que se passeiam por aqui, mui bons nobres democratas, nomeadamente o das 4:07 PM. Tem muito boas opiniões, excelente democrata, isento,tolerante, e muito educado. Já agora faça-me o favor de não o censurar para não perder-mos um contribuinte muito importante para a sociedade. Quanto ao post em causa, subscrevo todas as suas preocupações. Cumprimentos.

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  11. Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

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