Ainda sobre a suspeita de agentes provocadores infiltrados à paisana ao serviço das políticas do governo com o objectivo de descredibilizar a manifestação de 24 de Novembro, subvertendo dessa forma as regras do Estado de Direito democrático vale a pena sublinhar algumas coisinhas.
Em primeiro lugar, o magnífico facto dos agentes infiltrados ao serviço da provocação pidesca terem sido magnificamente denunciados pelos manifestantes que se comportam, estes sim, como guardiões dos valores basilares da democracia. Numa sociedade com uma certa obsessão do registo do momento é quase impossível não ser fotografado em acto. Este é um sinal interessante dos tempos que correm.
Em cada manifestante há quase sempre uma máquina fotográfica, um vídeo ou um telemóvel. Em jeito de brincadeira, poderia dizer que se em muitos dos eventos sociais de massas se sai para a rua para se ver e ser visto, nas manifestações políticas de massas, para além do objectivo propriamente político de quem se manifesta também se sai para fotografar e ser fotografado. Não há agente "infiltrado" que resista a um movimento deste tipo. A sua acção tem uma elevada probabilidade de acabar por ir parar na blogosfera.
Em segundo lugar o extraordinário poder que têm hoje a blogosfera e as redes sociais. Aquilo que começou por ser uma denúncia nas redes sociais, já saltou para a imprensa (não poucas vezes obrigada a agarrar no acontecimento), já obrigou a declarações da direcção da PSP e quem sabe não acaba com demissões nas altas esferas do Estado. Bem pode Pacheco Pereira desvalorizar estes acontecimentos "menores" que eles já estão a ganhar a dimensão de problema de Estado.
Em terceiro lugar, e o mais importante, estes factos não podem ficar sem averiguação pelas autoridades competentes uma vez que são extraordinariamente graves num Estado que se diz de Direito democrático e a confirmarem-se os factos devem levar à demissão do Director dos polícias provocadores dos polícias e à demissão do senhor Ministro da Administração Interna. Na próxima manifestação já tenho uma nova palavra de ordem: "Eu não sou um agente infiltrado à paisana".
Foto: João Martins
Ver mais aqui: http://5dias.net/
Sem comentários:
Enviar um comentário