O insucesso escolar é promovido, em muitas escolas, pela escolha dos alunos com base na origem social, aumentando as desigualdades sociais.
Esta é uma das conclusões de um estudo realizado por dois investigadores do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (CIES/ISCTE) sobre desigualdades na educação, apresentado ontem na comissão parlamentar de Educação.
Pedro Abrantes, um dos investigadores, visitou durante um ano cinco escolas de Lisboa (duas privadas), com 2.º e 3.º ciclos. “Apesar de próximas, têm ambientes muito distintos, o que se deve ao público diferenciado”.
Numa das escolas verificou a existência de turmas onde “se concentram alunos de meios mais favorecidos e outras só com alunos mais desfavorecidos e marginais”.
O trabalho comprova que há diferenças entre as turmas da manhã e da tarde. “É um mecanismo discriminatório para esses alunos, pois não se dá uma hipótese quando já têm dificuldade, e também para os professores, pois quem decide os horários é um grupo restrito, que decide ficar com as melhores turmas”.
Nas escolas analisadas os resultados escolares são bastante diferentes. “As famílias querem os filhos nas escolas com melhores alunos e essas acabam por ter mais candidatos do que vagas, o que permite seleccionar os estudantes.”
O outro investigador do CIES, João Sebastião, assinalou ser “rara a escola que não tem uma turma de elite” e deu como exemplo o estabelecimento frequentado pelo filho: “De manhã estão os meninos brancos, sem problemas, que vêm do jardim-de-infância; os outros foram para a tarde”.
Na opinião do sociólogo, seria “bom” repensar a oferta do pré-escolar nas cidades, pois as carências nesta área causam desigualdade “logo no início da escolaridade”.
Fonte: Correio da Manhã de 31/01/2008
Nós por cá em Loulé, já percebemos a importância da uma oferta do pré-escolar que não agrave as desigualdades sociais?
Bom carnaval para todos
A rede escolar pública favorece a inclusão. Esta inclusão tem vantagens na socialização e promova a tolerância e atenua as diferenças, mas acarreta o ónus do abaixamento do ritmo escolar e relativização dos resultados académicos.
ResponderEliminarHá conflitos actuais nos estabelecimentos públicos que comprometem a democracia do seu funcionamento e gestão. Esses conflitos são originados pelas diferença na aceitação das regras disciplinares e de cumprimentos das tarefas escolares. Como resposta, cada vez mais docentes gostariam de ver adoptadas as "turmas de nível", forma de segregação segundo o ritmo das aprendizagens.
Devemos preferir a inclusão e a diversidade que prepara os alunos para a vida social em alternativa à soma de saberes meramente egoista e competitiva. O primeiro dos paradigmas é o que tem caracterizado o sistema público e deve continuar assim a menos que venham a existir turmas das quais todos os professores queiram fugir, e alunos também!
Amigo Almeida...este é um assunto que tenho estudado com alguma profundidade...Existem estudos de caso que demonstram que as turmas de composição social mista, onde estão integrados alunos de classe social superior e média e alunos de origem social desfavorecida...isso é favorável aos resultados escolares dos alunos mais desfavorecidos e não prejudica os resultados escolares dos alunos de origem mais favorecida. São estudos localizados e os resultados não são passíveis de generalização...mas não deixam de ser sugestivos quanto aos cuidados a ter na constituição das turmas pelos professores. São os tais mecanismos "invisíveis" que só um olhar mais "atento" permite evitar.
ResponderEliminarPara que não restem dúvidas, sou um claro defensor da escola pública.
Abraço